A matemática da solidão moderna
Recentemente, fui impactado por matérias e estudos que retratam que vivemos uma epidemia de solidão. Isso se evidenciou ainda mais com o aumento de pessoas adoecendo. A psicóloga Julianne Holt-Lunstad, da Universidade de Brigham Young, afirmou que a solidão pode ser tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia, aumentando o risco de morte prematura em 26%.
O estudo de Holt-Lunstad é de 2015, portanto, já tem um tempo e é de um período anterior à pandemia de COVID-19. O interessante é que, mesmo após superarmos esse momento difícil, as matérias e estudos continuam a nos falar sobre o crescimento da solidão. A pandemia pode ter acelerado o processo, mas não é a principal causa desse aumento.
Estamos falando de conexão social, de um aumento significativo de sentimentos de solidão e isolamento social entre as pessoas. Entendo que a grande questão é matemática e está relacionada à redução das interações sociais. Precisamos distinguir entre isolamento social, que descreve a ausência de contatos e relações sociais e é medido pela quantidade de interações sociais, e a solidão propriamente dita, que envolve a qualidade dos relacionamentos e o sentimento subjetivo de estar sozinho.
Estudos recentes das empresas Meta e Gallup mostram um problema maior entre os jovens, e entre os brasileiros existe um menor apoio social e um nível pior de conexão e solidão entre as mulheres. Quase um quarto da população global referiu-se a sentir “muito” ou “especificamente” solitária, enquanto 49% disseram não se sentir sozinhos “de jeito nenhum”.
Entendo que estamos falando de uma questão matemática, pois desde a pandemia vivemos nos grandes centros uma mudança nas relações de trabalho. A ampliação do trabalho remoto, com os diferentes arranjos definidos entre funcionários e patrões, reduziu as interações sociais.
O universo do trabalho e até mesmo dos cursos em escolas e faculdades foi transportado para os aplicativos em salas virtuais, onde temos uma redução significativa das interações. Mesmo com câmeras abertas, há uma grande perda na percepção. Perdemos a tonalidade das vozes, que ficam comprometidas, e os movimentos do corpo. Mas, na essência, perdemos grande parte da comunicação não verbal dos detalhes. A postura de um funcionário chegando ao escritório diz muito sobre ele, suas interações muitas vezes revelam se está triste ou feliz. Em conversas com câmeras desligadas, a interação é reduzida a um nível que quase parece que estamos falando sozinhos.
Some-se isso ao modelo de interação das redes sociais e percebemos novamente uma redução do contato. Se antes a interação se dava pelo uso do telefone com voz, hoje trabalhamos com textos e, na maioria dos casos, com trocas de mensagens de áudio.
Recomendados pelo LinkedIn
Como odeio arquivos de áudio que me são enviados. Sou um crítico dessa ferramenta, pois ela reduz muito a qualidade da comunicação. No entanto, às vezes me surpreendo impaciente quando alguém me liga para conversar.
Não vamos alterar esses processos facilmente. Entendo que os ganhos de qualidade de vida com a redução da perda de tempo no deslocamento dos funcionários nas grandes cidades são um fator de difícil negociação. No entanto, entendo que os jovens precisam tomar cuidado com a redução sensível de suas interações sociais, pois, em geral, eles vivem mais sozinhos.
Isolados em casa, com um número restrito de interações sociais, estamos perdendo o hábito das boas conversas, de gastar tempo com as pessoas pessoalmente, e estamos perdendo preciosas interações.
Isso hoje é tão claro para mim em eventos no meu mercado. Em sua grande maioria, eles foram esvaziados ou transformados em formatos virtuais. Entendo que isso ocorre pela falta de interesse das pessoas em gastar tempo no deslocamento, mas, em parte, também estamos perdendo, sem perceber, o interesse no contato pessoal.
Eu reservo tempo em minha semana para encontrar amigos e colegas e me obrigo a ter momentos de interação social. Ainda não temos estudos claros que nos mostrem os problemas que estão sendo gerados, mas o fato é que a epidemia de solidão já atinge mais jovens, mulheres e brasileiros, como mostram os estudos.
Tome cuidado com suas escolhas. Um encontro no bar com os amigos para falar da semana pode ter um grande impacto em sua vida e nas suas relações.
Reduza conexões digitais, promova encontros pessoais.
Branding I B2B I B2C I CRM I E-commerce I Eventos I Estratégia I Growth I Marketing Digital I Inbound I PaaS
5 mConcordo totalmente com você Regi Andrade, mesmo para quem costumava ter bastante interação social antes da pandemia, após, passou a ter um comportamento mais isolado. Não somente nas relações de trabalho, mas a "comodidade" que a tecnologia nos traz, de estar a apenas um "clique" de comprar um produto, solicitar um transporte, fazer um curso online ou de trocar mensagens com um amigo que não falamos há muito tempo, faz com que a sociedade se torne cada vez mais dependente do digital. Embora a tecnologia tenha facilitado muitos aspectos da nossa vida, também é importante equilibrar essa conveniência com momentos de interação presencial e conexões humanas genuínas. Reconectar-se com as pessoas, seja no trabalho ou na vida pessoal, é essencial para nosso bem-estar e para a construção de relacionamentos significativos.
Empresário | Empreendedor 50+ | Conselheiro de Empresas | Investidor Anjo | Transição Corporativa | Alavancagem de Negócios | Guia de Transformação
5 mcomo sempre Regi Andrade aprendendo muito com você, concordo com as suas colocações e me ponho muito nessa posição da solidão, vim do mesmo mercado que vc, onde as interações pessoais eram e chave das transformações e negocios, sai do mercado entrei na inovação que também tinha essa característica do contato humano, a pandemia nos forçou ou homeoffice e transformou as interações pessoais em digitais, por um lado abriu conexões globais por outro trouxe as estatísticas da solidão, inclusive algumas muito perigosas como dos "ermitões digitais" que não comete somente os jovens, mas muitos adultos também. Regi Andrade meu amigo e mentor, precisamos nos encontra ao vivo e a cores. Show o seus texto.
AL Interior Design LLC Residential & Commercial Interior Design | Project & Property Management
5 mTão verdade e tão triste
Jornalista| Conselheira Consultiva certificada| Gestão de Imagem e Reputação| Prevenção e Gestão de Crise| Treinamentos e Workshops de Comunicação| Membra da Comunidade Conselheiras| Membra da AngelUS Equityech
5 mExcelente conteúdo Regi, querido! É preciso equilíbrio entre as inevitáveis interações virtuais e a vida social. O contato presencial é fundamental para revigorar as relações, aquecer os corações e nos manter saudáveis. Aproveitando o tema, bora marcar nosso encontro? Rss. Bjs
B.I | SEO Estudante de Publicidade e Propaganda
5 mSendo profissional de comunicação concordo que a interação social é a melhor maneira de evoluirmos e muitos abraçam a solidão como confortável sem compreender os riscos. Mais um excelente texto!! Um abraço, meu amigo!