Melhora pontual nos ativos de risco, inflação em alta e incertezas marcaram o mês de julho.

Melhora pontual nos ativos de risco, inflação em alta e incertezas marcaram o mês de julho.

Enquanto a atividade econômica global perde tração e os Bancos Centrais adotam uma postura mais dura sobre a inflação, o mercado começa a considerar a possibilidade de os juros não ficarem altos por muito tempo, levando ao fechamento das taxas dos títulos públicos de 10 anos de diversos países em julho.

Os títulos do tesouro americano foram abaixo de 2,6%, após atingirem 3,1% ao longo do mês. Um movimento parecido foi visto na Europa com os títulos da Alemanha sendo cotados abaixo de 0,7%, após baterem quase 1,35%, bem como da Itália, que recuaram para 2,9% após atingirem 3,7%.

Contudo, como ainda há muita incerteza sobre a velocidade, magnitude e duração de uma eventual recessão, o nível ideal que os juros devem chegar para arrefecer a inflação ainda divide opiniões.

Fato é que nos Estados Unidos o CPI atingiu o nível mais alto dos últimos 41 anos e na Zona do Euro notamos a maior alta desde a criação do bloco, com a crise do gás natural gerando ainda mais desafios para a região.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Mesmo assim, a expectativa pontual de juros mais baixos no médio e longo prazo aumentou nos investidores a vontade de arriscar. Adicionalmente, a temporada de resultados corporativos mostrou números levemente melhores que o esperado. Assim, as bolsas dos Estados Unidos e Europa apresentaram altas expressivas em julho. O índice NASDAQ 100 (composto principalmente por empresas norte-americanas de tecnologia) subiu mais de 12% e o Euro Stoxx 50 (composto por empresas da Zona do Euro) avançou mais de 7%.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Por outro lado, notamos um recuo dos índices acionários da China no mês. O SSE Composite (bolsa de Xangai) teve queda de 4,2%, enquanto o Hang Seng (bolsa de Hong Kong) caiu 7,8%. Entendemos que esse movimento pode ser explicado pelos problemas no mercado imobiliário, bem como pela desaceleração da atividade econômica, que contraiu 2,6% no segundo trimestre. Desta forma, o mercado passou a atribuir um crescimento do PIB em torno de 3,5% para a economia chinesa em 2022, longe da meta de 5,5% definida pelo governo. A ida da presidente da Câmara dos Estados Unidos Nancy Pelosi a Taiwan, trouxe risco adicional ao cenário geopolítico, uma vez que o governo chinês condenou a visita e anunciou exercícios militares na região.

Já no início de agosto, diante de dados de atividade mais positivos, os mercados entraram em uma narrativa de que o crescimento global será mais baixo, porém sem uma recessão iminente nos EUA. Após membros do FED (Banco Central Americano) afirmarem que o trabalho de política monetária ainda não está perto do fim, o dólar ganhou força, sustentado por uma nova abertura das taxas de juros.

No Brasil, permanecemos com as maiores preocupações voltadas para os desafios fiscais que o próximo governo terá a partir de 2023. Entendemos que a proximidade das eleições trará esse assunto à tona, com discussões sobre flexibilização do teto de gastos e manutenção do Auxílio Brasil, o que refletirá em um mercado de juros, câmbio e bolsa ainda mais volátil. Exemplo disso foi o movimento de abertura da curva de juros real brasileira, que é bastante sensível ao risco fiscal.

Mesmo com a inflação medida pelo IPCA-15 mostrando alta mais amena em função da deflação dos combustíveis e energia elétrica após o corte no ICMS, o aumento dos gastos públicos traz ainda mais desafios para a inflação, que permanece muito distante da meta.

O principal índice de preços do Brasil (IPCA) está acima do teto da meta de inflação desde março do ano passado e as projeções indicam que ele retornará para dentro

da meta apenas em 2024. Nesse contexto, o Banco Central elevou os juros em 0,50% na reunião de agosto, colocando a Selic em 13,75% e deixando aberta a possibilidade de uma alta adicional.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

No comunicado ficou claro que o ciclo de alta dos juros está próximo do fim, mas devemos ter a Selic abaixo de dois dígitos apenas em 2024, quando os juros retornarem ao patamar de 8% ao ano.

Entendemos que movimentos pontuais de recuperação dos ativos fazem parte do processo, o que não significa uma melhora estrutural do ambiente interno e externo. Portanto, continuamos com a visão de que uma diversificação adequada e uma postura mais cautelosa ainda são a melhor opção para este momento.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Fonte: *Quantum Axis. **Mercado e Relatório BCB. ***IPCA (Realizado IBGE / Projetado ANBIMA).

Marcelo Cavallin Lell

Advogado, Especialista em Cooperativismo Financeiro/Crédito

2 a

Importante essa leitura da economia.

Tanisio Inácio Jede

Expansão Agropecuária BRF; Gestão Financeira; SAP;

2 a

Muito bom

🔝🔝👏🏻👏🏻

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos