Maniçoba; as planta Manihot pseudoglaziovii e a Manihot esculenta; produzem o prato maniçoba típico do Norte e Nordeste do Brasil
Maniçoba (Manihot pseudoglaziovii Pax & Hoffman) como alternativa para suplementação alimentar para os animais no semiarido do Nordeste brasileiro.
A maniçoba e uma planta bastante conhecida na região semi-árida do Nordeste, principalmente pela contribuição que ja teve a economia da região, com a produção de latex.
Entretanto, algumas variedades dessa cultura tem grande potencial para suplementação alimentar dos animais, que passam por dificuldades nos períodos de seca, em razão da escassez de alimentos.
Os resultados de algumas pesquisas desenvolvidas com a maniçoba demonstraram a possibilidade de utilização desta planta como forrageira.
Estudos demonstram que a maniçoba e conhecida por produtores rurais, embora sejam poucos os que conhecem sua utilização como forrageira para suplementação alimentar dos animais.
Manihot esculenta
Manihot esculenta, comumente chamado de mandioca (/ kəˈsɑːvə /), mandioca, mandioca, macaxeira, mandioca, kappa kizhangu e aipim, é um arbusto lenhoso nativo da América do Sul da família dos spurge, Euphorbiaceae.
Embora seja uma planta perene, a mandioca é extensivamente cultivada como uma colheita anual em regiões tropicais e subtropicais por sua raiz tuberosa amiláceo comestível, uma das principais fontes de carboidratos.
Embora seja frequentemente chamado de yuca na América espanhola e nos Estados Unidos, não está relacionado à mandioca, um arbusto da família Asparagaceae.
A mandioca é consumida predominantemente na forma fervida, mas quantidades substanciais são usadas para extrair o amido de mandioca, chamado tapioca, que é usado para alimentos, ração animal e fins industriais.
A farinha brasileira, e o garri relacionado da África Ocidental, é uma farinha grossa comestível obtida ralando raízes de mandioca, pressionando a umidade da polpa ralada obtida e, finalmente, secando-a (e assando no caso da farinha).
A mandioca é a terceira maior fonte de carboidratos alimentares nos trópicos, depois do arroz e do milho.
A mandioca é um dos principais alimentos básicos do mundo em desenvolvimento, fornecendo uma dieta básica para mais de meio bilhão de pessoas.
É uma das culturas mais tolerantes à seca, capaz de crescer em solos marginais.
A Nigéria é o maior produtor mundial de mandioca, enquanto a Tailândia é o maior exportador de amido de mandioca.
A mandioca é classificada como doce ou amarga.
Como outras raízes e tubérculos, as variedades amarga e doce de mandioca contêm fatores antinutricionais e toxinas, e as variedades amargas contêm quantidades muito maiores.
Ele deve ser preparado adequadamente antes do consumo, pois a preparação inadequada da mandioca pode deixar cianeto residual suficiente para causar intoxicação aguda por cianeto, bócio e até ataxia, paralisia parcial ou morte.
As variedades mais tóxicas de mandioca são um recurso alternativo (uma cultura de segurança alimentar) em tempos de fome ou insegurança alimentar em alguns lugares.
Os agricultores costumam preferir as variedades amargas porque impedem pragas, animais e ladrões.
Maniçoba; prato nacional
A Maniçoba é um prato de origem indígena, típico da culinária brasileira.
Também chamada Feijoada Paraense, por conter praticamente os mesmos ingredientes da Feijoada à brasileira e por ser originário do Pará, tem como principal ingrediente a maniçoba, a folha moída da mandioca.
Em seu preparo, as folhas da mandioca são moídas e cozidas por aproximadamente uma semana, para que se retire da planta o ácido cianídrico, que é venenoso.
Depois, são acrescidas a elas carnes de porco e bovina, e outros ingredientes defumados e salgados.
A maniçoba é servida acompanhada de arroz branco, farinha de mandioca e pimenta.
