Mandetta: Desgaste de Imagem

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O vírus Covid-19 trouxe consigo um forte poder de questionar linhas de pensamento nesse momento de crise. Qual a utilidade de haver um agente público que subestima estudos científicos e orientações de saúde mundial sendo o contraponto no debate para a superação de uma doença pouco conhecida e sem cura até então? Este debate convergiu pra dois hemisférios principais: manter o isolamento social e evitar o contágio, já que o sistema de saúde não comporta os milhões de habitantes do país adoecendo em curto espaço de tempo ou voltar a normalidade e deixar que o vírus infecte a população até que a maioria adquira a imunidade e isso seja lidado como uma gripe sazonal. O primeiro hemisfério, liderado pelo presidente da república, encontrou um antagonista a sua altura e que tem autoridade pra dirigir e dar voz ao pensamento coletivo: o ministro Henrique Mandetta. Até então, foram poucos os líderes que obtiveram tamanho apoio popular a ponto de estar acima da autoridade do presidente e este feito tem gerado consequências. Os ataques e enfraquecimento da imagem do ministro começaram a tomar forma, seja tanto por notícias falsas na mídia quanto pelo próprio presidente atenuando a autoridade dos discursos do ministro da saúde com a conduta de dizer que ele está "exagerando", "o poder subiu à cabeça". No início da semana houve um forte clima para a demissão do ministro Mandetta. Os fatos estão aí na mídia, todos estão sabendo. Esta ideia de enfraquecimento de sua autoridade reflete bem a estratégia do governo que mostra preocupação fora do normal com a questão política da crise. Afinal, qual a real pretensão naqueles que estão fazendo de tudo para enfraquecer a imagem de uma autoridade com competência na condução dessa grave crise mundial? Apenas dizer que o ministro é um técnico e deve se limitar ao seu papel é um discurso raso e muito frágil, visto que este tem encontrado caminhos de liderança competentes aprovados pela população, classe da medicina e tantas outras desde o início do agravamento no final de Fevereiro de 2020.

Os ataques do governo às autoridades de saúde foram considerados como um grande empecilho na rotina dos profissionais da saúde, este sinalizado pelo ministro. O tempo gasto para reverter direções equivocadas do governo poderia estar sendo direcionado inteiramente na preparação do enfrentamento do vírus, mas este tema está virando rotina na investida diária do governo em enfraquecer o direcionamento do Ministério da Saúde. Ainda temos muito a investir e melhorar no sistema de saúde até chegarmos ao ponto de afirmar que o sistema suportará a carga de pessoas procurando atendimento. Faltam milhões em equipamentos como máscaras, respiradores, roupas de proteção, leitos de UTI, profissionais para atendimento e infra-estrutura. Muito precisa ser feito. Para se ter uma ideia, calcula-se que São Paulo reduziu a mobilidade da população para 54% com a quarentena, segundo o secretário da saúde David Uip. Entretanto este número ainda não é o suficiente face a quantidade de disponibilidade nos hospitais. A meta é de que 70% da população de São Paulo esteja contida em casa para evitar o colapso no sistema de saúde.

Vejamos quais serão os próximos episódios deste embate entre o presidente e seu próprio ministro. Mandetta afirma que sua demissão não é uma questão de "se" mas de "quando".


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