Marley , eu e meu emprego!
Muitas vezes nos tornamos reféns do que escrevemos ou buscamos entender melhor, compreender a natureza humana é muitas vezes tarefa impossível. Neste quesito a relação de algumas pessoas com seu trabalho, emprego ou empregador transcende em muita minha humilde possibilidade de compreensão lógica. Vira quase uma relação familiar, uma coisa visceral onde os papeis acabam se misturando. Se tiver uma posição de chefia, gerencia ou diretoria aí então a coisa vai para um plano quase que surreal. Existe o que eu chamo de simbiose laborativa, um acaba sendo o outro e muitas vezes não se distingue mais o colaborador (termo bonito para dizer funcionário) da empresa e vice-versa, é post de agradecimento sensibilizado, foto abraçado com o chefe, todo mundo sorrindo na festa da firma, pai, mãe e esposa abraçados tomando aquela pinga juntos. O colaborador se torna parte daquele organismo vivo, e o gerente /diretor se torna o próprio organismo, cada qual fazendo o seu máximo para cultuar esta divindade empresarial. E aí? Ajuda no final? Em meu humilde ponto vista misturar trabalho e amor acaba não dando muito certo no fim, não tenho que amar onde trabalho para realizar minha função, seja ela qual for, dentro do melhor de minhas competências e qualidades, não preciso dizer que amo a firma todo o dia cedo para buscar realizar com competência o que sou pago (isto mesmo sou pago, não é de grátis não) para fazer com competência. Trabalho é uma relação de troca de riquezas onde vendo minha mão de obra e recebo por isto. PONTO! Meu destino é ser profissional de qualidade mesmo que eventualmente não tenha o reconhecimento disto. Quanto ao lado do nosso gerente /diretor Deus, este deve ser um amortecedor, entre a direção e o corpo funcional, um resolvedor de problemas e situações, um elo e uma porta para dar mais qualidade a convivência de interesses convergentes e muitas vezes divergentes. I LOVE MY JOB não irá ajudar muito a fazer este papel de forma serena e principalmente justa e equidistante. Vamos traduzir: eu faço o meu melhor e o meu máximo e senão me sentir reconhecido ou feliz irei buscar outro lugar para fazer este máximo, meu trabalho não é o que sou (como ser humano), muito menos a razão de meu viver, mas sim uma parte importante do que preciso fazer para seguir produzindo riqueza, paz e tranquilidade pessoal e familiar. A empresa faz o papel dela me pagando de forma justa, respeitando os termos e condições acordados quando de meu ingresso na mesma, fornecendo condições de trabalho adequadas e saudáveis. Meu gerente/diretor atua como um grande mediador e um ponto de convergência sempre buscando ajustar visão, demandas e problemas que acabarão surgindo neste convívio. A relação se torna boa quando as partes estão satisfeitas com seu papel e com as contrapartidas oferecidas. Faz sentido? Uma sugestão para finalizar, que tal ao invés do post agradecendo a equipe um passeio e umas fotos com o Marley na praia? Jogando uma bolinha para o seu dog ir buscar? de preferencia com sua família e amigos ? Vamos tentar?
B737-200/300, MD11, EMB 190/195, Flight Instrutor, Ag and Firefighting Pilot.
7 aNão é atoa que as empresas são chamadas de “pessoas jurídicas”. A Pessoa Jurídica é uma ficção criada para dar personalidade, ficta, àqueles que reúnem os meios de produção (capital, tecnologia ou “know how” e mão de obra assalariada, preferencialmente, para ser politicamente correto) visando a consecução do seu fim social, o lucro. Concordo plenamente: amar a empresa na qual trabalhamos e da qual provemos o sustento das nossas famílias e a nossa realização pessoal, sob uma perspectiva muito individual, e promovemos o crescimento da economia e de todos “colaboradores-empregados” sob uma visão um pouquinho mais ampla é absolutamente normal. Anormal é confundir a fronteira entre o profissional e o pessoal. Empresa é pessoa jurídica. Nós somos pessoas físicas, de carne, ossos e alma. “ Meu destino é ser profissional de qualidade mesmo que eventualmente não tenha o reconhecimento disto.” Nada mais verdadeiro! Para quem discorda, ler é uma boa, leia O Príncipe*. * Muito cuidado para não ler o Príncipe errado.