UM PONTO SOBRE DIVERSIDADE E EQUIDADE DE TODOS
No último dia 28 de agosto fomos contemplados com um debate entre Jair Bolsonaro e Renata Vasconcelos (apresentadora do Jornal Nacional), sobre a desigualdade entre homens e mulheres no quesito salário.
Conversando com diversas pessoas de “gestão de pessoas” e People Analytics posso afirmar que este assunto está em alta. Achei interessante ambas as opiniões, Renata Vasconcelos e Jair Bolsonaro, e gostaria de dialogar com vocês meus amigos.
Vamos começar do início.
ASSUNTOS EM ALTA sobre liderança e metas nas organizações (Não estão em ordem de prioridade):
1) Mulheres na liderança de companhias;
2) Etnia e liderança (negros, pardos, orientais e outros);
3) Comunidade LGBT na liderança e diversidade;
4) Quantidade de aprendizes;
5) Quantidade de pessoas com alguma deficiência (PCD) – inclusão.
Todos esses assuntos estão em alta e serão tendência para o futuro próximo. Inclusive, para alguns casos, pesquisas já apontam que a produtividade das empresas aumenta quanto mais diversa e engajada ela seja. Ressalto, no entanto, a importância da maturidade da empresa e o aumento da diversidade como uma balança importante.
Agora, por qual razão coloquei aqueles 5 itens? Pois, seja a pessoa de determinada etnia ou com algum tipo de deficiência, temos que propiciá-la, caso elegível e talentosa, a poder subir as escadas dos grades¹ mais altos.
Talvez a resposta pudesse ser: Ora, não importa o sexo, a etnia, o gênero, o nível de conhecimento e tipos de deficiência, o que vale é que temos de propiciar a todas as pessoas, indistintamente, caso elegíveis e talentosas, a possibilidade de subir as escadas dos grades¹ mais altos.
¹ - Grade: são os numerinhos que retratam a maior ou menor complexidade das funções ou cadeiras²;
(*) perceba que não falei de um indivíduo ainda.
² - Cadeira: é aquilo que um business partner ou profissional de RH descreve como função, complexidade e o salário disponível para a contratação de determinada pessoa.
Ou seja, desenvolvimento de pessoas e ambiente propício para a ascensão na carreira são dois dos aspectos mais importantes nas organizações de hoje, e, também grande desafio.
SALÁRIOS
Entrando no assunto do debate televisivo e já destrinchado as informações, pergunto: Como são estipulados os valores de salários? Você já pensou sobre isso?
“Simples”. Existem algumas consultorias que ajudam grandes empresas a estipular a complexidade de cadeiras as quais serão disputadas por diversos candidatos. Essas cadeiras aumentam de complexidade dependendo do nível hierárquico, equipe gerida, investimento disponível para a área responsável, necessidade de negociações nacionais e internacionais, quantidade de idiomas necessários, interações com órgãos públicos, salubridade e muitas outras categorias. Definindo o escopo da “cadeira” teremos, consequentemente, o perfil do candidato e seu respectivo salário.
Mas devo salientar que, caso em uma mesma cadeira de mesma complexidade, com mesmo tempo de casa (número de reajustes de salários iguais), duas pessoas recebam salários diferentes, isso deve ser um ponto de atenção na companhia. Entretanto, vejo que hoje a disparidade de salário diminuiu, justamente com o desenvolvimento de novas metodologias, consultorias cada vez mais maduras e a própria sociedade.
Sob meu ponto de vista os esforços deveriam focar muito mais no desenvolvimento da carreira de mulheres, LGBT’s, negros, pardos, aprendizes em situação de vulnerabilidade ou PCD’s, por exemplo. Esse é o grande desafio das companhias: como propiciar um ambiente meritocrático, atrativo, de amplo desenvolvimento, plano de carreira e desenvolvimento individual?
ENTÃO...
As empresas já estão mais transparentes e com a digitalização será cada vez mais fácil resolver as análises da massa de dados para o desenvolvimento de colaboradores. Vejo isso no meu dia-a-dia trabalhando em People Analytics do grupo, e como as interações com as áreas responsáveis em discussões de metas para esses assuntos: quantidade de mulheres na liderança, quantidade de PCD, aprendizes e etnia; junto dos nossos executivos C-level indexando-as ao seu bônus performance.
