Manutenção Corretiva: Corrigindo defeitos para evitar falhas

Manutenção Corretiva: Corrigindo defeitos para evitar falhas

A Manutenção Corretiva é o tipo de manutenção mais antigo e mais clássico que existe. Segundo a NBR 5462, é aquela manutenção que acontece para corrigir um problema (pane ou falha) que impede o equipamento de desempenhar uma função requerida. Na teoria, é uma das manutenções mais simples, pois visa apenas a troca de componentes danificados e reestabelecer o funcionamento de equipamentos. Simplesmente: quebrou, trocou!

             Embora seja uma das mais antigas, é também um dos tipos de manutenção mais caros, principalmente quando se trata de ativos com alta criticidade para o processo, cuja falha pode provocar perdas de produção ou altos custos com materiais, sobressalentes e recursos empregados para correção. Ou seja, as perdas monetárias vão muito além daquelas empregadas intrinsecamente para manutenção, envolve perda de faturamento e gastos inesperados (não-programados).

             Se, assim como na aviação, todos os componentes aplicados aos processos nas empresas tivessem variadas redundâncias, a manutenção corretiva seria a mais indicada, uma vez que a parada de produção por falha inesperada não aconteceria, bastando o equipamento redundante entrar em ação enquanto as equipes de manutenção corretiva reparariam o equipamento que falhou. Como redundar um parque de ativos inteiro é uma coisa inviável economicamente, utilizamos as classificações de criticidade dos ativos, empregando a melhor estratégia de manutenção para cada tipo.

             No entanto, a Manutenção Corretiva pode ser adotada, sim, como estratégia de manutenção no parque de ativos, obviamente, observando algumas condições específicas:         

1.     Equipamentos de baixa criticidade no processo: alguns equipamentos classificados como “C”, que não possuem impacto na produção (atrelados à algumas características descritas abaixo);

2.     Equipamentos de baixo custo operacional: existem equipamentos no processo em que é muito mais caro manter o custo de mão de obra de um técnico inspecionando de tempos em tempos o equipamento do que simplesmente substitui-lo ou repara-lo após uma falha;

3.     Equipamentos que possuem redundância: equipamentos no processo que possuem redundâncias e que não afetam a produção;

4.     Equipamentos de processos de suporte: ativos que não estão ligados à produção, que suportam ou desempenham outras atividades que não geram altos custos de manutenção.

Nota: A adoção da Manutenção Corretiva como estratégia de manutenção carece de ampla avaliação e ponderação por parte das equipes de Engenharia de Manutenção nas empresas, levando em consideração comparativos de custos de manutenção (correção x emprego de técnicas), interferências no processo, custo com contratação, materiais, insumos, etc.

             Ainda que a NBR 5462 seja bastante enfática quanto ao que é a Manutenção Corretiva (aplicada após a ocorrência de uma falha), convencionou-se dividi-la em dois tipos específicos nas empresas:

  • Manutenção Corretiva Não-Programada: que é a manutenção de correção conforme NBR 5462, após a ocorrência de uma falha para reestabelecer a função do ativo;
  • Manutenção Corretiva Programada: que é a intervenção para manutenção, visando corrigir os defeitos latentes encontrados nas inspeções sensitivas e instrumentadas.

A Manutenção Corretiva Não-Programada

A Manutenção Corretiva Não-Programada, para equipamentos considerados críticos ao processo, é aquela que não deveria existir nas empresas, uma vez que há diversas técnicas e formas de detectar defeitos latentes antes que eles se convertam em falhas e panes nos equipamentos e consequentes custos de manutenção elevados. Se uma falha acontece nesse tipo de ativo, significa que um erro aconteceu dentro do processo, nos 6M (Método, Máquina, Matéria-Prima, Mão de Obra, Medida e Meio Ambiente) e precisa ser amplamente investigado através de algumas metodologias clássicas (falaremos disto mais para frente, na Análise de Falhas).

Para os ativos de baixa criticidade, dentro das características descritas anteriormente, carece de uma equipe de técnicos de manutenção muito bem preparada, capacitada para atuar mediante o tipo de falha que pode ocorrer para aquela família de ativos da empresa. Investir em capacitações e treinamentos é um fator primordial para que a produtividade da manutenção possa aumentar. Um bom índice para medir isto é o MTTR, o Tempo Médio para Reparar, em que, quanto menor o tempo para reparar, melhor é a produtividade das equipes de manutenção corretiva (e, nos casos de ativos de criticidade elevada, onde essa manutenção não deveria acontecer, menor é a perda de faturamento em função da parada de produção).

A Manutenção Corretiva Programada

A Manutenção Corretiva Programada é aquela que atua para corrigir defeitos. Esse tipo de manutenção leva em consideração as condições operacionais e serve para evitar o agravamento do defeito e consequente pane do ativo. Ela também contribui para aumento da vida útil dos equipamentos, uma vez que ela se antecipa à falha, tratando os defeitos latentes.

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Curva P-F: A Manutenção Corretiva Programada, atuando na fase dos defeitos, pode prolongar o funcionamento do ativo, uma vez que atua nas anomalias antes que elas se convertam em falhas.

Contudo, esse tipo de manutenção exige um planejamento prévio das atividades de manutenção que serão aplicadas, levando em consideração alguns aspectos:

1.     Quais tarefas de manutenção serão realizadas;

2.     Quais serviços e contratação são necessários (se aplicável);

3.     Quais materiais e insumos serão empregados;

4.     Qual a gravidade do defeito e seu grau de evolução (isso determinará a criticidade da tarefa, que por sua vez vai influenciar na programação dessa atividade);

5.     Qual tempo estimado para realização da tarefa;

6.     Quais os riscos à segurança, saúde e meio-ambiente associados às tarefas que precisam ser realizadas.

Com isso, podemos afirmar que a Manutenção Corretiva, quando bem aplicada, pode trazer benefícios aos ativos. Quando aplicado na correção dos defeitos, contribui para prolongamento da vida útil e funcionamento dos ativos. Na correção pós-falha, avaliadas as condições de operação, criticidade e função do ativo, pode trazer um bom retorno financeiro, uma vez que essa manutenção, em equipamentos pouco críticos ao processo, é considerada barata. Mas para que essa estratégia possa funcionar, é preciso ponderar e avaliar amplamente as configurações dos ativos da empresa, dentro dos parâmetros aqui mencionados.

Carlos Avila.

Gerente de Operação e Manutenção | Gestão de projetos | Manutenção industrial | Planejamento, controle e execução da manutenção e de projetos | Confiabilidade de ativos

4 a

Dando exemplo prático no carro existe a troca de farol e limpador de parabrisa, pois imagine você monitorar o lux ( fluxo luminoso por unidade de área, ou seja da densidade de intensidade luminosa conhecida por iluminância) do farol do carro, o trablho e o custo para tal atividade seria inviável e desnecessário.

Macson Guedes

Head de vendas | Desenvolvedor, acelerador e multiplicador de negócios | Investidor anjo

4 a

Muito bom!

Bruno Oliveira

Coordenador de Manutenção | Engenheiro Mecânico | Gerente de Manutenção|

4 a

Parabéns pelo artigo Paulo Pacheco, muito bom !

Juliano Fernandes

Gerente Manutenção | Contratos | Planejamento | PCM | Coordenação Projetos de Manutenção e Operação| Coordenação Inspeção Eletromecânica | Coordenação Melhorias Ambiental Portuária

4 a

Excelentes artigos !

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