Como nos relacionamos com as redes sociais
Tenho o costume de começar o dia lendo jornais e me atualizando sobre o que aconteceu no mundo enquanto eu dormia. Hoje pela manhã, uma matéria do Estadão me chamou a atenção. Ela dizia que nós brasileiros dedicamos em média quase quatro horas do nosso dia às redes sociais, só “perdendo” para filipinos e colombianos.
Apesar de saber que o Brasil despontava em número de usuários nas principais redes sociais, eu realmente não fazia ideia de quanto tempo de nossas vidas nós brasileiros investíamos nas redes sociais. Com a pandemia e o isolamento social, vimos grande parte da nossa vida se virtualizar e o que já parecia um uso excessivo das redes sociais parece ter se intensificado ainda mais, o que é preocupante.
Adianto que não faço essa reflexão pensando nas notícias e histórias e nem nos vídeos ou memes graciosos que recebemos diariamente. Afinal, também é importante dedicar um tempo a se informar, aprender, se conectar, se emocionar ou simplesmente descomprimir, permitindo-se desfrutar do prazer de dar boas risadas. A reflexão que proponho é sobre o uso realmente excessivo das redes sociais e ao custo disso nas nossas vidas.
Diante o “apagão das redes” dias atrás, vi pessoas experimentando o alívio da desconexão, enquanto outras, angustiadas, insistiam em buscar uma outra rede que estivesse no ar. E o que essas diferentes condutas poderiam significar? Elas podem ser um indício do tipo de relação que cada um de nós tem mantido com as redes sociais. Cabe aqui a gente se perguntar a serviço de que estão as redes sociais para nós hoje. Afinal, que função elas ocupam na nossa vida?
Há pessoas que dedicam seu tempo às redes sociais como estratégia de trabalho ou como e-commerce. Outros para quem o uso delas se relaciona com uma necessidade insaciável de busca de informações, o tal medo de "ficar por fora" do que está acontecendo (Fear Of Missing Out - FOMO). Há também aqueles para quem as redes sociais servem como meio para se desligar do estresse cotidiano e ainda outros para quem o número de visualizações e likes se tornam medida para o seu próprio valor como pessoas.
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E para você, qual é a função das redes sociais na sua vida hoje?
Essa pergunta é importante sobretudo quando a busca pelos likes, pelas informações que podem estar “acalmando” o nosso FOMO ou mesmo pelo alívio que encontramos na desconexão do estresse diário, se tornam frequentes. Na medida em que repetimos esses comportamentos que são recompensadores para nós, “ensinamos” ao nosso cérebro uma nova “rota de prazer”. Um prazer que com o passar do tempo o nosso cérebro se acostuma e vai pedindo cada dia mais para obter o mesmo efeito de bem-estar. A reflexão que proponho, portanto, é sobre a dependência das redes sociais.
A ideia desta reflexão não é condenar as redes sociais. Como tudo na vida elas também podem ser usadas de uma forma muito positiva. Na verdade, eu poderia estar falando aqui de outros comportamentos que podem ser usados como “recompensa” como comer, comprar, fazer exercícios, jogar, estudar ou até mesmo trabalhar de forma excessiva.
Daí porque ser tão importante nos perguntarmos a serviço de que estão não só as redes sociais, mas também outros comportamentos que estejam sendo muito frequentes em nossas vidas. E se estiverem entrando nesse lugar de “recompensa”, convém avaliar até que ponto esses comportamentos não estão sendo nocivos em nossa vida, nos afastando daquilo que mais valorizamos.