Porém, cada um dos pontos que ressaltei como “Assuntos em alta”, têm um histórico dentro da estrutura cultural de uma nação. Neste caso, falando sobre o Brasil, devo ressaltar os seguintes indicadores como exemplo:
1- INVESTIMENTO: De acordo com o Banco Mundial o Brasil, em 2016, investiu 80% do que a França em educação. Ainda, vindo da mesma fonte, investimos cerca de 11,0% do que o EUA. Ou seja, no Brasil temos um investimento per capita em educação de 481,6 dólares, na França de 1.851,6 USD e nos Estados Unidos da América do Norte de 2.806,3 USD.
Conclusão: Na média o Brasil investe em educação, per capita, cerca de 26,0% do que a França e os EUA.
2- TRABALHO: A porcentagem de mulheres com educação intermediária, ainda de acordo com o Banco Mundial, 2016, demonstra que na comparação de gênero temos cerca de +20% de homens empregados do que mulheres; nosso vizinho, o Chile, possui a taxa de +8,4% e na França apenas 2,4%.
3- PIB: O Brasil chegou a investir cerca de 5,95% do PIB em educação em 2014. No mesmo ano, a Argentina chegou a 5,36% e os EUA 4,99%.
Caso um elegível à presidência do Brasil diga que as reformas propostas estão em linha com o desenvolvimento de talentos para o mercado de trabalho, cuidado. O que eu vejo é que existe ainda uma disparidade alta entre o desenvolvimento e recrutamento de diferentes gêneros devido a um baixo investimento histórico na educação brasileira. As mulheres entraram, infelizmente, tardiamente no mercado de trabalho e hoje é sim necessário incluí-las e dar oportunidade com táticas de seleção e recrutamento assim como desenvolvimento de forma mais arrojada. Além disso, na minha opinião, temos que pensar sobre a licença maternidade, a flexibilidade que devem ter após seu retorno, assim como, a certeza de uma carreira tão promissora quanto a de qualquer outra pessoa dentro da mesma organização uma vez mães e profissionais (ao mesmo tempo). A taxa de retenção de “mamães” na Natura chegou a 70%, eles possuem uma creche dentro de sua organização além de um apoio incomum com outros auxílios e boas práticas. Importante destacar que essas ações são de livre e espontânea vontade da empresa em realizar. Na questão da inserção dos negros é mais um caso para o qual deveríamos ter mais sensibilidade e o mesmo foco assim como para os demais “ASSUNTOS EM ALTA” destacados acima.
O grande problema, nosso PIB, nossa grande Fábrica Federativa, está dentro do padrão global de investimento em educação considerando sua frequência, por volta dos 5%. Porém, com a baixa oferta agregada e anos de desaquecimento na economia, esse investimento per capita permanece ínfimo. Não estou sequer entrando no quesito do “teto de gastos ou investimento em saúde e educação”. Dessa forma, caso nosso presidenciável não discorra sobre o assunto com uma estratégia de médio e longo prazo para o desenvolvimento da educação, lamento, mas não serão salários iguais que formarão grandes líderes, frutos da diversidade de hoje.
Acredito que é extremamente importante ressaltar ainda que a inclusão de pessoas na nossa massa de assalariados, pessoas diversas, aumentará a demanda por infinitos produtos. Esse movimento fará girar mais uma parte da economia, ou seja, você meu amigo economista, logo verá o C da fórmula do PIB crescendo. O consumo que há tanto tempo esteve longe de nossos jornais e tímido nos gráficos.
A inclusão sob regras iguais, amplo desenvolvimento estrutural da educação como foco para 2019 no Brasil respeitando a todos e todas de forma igual.
Thales TJC
CEO @ Dash Criativa | GSC Curator | ProLíder'24 | WSA Youth Ambassador
8 mThales, valeu por compartilhar .. 🙂
Regional Sales Manager - South America at JLG Industries
6 aMuito boa leitura. Temos que dialogar mais sobre o tema. Grande abraço
Executivo de Negócios | Executivo de Vendas | Executivo de Contas | Key Account | Real Estate | Expansão
6 aE o grande reclama que o pequeno não tem instrução e esquece de praticar inclusão social.