Manter experiências tóxicas no currículo não é saudável, mas ainda é necessário.
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Manter experiências tóxicas no currículo não é saudável, mas ainda é necessário.

Recentemente fiz uma enquete aqui no LinkedIn com a intenção de encontrar a resposta para uma pergunta que tem me feito refletir muito: É saudável manter no currículo uma experiência tóxica? A conclusão que eu cheguei pode parecer controversa: Não, não é, mas ainda é necessário.

Vou te explicar o porque pautado pelo que recebi de respostas, pelo que já vi e vivi na minha trajetória profissional, pelos diversos artigos, posts, opiniões, “textões” que leio diariamente e muito pelo que sinto. É importante ressaltar que não tem fundamentação teórica e metodologia científica validando o meu texto, ok?

Vamos lá... A não ser que você tenha uma rede de contatos tão forte a ponto de te indicar para uma oportunidade e essa indicação, por si, fazer com que o seu perfil salte aos olhos dos responsáveis pelo fechamento de vagas, ter uma lacuna no currículo vai te prejudicar, afinal você vai passar por um processo seletivo. E aí minha gente, vence quem consegue imprimir a melhor fotografia de si mesmo. É como se no seu sorriso faltasse um dente, compreende? Como explicar uma lacuna de tempo na sua trajetória?

Se em algum momento você perceber algo que seja contrário aos seus valores, enquanto pessoa física, fuja.

É mais ou menos parecido com o que vive a pessoa que num contrato de matrimônio assume a responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos, mesmo sendo profissional. Quando essa pessoa resolve retornar para o mercado de trabalho ela precisa lidar com um apagamento de vivência corporativa. Teriam os algoritmos a capacidade de validar essa candidatura com empatia?

Só pelo Gupy eu já me candidatei para 45 oportunidades, todas com aderência ao meu perfil profissional. Essas vagas foram e estão sendo ofertadas ao mercado por 22 empresas diferentes. Em 69% das vagas eu recebi feedback negativo já na primeira etapa. Nas 13 vagas que eu ainda estou no páreo, a concorrência se dá com 10.932 candidaturas, isso mesmo, uma média de 840 candidatos por vaga. Nesse recorte, sabe quantas entrevistas eu fiz? Uma!

Resultado da enquete: Você manteria no seu LinkedIn e no seu Currículo uma experiência tóxica e/ou que tenha terminado por conta de assédio?

Remover do currículo uma experiência que te fez mal, pode te prejudicar ainda mais. Salvo quando essa experiência tenha sido breve, nesses casos fica mais “fácil” de você chegar até o momento de conversar com um headhunter humano. O desafio que se apresenta é muito mais profundo do que manter ou não a experiência no currículo, o desafio está em perceber com brevidade, se a tua relação com a empresa tem a possibilidade de evoluir de forma traumática para você. Existem diversos sinais, é preciso estar atento.

As empresas num geral têm se esforçado muito para imprimir uma realidade atraente para os melhores perfis. Great Place to Work® Ireland está aí para nos mostrar isso, quantas empresas certificadas que você conhece e sabe que não são ambientes saudáveis? A questão que me surge agora está em como aproveitar de forma estratégica e com foco na saúde mental, o período de experiência nas empresas? Penso que um caminho interessante possa estar em parar de colocar 100% da energia em mostrar que você foi a escolha correta e prestar atenção ao que acontece ao seu redor. Se em algum momento você perceber algo que seja contrário aos seus valores, enquanto pessoa física, fuja. Do contrário você será conivente, e conivência com situações tóxicas, mais cedo ou mais tarde irá contaminar você mesmo.

Os assediadores podem estar em várias cadeiras, as vezes até na da Presidência.

Existe muito conteúdo bacana na internet que contribui para que profissionais como eu e você percebam os sinais e saibam interpretá-los. Nem sempre o protagonista do assédio é você, seja como vítima ou agressor, mas a consciência de onde se está é imprescindível para evitar os danos. Em uma das tantas pesquisas que faço sobre o tema, encontrei esse vídeo da Vania Ferrari e da Anna Nogueira sobre Assédio & Conivência. A fala é direcionado para as empresas, mas vale muito para nós enquanto colaboradores.

De tudo o que Vânia e Ana falaram, só tenho um adendo: expressar um texto de missão, visão e valores, não quer dizer absolutamente nada quando a cultura não está verdadeiramente consolidada e/ou respaldada pela alta liderança da corporação. O fato é que os assediadores podem estar em várias cadeiras, as vezes até na da Presidência. Por isso reforço, cuidado sempre para não entrar em um território minado.

E aí, o que você pensa? Conta pra mim nos comentários ;)

Joyce Melo

Advogada | Empresária | Palestrante | Mestranda | Direito Empresarial | Registro de Marcas e Patentes

2 a

Muito além de pensar em relações tóxicas no currículo pensar em entrevistas tóxicas que ficam muito mais a vida pessoal do candidato questionando questões como filhos, idade, se fuma, se bebe etc. Nos Estados Unidos por exemplo essas questões são proibidas de serem perguntadas. O que deve ser considerado é se o candidato conseguirá realizar as atividades do cargo pleiteado e ponto. 

Rosana Machado, MSc.

Mestre em Administração - Gestão de Negócios (foco em Finanças Corporativas)/Head de Tesouraria Local e Internacional/Executiva em Tesouraria, Oper. Estruturadas, Financiamentos e Câmbio/Consultoria SAP S/4 HANA TRM.

2 a

Parabéns pela enquete e pelo texto de conclusão acerca da mesma!!! Ambientes corporativos tóxicos, com valores divergentes aos princípios básicos de respeito e boa convivência profissional ainda são fomentados por lideres despreparados, egocêntricos e narcisistas. E totalmente de acordo quanto à inclusão de experiências mesmo negativas no CV (a não ser que a permanência tenha sido por um período muito breve), a fim de evitar lacunas no histórico profissional.

Suellen Mesquita

Consultora de Recursos Humanos | R&S - Seleção por Competências I Treinamento & Desenvolvimento I Gestão de Pessoas

2 a

Esse artigo junto com a complementação do vídeo da Vânia e Ana me deixaram muito emocionadas, é incrível quando recebemos orientação para algo que mexe com a gente e toca em uma ferida, a sensação que sentimos é de dor, mas ao mesmo tempo uma limpeza da área afetada... como quando caímos, ralamos o joelho e precisamos passar Merthiolate para desinfetar a área machucada, e assim deixar a pele iniciar o processo de cicatrização de maneira natural, não permitindo que sujeiras, vírus ou bactérias entrem em contato com o machucado e assim, não acabemos com uma ferida inflamada ou infeccionada, pois dessa forma, necessitará de outras ações mais complexas para o processo de cura.

Juliane Moterle

Recrutadora | Orientadora de Carreira | Headhunter | Job Hunter | Especialista em LinkedIn e Currículos

2 a

Abordagem fantástica, muitos profissionais tem essa dúvida.

Ana Paula Marçal Fortunato

LinkedIn Top Voice | Especialista em Carreira e Recolocação | Jobhunter | Headhunter | Assessora de Carreira | RH | CEO YOUP CONSULTORIA DE CARREIRA |

2 a

Eu super concordo e voto sim! Não tem como fugir da nossa história, o melhor a fazer é ressignificar as experiências ruins e aprender as lições que nos cabe Anderson Lourenço 🏳️🌈

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