Locutor Profissional aos 14 anos

Locutor Profissional aos 14 anos

Título: Uma grande honra servir ao Jornalismo

Já que o Linkedin proporciona esse espaço para escrever, vou revelar uma parte da minha vida que tenho muito orgulho. O início na carreira, com apenas 11 anos de idade. Sou natural de Duartina, pequena cidade na região de Bauru, distante 350 quilometros da capital paulista. A partir dos 9 anos comecei a imitar locutores de rádio e apresentadores de TV, aliás, naquela época, gostava muito de assistir o telejornalismo da TV Tupi, isso foi no início da década de 70. Aos 11 anos, de tanto ficar lendo notícias pela casa, minha mãe foi até um sistema de som que havia na minha cidade (com caixas de som espalhadas pela principal avenida e também numa praça pública) e me apresentou ao dono do local. Havia um estúdio como se fosse de rádio e tive a primeira oportunidade de falar ao microfone. Quem diria, aquele garoto falando para a cidade, que orgulho para a minha mãe. Na escola onde estudava, no Benedito Gebara, meus colegas de classe me zoavam, tiravam o sarro e achavam aquilo um absurdo. Nunca me importei. Alguns anos depois minha irmã mais velha se casou e foi morar em Marília e meu cunhado resolveu me levar até a cidade para um passeio e, para minha surpresa, ele residia ao lado da Rádio Dirceu de Marília, uma potencia local e regional naquela época. Numa segunda-feira meu cunhado me levou na rádio e disse ao diretor que o meu sonho era ser locutor de rádio. Qual foi minha surpresa ao ouvir do diretor que poderia fazer um teste já no dia seguinte. E lá fui eu, todo nervoso, entrando dentro de um estúdio de verdade para o meu primeiro teste na profissão. Os comerciais eram gravados em discos de acetato e a voz gravada no antigo "gravador de rolo". O técnico que fez a gravação, o Paulinho Ataíde, gostou e disse que eu seria contratado. Fui chamado até a Diretoria e recebido pelo dono da emissora, o empresário José Nelson de Carvalho, também dono de um Jornal, o Diário de Marília, e de várias emissoras de rádio no interior paulista. Imagina isso, minha primeira oportunidade como locutor em uma emissora de verdade. Voltei para Duartina e dei a notícia aos meus pais, foi um dia triste pois deixaria minha casa muito novo, havia acabado de completar 14 anos. A despedida foi na estação ferroviária e retornei de trem (antiga Paulista) para Marília. Fui escalado para ser repórter no principal noticiário da rádio, o Rotativa no Ar, com início ao meio-dia e com apresentação de José Luiz Menegatti. Fazia o plantão policial e todo tipo de reportagem, carregando nas mãos o antigo gravador com fita cassete. Quanta honra. Logo depois fui escalado para apresentar um programa diário, às onze da noite, o Marvel - A Dona da Noite. A emissora tinha um transmissor potente e o sinal chegava na cidade dos meus pais e eles me ouviam todas as noites. Recém chegado na emissora e adolescente, cruzava pelos corredores com feras do rádio local, entre eles o Menegatti, que pouco tempo depois foi trabalhar na Jovem Pan, também trabalhei poucos meses com o Osmar Santos que se transferiu para São Paulo, lembro ainda do Raul, outro excelente locutor que foi para a Rádio Record. Alí perto da rádio havia o bar do japonês e o pessoal se encontrava todas as noites com os colegas. E eu, um garoto, estava ao lado desses profissionais do radio mariliense. Posso citar o Osvaldo Maciel, Dirceu Maravilha e outros colegas que conheci como o Paulo Santos, Galdino de Almeida, Wilson Matos, Anderson Ricardo, o discotecário Nemésio e o Tio Bagunça, tradicional locutor sertanejo das manhãs. Que escola. Já aos 16 anos, ainda na Rádio Dirceu, comecei a fazer flashes por telefone, ao vivo, para o Sistema Globo de Rádio e participar toda quarta-feira, também ao vivo, do programa As Mais Mais de