MATERNIDADE E CARREIRAS SÃO MESMO OPOSTOS ?
Neste mês, quero falar a respeito de como somos vistas no ambiente de trabalho quando temos filhos ou estamos no período fisiologicamente fértil de nossas vidas. Constantemente, atendo em minhas consultas mulheres que já são mães ou que querem ser, mas tem medo da discriminação que poderão sofrer no ambiente corporativo.
Em entrevistas de seleção é comum que uma das primeiras perguntas seja sobre o estado civil da mulher, se tem filhos ou até se pretende ter em breve. Esse controle sobre a reprodução feminina ainda é bem forte na nossa sociedade. Diria categoricamente que a maioria das empresas veem a maternidade como uma desvantagem e um peso que prejudica a profissional nas suas atribuições do dia a dia. Porém, essa visão é uma forma limitada e de compreender a maternidade e seus efeitos que podem ser positivos na construção de habilidades de uma pessoa.
As potencialidades da maternidade
Você já imaginou o aumento nas soft skills ao educar outro ser humano? Empatia, paciência, tolerância e capacidade de definir prioridades aumentam nas mulheres pós-maternidade, segundo uma análise realizada pela consultoria Filhos no Currículo em parceria com o Movimento Mulher 360.
A maternidade é um desafio, um dos maiores da vida, a inteligência emocional está sempre se desenvolvendo. Os sonhos e os objetivos de mulheres mães ganham uma motivação, um incentivo a mais para trabalhar por um propósito que é maior que elas mesmas. E como se já não bastasse a pressão interna, ainda há o preconceito no ambiente de trabalho.
Mas dúvidas sobre a possível falta de tempo ou de dedicação ao trabalho são trazidas ao debate ao contratá-las.
A Dedicação de uma mãe…
A capacidade de dedicação de uma mulher e mãe é frequentemente questionada pelos empregadores. A ideia de que a carreira não seria mais um ponto relevante para a mulher depois da maternidade não condiz com a realidade por duas razões.
A primeira é que vivemos em um cenário em que ser mãe solo é algo comum, nessa condição as mães são as únicas fontes de sustento da casa e elas sozinhas precisam suprir a sua existência e de suas crianças, Segundo dados do IBGE, são mais de 11 milhões de mães solo no Brasil. E elas precisam se dedicar integralmente aos filhos e à carreira para terem como se manter.
Caso queira se aprofundar nesse assunto, deixo esse podcast que traz uma excelente reflexão: Maternidade de Guerrilha: Maternidade e carreira combinam ?
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O segundo motivo que precisamos pensar é que além da necessidade de trabalhar existe a satisfação em realizar essa atividade. Há mulheres que seguem desejando ter altos cargos ou ter a conquista de chegar no ponto que sempre quiseram em suas carreiras depois da maternidade. A ambição feminina assusta a nossa sociedade que ainda é muito machista e pouco a pouco vamos conquistando o que queremos.
A culpa não é da maternidade…
A construção da família na visão ocidental tem uma construção simplória do papel da paternidade. Há um ditado popular que diz que “filho é da mãe”, ele é um reflexo de atribuirmos toda a responsabilidade nas costas das mulheres. Enquanto não mudarmos nossa visão de que todo o processo da educação e criação de um ser humano deve ficar com o sexo feminino, a equidade de gênero não acontecerá.
O principal problema de conciliar a maternidade com a carreira vem quando não se tem o apoio necessário. A sobrecarga e o estresse atacam em situações em que não há um auxílio psicológico, a empresa não percebe a potencialidade das mães e nega o acolhimento no ambiente de trabalho.
Uma rede de apoio que torne essa tarefa menos exaustiva é essencial. As organizações podem ser rede de apoio neste momento oferecendo suporte socioemocional e uma liderança empática.
Como ?
Fazer essas perguntas e se dedicar a respondê-las a partir de projetos pode criar ambientes inspiradores que colaborem para a redução do estresse, o engajamento e performance de profissionais com filhos.
Ter alguém cuidando de quem cuida e trazendo o auxílio especializado para saúde mental é de suma importância. Os ambientes corporativos perdem e muito ao não entender o quão potencial os filhos são no currículos das mulheres.
O que você me diria ?