Mídias tradicionais, novas mídias, todas as mídias.
Eu escutei pela primeira vez o termo novas mídias no ano de 2007, ou seja, há dez anos. Confesso que estava um pouco desinformada para uma recém-graduada em Comunicação e, por isso, procurei um curso para me atualizar. Melhor seria dizer, para me modernizar. Já se falava sobre Televisão Digital no Brasil, mas esse ainda era um tema desconhecido para a maioria dos profissionais da área.
Quando eu comecei a trabalhar em uma empresa de televisão, ainda faziam a brincadeira de pedir para buscar uma "caixa de color bar" com os recém-contratados ou estagiários. Vejam só que maldade! Os desavisados podiam passar o dia procurando a tal caixa. Para quem não sabe, as barras de cor são um sinal de vídeo utilizado como referência no ajuste de equipamentos de transmissão. Ora essa, coisas da antiga Televisão Analógica. Antiga?!
Imagina que a primeira transmissão oficial em cores, em rede nacional, na televisão brasileira aconteceu na Festa da Uva, na cidade de Caxias, no Rio Grande do Sul, em 10 de fevereiro de 1972. Portanto, nós brasileiros convivemos com a Televisão Analógica, em cores, por mais de 35 anos. Quando comparada à primeira transmissão de televisão em cores mundial, realizada em Londres, no ano de 1928, nós tivemos um "pequeno" delay - tempo de atraso de um sinal - afinal ainda não vivíamos em uma época sob os reflexos da globalização.
Logo em uma das primeiras aulas de um curso de pós-graduação, aprendi que os principais atributos da Televisão Digital eram imagens sem interferências, som e imagem de alta qualidade, múltiplos canais e ângulos de visualização, fácil acesso à legendas, portabilidade e mobilidade, Electronic Program Guide (EPG), acesso à internet, interatividade, elevado número de canais, novos conteúdos, Video On Demand e, finalmente, gravação e procura de programas. UGA, diria um dos professores do curso!
"Muitos recursos e avanços tecnológicos, eu pensei". Eram anos de crescimento da banda larga móvel na América Latina, sendo que o uso dos aparelhos inteligentes (smartphones) e dos laptops seriam os ingredientes-chave para a convergência, ou seja, para a integração tecnológica das redes fixa e móvel. Ainda se falava de como as redes de terceira geração (3G) iriam ajudar os indivíduos a se conectar.
O cenário já era bem complexo no que se referia às novas mídias, porque, em 2004, Mark Zuckerberg fundou o Facebook. Um ano depois, em 2005, surgiu o YouTube a plataforma que revolucionou o consumo e o compartilhamento de vídeos na internet. O Twitter foi lançado em julho de 2006. No Brasil, nós passávamos por um significativo aumento no consumo da TV Paga que, de forma pioneira, começava a se aventurar no ambiente on demand.
O Spotity foi lançado em 2008. Em 2010, foram criados o Instagram e o Pinterest, mesmo ano em que a Netflix esboçou sua vontade em ser um distribuidor e criador de conteúdo audiovisual original e que eu terminei o meu curso de pós-graduação. No ano seguinte, em 2011, o Snapchat começou sua trajetória até ser adotado como a ferramenta dos Millennials em função da sua característica “Just in time”.
Corta para 2017!
A televisão ainda é o meio de maior penetração no Brasil. As preferências dos telespectadores são os noticiários, os filmes e as novelas, sendo superior a 4h o tempo médio de consumo diário de TV. Em relação à publicidade, mais de 60% dos brasileiros consideram que as propagandas de TV são interessantes e proporcionam assuntos para conversar. O investimento em publicidade na TV aberta ainda é superior a 50% do total de recursos do setor para meios de comunicação.
O Brasil passa por uma democratização do acesso à internet proporcionando um crescimento do consumo da rede entre a população. Umas das principais características desse consumo é o uso de múltiplas formas de acesso, sendo as principais atividades dos internautas brasileiros a troca de mensagens instantâneas, o uso de redes sociais e o envio de e-mails.
A internet impactou a mídia tradicional de forma tão significativa que abalou os modelos de negócio e a própria propaganda. Com o avanço da tecnologia, as mídias estão diante de diversos desafios relacionados, principalmente, à produção de conteúdo multiplataformas em suas estratégias de comunicação.
A principal mudança ocorreu na interação com a audiência. Um conteúdo precisa ser compartilhado nas redes sociais, buscado no site e, de preferência, recomendado por meio dos comentários. Através da tecnologia, os indivíduos se expressam e colaboram entre si. Por isso, estamos na era da participação em que as pessoas criam e consomem ideias.
As marcas também entenderam a necessidade de estabelecer uma conexão com os consumidores para entrar em suas vidas de forma consistente. Gerar expectativas, emoções e percepções levam à construção da reputação da marca. Tudo que é produzido serve para projetar os seus valores. Os fãs da marca, por sua vez, criam os seus próprios conteúdos sobre ela disseminando nas redes os memes, os gifs, os vídeos e seus comentários.
Hoje, nós falamos sobre binge-watching, catch up, streaming, advertisement, transaction, subscription, download-to-own, download-to-rent, spin-off. Surgiram novas plataformas de Video On Demand como HBO GO, Globosat Play, Globo Play, R7 Play, O2 Play. A Amazon lançou uma versão mensal de serviço streaming com o objetivo de competir com a Netflix. Assistimos ao fenômeno dos Youtubers, aos “trending topics”, "trending search topics" e o tempo médio de consumo da rede já ultrapassa 3h em um dia típico.
Para onde caminhamos?
Seguimos para a convergência das mídias em que é preciso analisar os pontos fortes e fracos de cada uma delas em uma estratégia de narração transmídia. Ou seja, a produção de conteúdo deve considerar que o mesmo seguirá jornadas complementares em cada meio de comunicação. Essa jornada dependerá também da significação que a audiência dará ao conteúdo. E a tênue barreira, que ainda persiste entre o on e off-line, será definitivamente extinta.
Experiência em liderar equipes multifuncionais e diversas /Excelência no atendimento ao cliente. Perfil generalista com vivência em organização de documentos/ usuário líder em implantação de novas tecnologias.
7 aMuito legal o texto, Carol! Parabéns!