Luiza Helena Trajano tinha razão?
"Quando é que você vai vender suas lojas [Magazine Luiza] pra Amazon?"
Foi com essas palavras e com essa "delicadeza" que o apresentador do Manhatan Connection, Diogo Mainardi, discutia com a presidente da Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, a situação da economia brasileira em 2013. O acalorado debate entre Diogo e Luiza continuou quando a convidada rebateu com números e estatísticas o pessimismo do apresentador em relação a economia brasileira e especificamente o mercado varejista.
Conciso em sua crítica, Diogo prossegui: "Eu não vejo caminho para o varejista em uma situação que vai haver crise, se a crise não existe ainda... haverá". Se Diogo foi rígido em suas críticas, Luiza também respondeu à altura. "Tem algumas informações que eu gostaria de ter passar por e-mail depois..." e completou dizendo que a inadimplência estava totalmente sob controle, havia no país um déficit habitacional brasileiro e ainda existia um grande mercado a ser explorado pelas companhias de varejo, tendo em vista a ausência de itens básicos nos lares brasileiros como televisão e máquina de lavar roupas, por exemplo. Fato é que debate continuou em torno das fontes de dados e o clima ficou tenso ali.
Mas passado 1 ano e meio do MMA Mainardi x Trajano, e após o episódio ter ganho as redes sociais com inúmeras críticas sobre a agressividade de Diogo, a pergunta é? Quem estava certo?
De fato, Luiza Trajano tinha razão parcial em relação ao cenário daquele período, os números mostravam que a inadimplência teve uma queda de 1,9% no ano de 2013 em relação ao ano anterior, o governo continuava aumentando a quantidade de recursos destinados a créditos pessoais, como o programa Minha Casa Minha Vida e que ausência de itens básicos existia (como sempre existiu), mas esqueceu de mencionar o que estava ocorrendo por trás desses indicadores.
Um dos pilares das medidas adotadas no modelo econômico do governo Dilma foi a expansão do crédito, o que gerou um aumento no consumo da população, sendo o setor de varejo um dos setores que foi mais beneficiado. Esse período de crescimento artificial gerou um sentimento de que a economia se mostrava forte e sustentável, mas como podemos ler nos noticiários atuais isso está longe de ser verdade.
Hoje, o governo lida com retração da economia, inflação acumulada de 8% muito acima do TETO da meta, aumento do desemprego para 6,4% no mês de abril (maior nível desde 2011) e aumento da inadimplência para 12,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Trajano disse que Mainardi era alguém pessimista que via o copo meio vazio.
Sobre a pergunta de quem estava certo, prefiro não responder e deixo a cargo do leitor.
Texto original publicado em:
E2E Senior Supply Manager @ GSK | MBA, Pharmaceuticals
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