Médicos como Influencers? Pode isso?
Capa da revista Marie Claire México, edição de maio

Médicos como Influencers? Pode isso?

Nós estamos sendo vistos como Influencers , mas estamos preparados para isso?

Se nós que estudamos seis anos de faculdade, mais a residência ( no meu caso específico, residência de cinco anos, mestrado e PhD e mais uma sub especialização de 2 anos). E ainda assim nos sentimos inseguros de dar opiniões em mídias sociais.

Austin Chiang, gastro de um hospital universitário na Filadélfia, não se aguentou e de roupa cirúrgica, estetoscópio no pescoço e avental disse na televisão, direcionando-se ao presidente de seu país: “Vamos combinar que eu prometo que não vou fingir que vou dirigir o país, se vocês não fingirem que praticam Medicina!”.

Radicalismos a parte, o que ele quis dizer foi : cada um exercendo bem e de forma responsável sua função, já é o suficiente. 

E aí, como fica o médico que de uma hora para outra é visto como Influencer de mídia social? Estamos sendo impelidos a abraçar uma função que não é nossa ou apenas a evoluirmos na maneira de disseminar saúde, em seu mais amplo espectro: prevenção, promoção, diagnóstico, tratamento, pesquisas clínicas científicas.

Sim, fazemos parte de uma nova geração de médicos cuja a credencial nos responsabiliza a estarmos inseridos nas redes sociais, de forma ativa e responsável, a fim de preencher uma lacuna que vinha sido ocupada muitas vezes, por pessoas sem nenhuma formação na área da saúde.

As técnicas usadas por estas pessoas é usar da boa fé de seguidores, que encantados se entregam, esquivando-se de tratar questões de saúde e até de estética de forma ética e séria.

Até hoje os médicos não assumiram este papel, pois não queriam ser vistos como antiéticos ou pouco profissionais, pois assim nos foi ensinado por muitos anos.

Sim, esta pandemia coloca a saúde no seu devido primeiro lugar e deixa os médicos e outros profissionais da saúde como protagonistas essências desta cena.

Acredito que este momento seja importante e fundamental para consolidação deste novo padrão de comunicação por meio da mídia de forma social consciente, séria, ética e comprometida.

Que nós médicos abandonemos o antigo padrão de que estar na mídia é coisa para charlatães, como nos foi passado, deixemos um pouco a vaidade de lado. Saiam os títulos acadêmicos para fora dos portões das universidades, guardemos nossos egos, caso sejam mal dimensionados, e tenhamos humildade para aprender como nos comunicar de forma positiva, não sensacionalista e proativa nas mídias sociais.

Aprender a manter a postura, sem atravessar a linha do comportamento antiético.

Julgar menos quem está tentando, e nos espelhar mais em quem já conseguiu isto. Precisamos de médicos de qualidade e peso, passando mensagens claras, tornando dados científicos em algo digerível ao publico leigo. Precisamos estar onde as pessoas estão se informando.

A internet carece de expertise. E de conteúdo sério, de quem realmente é autoridade no assunto.

Vamos arregaçar as mangas, buscar informações acuradas, embasados em pesquisas, nas guidelines do CDC, WHO e outras instituições de peso. Vamos nos preparar para, de fato, informar e dar nossa contribuição para a sociedade.

Se isto é ser influencer, muito me agradará abraçar mais esta função.

Capa da revista Marie Claire México de maio homenageando profissionais da saúde na linha de frente no combate ao Covid-19




Ligia Carla Santos

General Manager - President Brazil

4 a

Adorei o texto Ale! Parabéns!

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