Em Sergipe, o Museu da Gente Sergipana cita a importância da maniçoba para o municípios de Lagarto e Simão Dias, tradição que passa de pai pra filho, iniciando com o comerciante local de nome João Mendes e passando para o filho Rildo mendes, conhecido como Gordinho da Maniçoba, onde maniçoba é prato tradicional das festividades.
A maniçoba também é popular no Recôncavo baiano, sobretudo dos municípios de Cachoeira e Santo Amaro, onde também é servida durante eventos comemorativos locais, como festa de São João da Feira do Porto.
É vendida nas feiras livres, em forma de bolos ou em refeições tipo prato feito.
Manihot pseudoglaziovii Pax & K. Hoffm. (Maniçoba) é uma planta de porte arbustivo nativa da caatinga, pertencente à família Euphorbiaceae, seção Glazioviana, encontrada em diversas áreas que compõem o semiárido nordestino e também do centro-oeste.
É uma árvore de 8 a 12 metros de altura, vegetando em diversos tipos de solo, tanto calcários e bem drenados, como também naqueles pouco profundos e pedregosos, das elevações e das chapadas.
Possui grande resistência à seca por apresentar raízes com grande capacidade de reserva, mais desenvolvidas que as da mandioca, sua parenta próxima.
Assim como os demais vegetais do gênero manihot, apresentam na sua composição substancias que, ao hidrolizarem-se dão origem ao ácido cianídrico, ofensivo a todas as espécies animais, podendo-os levar à morte dependendo da quantidade consumida.
No entanto, esta planta possui uma boa composição nutritiva, podendo ser considerada como uma forrageira de boa qualidade, sendo a fenação e a ensilagem, após a trituração de todo o material forrageiro produzido, os meios mais recomendados de utilização da maniçoba.
Ácido cianídrico
Também conhecido como ácido prússico ou, ainda, cianureto de hidrogênio, o ácido cianídrico é um ácido fraco representado pela fórmula química HCN, encontrado naturalmente tanto no estado líquido quanto no estado gasoso (altamente volátil), de odor semelhante ao de amêndoas amargas, solúvel em água, álcoois e éteres, com baixos pontos de fusão e ebulição, baixo peso molecular e de altíssimo grau de toxidez e inflamabilidade.
O ácido cianídrico foi descoberto pelo químico Scheele em 1782 na Prússia, que o sintetizou a partir do azul da Prússia, daí o nome ácido prússico, muito utilizado antigamente.
Cerca de 30 anos mais tarde, o químico francês Louis Joseph Gay-Lussac obteve esse ácido na sua forma pura, permitindo determinar sua fórmula com exatidão, desde então, o ácido recebeu o nome de ácido cianídrico.
É sintetizado principalmente pela reação de metano com amônia e oxigênio, a altas temperaturas, tendo a platina como agente catalisador da reação, produzindo água, além do próprio ácido.
Potencial forrageiro
Pesquisadores incentivam o plantio da maniçoba com o intuito de produção de forragem.
Esta forrageira apresenta boa palatabilidade e é normalmente utilizada como forragem verde pelos animais que pastejam livremente a caatinga.
Porém é preciso que haja restrição quanto ao seu uso exclusivo, nesta forma, pois contém o ácido cianídrico (HCN) que pode acarretar intoxicações.
Entretanto, este ácido é muito volátil e quando a planta é triturada mecanicamente e submetida à desidratação natural, por ação dos ventos e radiação este ácido pode ser eliminado.
A presença dos taninos é outro fator que pode causar outros efeitos negativos, como a redução do consumo e digestibilidade (muitas vezes em função de sua adstringência), inibição de enzimas digestíveis e perda de proteínas endógenas.
Lima (1996), ao realizar estudos de análise da parte aérea da maniçoba, encontrou cerca de 2,3% de tanino condensado e estudos mostram que os taninos solúveis representaram 32,3% do total de tanino condensado da maniçoba.
A utilização mais segura da maniçoba, como alimento para ruminantes, é através dos meios de fenação e ensilagem, após trituração de toda a forragem e o início de floração é considerado o período ideal para o corte e fenação dessa espécie.
Geralmente, quanto a presença de taninos condensados nas forrageiras tropicais, destaca-se sua importante ação antinutricional quando em altas concentrações (acima de 5% da matéria seca).
Porém, o consumo pode relacionar-se a efeitos favoráveis, por exemplo, quando associados a concentrações por volta de 3-4% da matéria seca, destaca-se a proteção da proteína alimentar contra a degradação ruminal excessiva, ou seja, quando em baixa concentração, se ligam a moléculas de proteínas e carboidratos, protegendo-as do ataque microbiano no rúmen e essas ligações podem ser desfeitas na mudança do pH do rúmen para o abomaso, e esses nutrientes ficam disponíveis para a digestão intestinal.
Outros efeitos benéficos são a diminuição do desperdício de amônia e a prevenção do timpanismo.
Os taninos condensados solúveis representam a fração do tanino que se encontra livre na planta, geralmente localizada nos vacúolos.
Quando o tecido vegetal é rompido, seja pelo corte mecânico de forrageiras ou pela mastigação, por exemplo, esses taninos podem formar um complexo com constituintes da ração e com enzimas digestíveis.
Isso dependerá de muitos fatores e pode acontecer antes da ingestão da planta pelo animal, pois Segundo Longo (2002), a temperatura é um dos fatores que podem transformar tanino solúvel em tanino ligado.
A maniçoba é uma das espécies que apresentaram teores em proteína superiores a 16% da matéria seca e baixa concentração em FDN (fibra em detergente neutro) e NIDA (nitrogênio insolúvel em detergente ácido), e isso mostra o potencial dessas forrageiras para atender às exigências de pequenos ruminantes.
O uso da maniçoba na alimentação de ruminantes e pequenos ruminantes é bastante estudado, porém não se sabe da utilização desta leguminosa na alimentação de aves.
Alguns estudos mostram que a utilização do feno de maniçoba em até 10% de substituição da ração pode ser uma alternativa bastante viável, principalmente quanto aos preços dos insumos para a formulação da ração.
Morfologia
A Manihot pseudoglaziovii Pax & Hoffman. Chega a alcançar 7 m de altura, variam em arbusto ou arvoreta.
O tronco é liso eglabro, podendo apresentar bifurcações primárias, secundárias e terciárias, de coloração verde quando jovens, depois branco acinzentado e produz látex leitoso.
Sua raiz é definida como tuberosa, cuja substância nutritiva armazenada em seu interior é rica em carboidratos.
As folhas são verde-claras, abaxialmente reticulada, adaxialmente verde, são simples, palmatipartidas, palmatinérvea ovais e desprovidas de pelos.
A lâmina foliar é coriácea de margem inteira com cinco lóbulos de ápice agudo separados nos sinus, apresentam estipulas caducas e pecíolo cilíndricoinserido na porção inferior da lâmina.
As flores são brancas, de sexos separados e estão reunidas em inflorescências dispostas em panícula terminal ramificada com menos de 10 cm de comprimento, com poucas flores recobertas ou não com cerosidade cinza-esbranquiçada, gamossépalas, dialipétala, pedicelosa marelado, anteras birrimosas.
Os frutos são cápsulas globosas de deiscência longitudinal, glabro, aproximadamente 3 cm de comprimento e 1,5cm, com cinco estrias, três sementes lisas, duras e amarelas pintadas de marrom escuro.
Histórico
Criada com o intuito de substituir o feijão ( por ser um grão caro de acesso somente a mesa de ricos fazendeiros ), escravos criaram a Maniçoba.
Com as sobras de carne ( pedaços descartados como orelha, focinho, pé de porco e restos de carne bovina ) incrementavam o prato que tem por ingrediente de troca do feijão a ( folha de mandioca ( maniva moída e super cozida )
Desejo aos meus leitores uma ótima Sexta Feira!!