Valores de Mãe – Um Novo Filme Velho
A nova campanha da Educação Adventista, assinada pela Agência Arpejo, traz um discurso leve sobre os reais valores do ensino e a participação da mãe na construção dos pilares de uma criança em uma singela homenagem.
Poderíamos chamar de essa narrativa de storytelling, mas confesso que não gosto de neologismo, pois, na maioria dos casos, essas terminologias aplicadas à publicidade são apenas nomes requentados de coisas que já existem e que há muito tempo são praticadas. O que realmente parece, é que o neologismo na propaganda serve como muleta para ideias fracas ou para as que não conseguem se manter sozinhas e precisam de um apoio de um termo americanizado para conseguir aceitação.
A propaganda sempre contou histórias bonitas referenciado marcas. Assim foi com a campanha O Primeiro Sutiã, criada pela W/GGK para a Valisère em 1987, com direção de criação de W. Olivetto, até chegarmos nos dias recentes com a campanha do Boticário Colo de Mãe, criada pela AlmappBBDO, com direção de criação de Luiz Sanches. Temos uma evolução na linguagem e nos formatos, mas permanece a essência da propaganda: histórias bem contadas.
Esses exemplos reforçam o que eu acredito na propaganda: qualquer tecnologia, nova plataforma ou meio, não passam de commodities que, em pouco tempo, são banalizadas pelo mercado, vide Inbound Marketing, que em alguns anos atrás era visto como a grande revolução do marketing de performance, hoje é utilizada para qualquer objetivo, às vezes sem a devida expertise para a execução. Mas esse é o panorama que vemos atualmente: anunciantes que, mesmo não tendo a noção para que serve o inbound, contratam uma agência para isso, gerando uma poluição de anúncios, conteúdos e consequentemente leads irrelevantes que não geram resultados e só inflacionam um mercado precificado por nós mesmos.
Inbound Marketing funciona? Claro, mas o segredo não está no funil de vendas, nos processos de atração ou blog com iscas, o segredo está no fator humano, que tem a capacidade de desenvolver estratégias criativas e analisar com afinco os canais de conversão, mas, desculpe-me, isso não foi invenção do marketing de performance, muito menos do inbound. David Ogilvy já analisava as taxas de aceitação e conversão dos seus anúncios há mais de 50 anos através de campanhas de cupons. Ou seja, mais um exemplo que o segredo não está na tecnologia ou terminologia, está na profundidade e criatividade.
O filme “Valores de Mãe” não é uma produção a altura das campanhas acima referenciadas, como a do boticário, sei me colocar no meu lugar, mas me deixa com extremo orgulho saber que é possível produzir aqui no interiorzão filmes com boas ideias, ótima fotografia, casting de primeira e com uma verba que provavelmente não representa 10% das verbas praticadas na capital. Isso é fazer mais com menos.
Esse filme demostra que, independente da estratégia de veiculação - baseada nas infinitas possibilidades que a mídia online nos fornece, como mídia programática e remarketing - grupos segmentados para teste AB, continuam com as mesmas premissas defendidas por Altino Barros, um dos percursores das técnicas de mídia da publicidade no Brasil.
O filme, independente de ser ou não um storytelling, storydoing, ou storyanything, continua sendo uma bela história que referencia um tema ligado a educação e conecta diretamente o serviço da marca patrocinadora, Educação Adventista.
O filme “Valores de Mãe” é uma demonstração que propaganda é isso aí: boas histórias veiculadas no lugar certo, na hora certa, no menor custo possível, que agregam valor a marca e constroem personalidade para a mesma. É o que o pessoal chama de branding.