Só sei que nada sei!

Só sei que nada sei!

Ouvindo hoje a entrevista do Ministro de Saúde venho instintivamente à minha cabeça a conhecida frase atribuída ao famoso filósofo grego Sócrates.

“A gente sabe muito pouco da doença” falou o Ministro e com toda razão acrescentou “o poder de decisão de forma sólida é pequeno”. Falou ainda de fazer escolhas frágeis “por que você não sabe exatamente o que está tratando”. E finalmente sentenciou “A informação sobre a doença é crítica”.

Verdades inquestionáveis!

Mas algo parece obvio nesse mar de incertezas conjunturais: a ambiguidade do Ministro sobre as medidas de distanciamento social.

Ao final, como combater um inimigo desconhecido? Devemos ignora-lo e retomar a nossa rotina ou nos recolher até encontrar a melhor evidência sobre como vence-lo?

Desenvolver algoritmos para regionalizar as decisões é uma medida acertada. Não é muito difícil nem complicado conhecer as características dos habitantes, o número de leitos, quantidade de profissionais disponíveis ou equipamentos para saúde e outros dados objetivos numa determinada área ou região. Mesmo assim, o comportamento biológico do vírus parece ser imprevisível, principalmente quando inexiste a possibilidade de fazer testes em amostras populacionais representativas. Por outro lado, todo modelo matemático, por mais inteligente e eficiente que pareça precisa ser previamente validado.

Então, qual é o preço que estamos dispostos a pagar para conhecer mais sobre a doença? As tragédias da Lombardia, Madri, Nova Iorque ou Guayaquil – aqui mais próximo e com realidade similar a muitas cidades Brasileiras - não parecem ser muito sensibilizadoras e pela fala do Ministro considerar 2% da população Brasileira como infectados é absolutamente aceitável.

Desde a frieza da perspectiva estatística, um dígito parece mesmo ser um número pequeno em comparação ao resto. Mas se esse número pequeno é suficiente para destruir a capacidade operacional do sistema de saúde não adianta pensar nos 98% restantes com todo tipo de doenças habituais já que o sistema de saúde colapsado não terá respostas para eles.

Ou seja, pensar nos 2% significa proteger os 98 restantes!

Por outra parte, a perspectiva individual de uma mãe em Manaus que perdeu um filho por causa do Covid-19 sempre será 100%.

E quando esse 2% se transformar em 20%, 50%, 70%......?

Quando me perguntam se eu sou a favor ou em contra do distanciamento social eu respondo que sou a favor de não ficar doente. E nesse sentido parece ser mais lógico que se eu ficar em casa a chance de adoecer será menor.

Certo, mas se todos ficarem em casa, o país para e isso não pode ser sustentado indefinidamente argumentam com razão aqueles que reclamam das medidas de distanciamento social. Estou quase certo que este grupo é bem menor em cidades como Manaus ou Fortaleza.

De qualquer forma, não está claro se há verdadeiramente incapacidade do estado em temporariamente sustentar aqueles - organizações e/ou indivíduos - enquanto o distanciamento social resulta necessário ou falta mesmo vontade naqueles que receberam a missão de conduzir a Nação para assumir essa responsabilidade.

Quando no meio da pandemia ouvimos um General apresentar um plano de reconstrução da economia para os próximos 10 anos fico inclinado em pensar que a segunda hipótese pode ser mais certa.

Também vale a pena comparar a conduta dos políticos e cidadãos da nossa vizinha Argentina perante a pandemia. Claro que existem muitas diferenças entre cá e lá, mas entre todas essas uma é evidente de mais: lá existe um governo progressista e cá temos um (pseudo) liberal!

De qualquer forma o pior que podemos fazer nesta conjuntura é transformar um debate sanitário e técnico numa disputa ideológica visto que sabidamente o vírus não respeita sexo, raça, religião nem ideologia.

Tenho certeza que o Ministro da saúde e muitos dos seus auxiliares e vizinhos no planalto central já leram a Arte da Guerra de Sun Tsu que entre outras coisas escreveu:

“.........a vitória conquistada penosa e custosamente sempre acompanha um gosto amargo de derrota, mesmo para os próprios vencedores. Daí tiramos uma grande lição: a primeira batalha que devemos travar é contra nós mesmos.......

Informação é crucial. Nunca vá para a batalha sem saber o que pode estar contra você.......... Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo lutará cem batalhas sem perder; para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou derrota serão iguais; aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio será derrotado em todas as batalhas......”

Gusto de saber de vos!! Es así. Son conductas que se van alargando en el tiempo y eso autorizarán muchas acciones posteriores de parte del estado. Abrazo grande!!!!’

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