Medicina mais gentil. Como a gente pode fazer a diferença

Vivemos tempos complicados. A chegada do Covid-19 virou a vida (tanto profissional, quanto pessoal) de todos de cabeça para baixo. Fez a gente sair da nossa zona de conforto e repensar — e recriar — praticamente todas as atividades que vínhamos fazendo no piloto automático.

Entre essas novas formas de viver, se divertir, trabalhar…, a maneira como atendemos os pacientes tem sido fortemente impactada. Muito cuidado, muita proteção, distanciamento. E isso me tem feito refletir sobre um problema que vem afetando a nossa área já há algum tempo: a impessoalidade nos atendimentos médicos. Muitas vezes pressa, falta de contato e de empatia com o paciente.

A volta da medicina humanizada, com mais gentileza, nunca foi tão importante quanto agora. Isso porque, com todos os protocolos de segurança que esse novo vírus nos impôs, a falta de atenção ou de preocupação verdadeira podem parecer ainda maiores por trás das máscaras de proteção. E a grande maioria dos pacientes, além de serem cuidados fisicamente, querem sentir que nos importamos com eles. E todos são importantes para nós.

Então, como resgatar esse atendimento mais pessoal e humanizado, como criar uma conexão positiva com o paciente sem correr o risco de ser mal interpretado, perder a objetividade científica, parecer pouco profissional ou mesmo forçado? Para mim, a reposta é sendo genuinamente interessado. É ouvir atentamente, é saber que o estado emocional do paciente ajuda (ou atrapalha) no tratamento. É mostrar para o paciente que aquilo que parece nos afastar dele (máscaras, luvas, falta de contato físico…) é justamente nossa preocupação com o seu bem-estar e sua saúde. É praticar o mindfulness em cada consulta (estar de corpo e alma naquele momento). 

O paciente quer se sentir acolhido. E ele sabe quando estamos inteiros em uma consulta. Praticar a gentileza como um ato natural e genuíno nos aproxima do paciente da forma correta, sem exageros. Nos faz entender as necessidades dele sem nos tornarmos reféns emocionais da situação. Um atendimento baseado em gentileza faz a gente se lembrar que nossa missão é cuidar — em todos os sentidos. Be kind.