Mídias sociais – O falso mundo viciante da nova geração.

Mídias sociais – O falso mundo viciante da nova geração.

Quando falamos de mídias sociais, ou redes sociais, devemos tomar muito cuidado com um dos males de nosso tempo, a hipocrisia. Ser hipócrita significa, basicamente, fazer aquilo que você diz que não faz, mas, pensando de maneira clara, todos nós fazemos isso, mesmo que não admitindo. Isso não é de todo errado, afinal somos todos humanos, mudamos e adaptamos nossas ideias constantemente, porém quando isso se torna maior, ou até mesmo incontrolável, temos uma hipocrisia.

Mas afinal, o que tem a ver a hipocrisia, ou o cuidado que devemos ter com ela, ao falar de redes sociais? Ora, apenas aqueles que não tem uma conta no facebook, instagram, youtube etc. podem se dizer “livres” das mídias sociais, e o número de pessoas que não possuem vínculo com nenhuma rede, está quase extinto. As mídias sociais são quase que parte essencial da vida de jovens, adultos e até idosos, sim, a população mais jovem é mais conectada e adepta de tais mídias, porém não são a única geração a se entregar ao mundo digital. Podemos dizer, que todos nós estamos conectados, seja lendo esse pequeno texto via mídia digital, ou ao acordar e querer imediatamente olhar o face e instagram, por isso devemos tomar cuidado com a hipocrisia ao falar, ou julgar os adeptos da vida digital.

Pensemos aqui, se algo que é altamente presente na nossa vida, de maneira direta ou indireta, de forma a sermos vistos como “estranhos” caso não tenhamos essa vida digital, significa que tais redes são maléficas e criadas para nos fazer escravos de suas propagandas e postagens? Sim e não, como toda tecnologia, as mídias sociais tem seu valor positivo, a forma de postagem rápida, a capacidade de criação de conteúdo, a velocidade em se conectar com grupos de pessoas, com empresas e processos de aprendizado, são extremamente valiosos, as vendas, as propagandas, os cursos técnicos e até a procura por emprego tem sua principal fonte de procura as mídias sociais.

Porém, as redes sociais trazem consigo algo perigoso, e que mexe com questões conscientes e inconscientes do ser humano, vamos aqui tratar de duas questões, ego e autoimagem. São perigosas por mexer, de forma proposital, com essas questões. As mídias sociais intrigam, viciam e criam uma “falsa sociedade”

De ego, aqui tratando de uma perspectiva psicanalítica, vamos dizer que é o “ser” da pessoa, aquilo que a pessoa transmite de si ao mundo externo, então seria boa parte de sua personalidade. As mídias sociais interferem no ego, através da criação de uma “cultura da felicidade”, ao entrarmos no instagram, vemos diversas fotos, de amigos, familiares e personalidades que escolhemos ver, de forma que essas pessoas postam aquilo que são para agradar aos seus seguidores e muitas vezes não a si próprio, por isso o feed do instagram é uma verdadeira tela de fotos belas, com pessoas tentando mostrar aquilo que tem de melhor, seja por meio de fotos constantes, que são extremamente editadas, ou até mesmo por fotos de seus pratos de comida, paisagem de viagens e tudo aquilo que pode mostrar que ela também está ingressa nesse mundo digital. Isso é o que cria uma “cultura da felicidade”, onde ao ver essas fotos, você quase que imediatamente se sente obrigado a postar algo, para que se sinta pertencente a esse mundo, isso de forma inconsciente gera uma disputa, onde a cada foto, você conta o número de Likes e comentários, e a cada vez que esse número aumenta a sensação falsa e momentânea de felicidade é ativada, e por essa sensação ser extremamente rápida, o número de fotos publicadas vai aumentando a cada dia.

Tratando de autoimagem, as redes sociais trabalham com aquilo que tem de melhor, fazer com você se sinta aceito, instigando suas ações de acordo com aquilo que você escolhe, criando assim um mundo imaginário e falso. Não por acaso, em grande parte do dia, nos vemos mexendo no facebook, de forma automática, esse mundo é só seu, você escolhe quem seguir, quais notícias ver, quais memes dar risada, quais personalidades cultivar, e na hora que você quiser. Isso é completamente o oposto da vida real, assim a cada vez que nos frustramos, que estamos entediados ou qualquer outra sensação desagradável, corremos ao nosso mundo particular, seguro e engraçado. Nossa autoimagem é então lapidada, nos tornamos compradores impulsivos para termos aquilo que a maioria tem, precisamos estar sempre em forma física, para que nos aprovem fisicamente, necessitamos postar!

Isso, de forma atual, cria uma sociedade frágil, sem condições de suportar decepções, desagrados e frustações, a vida real, da forma que é fora das telas, precisa ser vivida e isso torna-se doloroso. Estudos mostram que o vício em redes sociais tem relação direta com o aumento de ansiedade e depressão na população jovem, a saúde mental sofre uma pandemia invisível.

Claro que nisso, não podemos generalizar, tais situações envolvendo redes sociais existem, porém as redes sócias, usadas de maneira controlada e não deixando nunca de viver a vida real, mesmo que essa não seja fácil, pode ser útil e uma boa fonte de entretenimento, porém não mais que isso. Não é nada saudável viver em um mundo, onde é preciso ser visto para viver.

Esta é a opinião de um futuro psicólogo


Pedro Parente 

Fernanda Souza

Psicóloga Clínica | Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

3 a

Lendo o seu artigo, me fez lembrar de um workshop que eu participei a um tempo atrás, era sobre autoestima, a psicóloga mencionou que é importante fazermos um "follow positivo" que seria seguir pessoas que nos faz bem, conteúdo que nos faz bem... desde então parei de seguir as blogueirinhas e agora a maior parte das pessoas que eu sigo são relacionados a conteúdos que eu gosto, que é psicologia e filosofia. Não estou querendo dizer que é só pra seguir conteúdos acadêmicos ou algo do tipo, mas é bom se distanciar daquilo que faz mal. Desde então me sinto bem melhor 😊 Enfim, amei o seu artigo. Você foi muito assertivo em suas palavras!

Tamires Satyro

Psicóloga Infantil - Especialista em Neuropsicologia

3 a

Ótima observação. As redes sociais, estão desenvolvendo padrões de perfeição, muitas pessoas idealizam uma vida, um relacionamento, um corpo perfeito e ao não alcançarem essas projeções, transformam suas idealizações e frustrações e doenças psiquicas. 

Simone doretto

Assistente administrativo na Fernando C.Maluf oncolgy Group

3 a

Muito bom, a rede social tem sim nos ajudado muito, mas temos que ser cautelosos.

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