Ney Costa, na rádio Bandeirantes. Acabei sendo convidado para fazer um teste nessa rádio e lá fui eu pra São Paulo. Chegando na Bandeirantes, entrei em um dos corredores e não encontrei a pessoa que havia feito o convite. Quando me apresentei, fui questionado: qual sua idade? Eu respondi 16 anos. Era um diretor de jornalismo e ficou muito bravo. Disse que eu não teria sido convidado se tivesse dito a idade antes. Mas, acabou gravando comigo, basicamente noticiário. Foi quando tive o prazer de conhecer o Hélio Ribeiro, uma das melhores vozes do rádio brasileiro. Disseram que se eu tivesse 18 anos seria contratado naquele mesmo dia. Um discotecário da emissora acompanhou o meu teste e disse que me levaria para gravar em outros lugares e lá fui eu fazer testes nas Rádios Capital,América e Difusora que tinha o slogan "A onda musical da cidade", aliás, onde tive o prazer de conhecer outro grande nome do rádio, o Darcio Arruda. Que dia foi aquele. Retornei para Marília realizado e cheio de esperança. Posso afirmar que fiz grandes amigos na profissão. Pra resumir minha carreira no rádio, depois me mudei para Bauru onde trabalhei nas Rádios Auri-Verde, Terra Branca, Clube e FM 96, e cito aqui alguns nomes que me acolheram, entre eles Edemur Geraldo, José Fernandes do Amaral, Silvio Carlos Simonetti, Paulo Sérgio, Tobias Ferreira, Mário Moraes, Pedro Norberto, Arnaldo Duran, Gilberto Barros, Irineu Toledo, Cesar Matheus, Edgar Martins, João Bidú e tantos outros que agradeço e peço desculpas em não citar aqui. Meus últimos trabalhos no rádio foram na Rádio Educativa Unesp FM e no Sistema Globo de Rádio, em São Paulo, onde tive a honra de apresentar "O Globo no Ar " na Rádio Globo e ser locutor na CBN, ao lado de âncoras como Chico Pinheiro, Heródoto Barbeiro e Maria Lídia. A partir daí, minha carreira como jornalista mudou de endereço e fui para a TV, onde trabalhei por 11 anos na TV Bauru (ainda Globo, depois virou afiliada), depois por 6 anos na RBSTV, como coordenador de jornalismo no Canal Rural em São Paulo, e por último, até julho de 2016, por 9 anos, na TV Record, como gerente de jornalismo. Agora em julho de 2017 completa 1 ano que deixei a Record e estou aqui, refletindo em tudo que vivi e como foi minha contribuição ao jornalismo do rádio e da TV. Depois dos 50 anos você é esquecido, parece que toda sua experiência perde valor, não significa nada para quem contribuiu por pouco mais de 30 anos com o jornalismo. Mas, deixo aqui meu agradecimento a todos, sem exceção. E para representar toda essa turma um carinho especial ao querido irmão e amigo José Luiz Menegatti, que confiou no meu trabalho e infelizmente nos deixou aos 59 anos de idade. Vida que segue, à espera de uma nova oportunidade nesse meio que a gente não consegue ficar longe. Ou, se tiver que ser assim daqui pra frente, vou ter na memória o trabalho realizado, as grandes coberturas, os talentos que revelei, e o aprendizado que um dia recebi e pude passar adiante.

Obrigado a todos. E a esse da foto, José Luiz Menegatti pela escola e amizade.

Alucimar Feitosa

Assistente Técnico - Encarregado de Instrumentação e Elétrica

7 a

Excelente caro Marcos Delfino.

Ventura Castro

Líder Sênior de Desenvolvimento em Multiplataforma

7 a

Muito bom, excelente Marcos Delfino, gostei muito da sua história, conte mais um pouco das suas experiências, pois ficarão gravadas para que os jovens profissionais, tenham um roteiro a seguir, dentro da ética, da moral, da alegria e da honra de trabalhar para servir cada vez melhor. Naquela época, trabalhávamos até voluntariamente, pra crescer junto dos grandes ídolos. Um forte abraço e muito sucesso pra você, Obrigado por compartilhar conosco essa história realmente interessante. Um grande abraço. (ventura)

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