Melting Pot Live 4 #foodforthought - ESTIMA
A motivação humana de Estima está relacionada com a necessidade de Reconhecimento.
O reconhecimento inclui aspectos importantes como o Auto Respeito, a Confiança, a Competência e a própria Estima.
Segundo Maslow podemos dividir a necessidade de Estima em dois grupos:
A reputação: que se expressão prestígio, reconhecimento ou fama. Ou seja, a reputação inclui a percepção de como alguém se sente percebido pelos outros. É externo.
A Auto-estima: está baseada na percepção que o próprio indivíduo tem do seu valor e confiança em si mesmo. É interno.
A auto-estima reflete a nossa busca por fortalecimento, conquista, competência, confiança e independência diante do mundo. Ela está baseada na confiança real e não meramente na opinião dos outros.
Em tempos atuais a Estima vem sendo impactada por diversos fatores externos, que por sua vez, tocam sentimentos e sensações internas.
O trabalho tem um papel central na construção da estima. Pois afeta tanto a auto-estima quanto é parte importante para formar a percepção de como os outros nos enxergam.
O trabalho é um âmbito muito importante na vida dos indivíduos. Ele possibilita ao homem concretizar seus sonhos e objetivos de vida, além de ser uma forma de expressão.
A pandemia trouxe dois impactos grandes em relação ao trabalho. Um deles, e o mais brutal, foi um aumento significativo no nível de desemprego do país, dada a situação de incerteza e impacto na economia. Muitas pessoas perderam seus empregos ou tiveram que rever seus contratos de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre o Brasil registrou a maior taxa de Desemprego em 3 anos (13,3%).
Com esse nível de desemprego, como fica a auto-estima? Se o trabalho é tão importante como forma de expressão, e também de sobrevivência e sustento, garantindo a dignidade do indivíduo.
O segundo impacto tem a ver com a nova forma de trabalho – o trabalho remoto. O isolamento social provocou, sem aviso prévio, uma migração compulsória de milhões de brasileiros para essa modalidade de trabalho. Isso exigiu das empresas e funcionários um olhar diferente sobre como operar à distância.
Essa nova realidade nos trouxe alguns desafios, mas também alguns ganhos.
O próprio termo “home office” denuncia o que pode acontecer com a adoção desse novo modelo de trabalho: a casa é o escritório e o escritório é a casa. Assim, sem separação. Pode ser muito difícil manter uma rotina produtiva.
É importante dizer que o contexto atual tem um viés - a pandemia - que fez com que muitos papéis tivessem que ser realizados ao mesmo tempo.
Vivemos sem pausa. As coisas todas se misturam – temos que cuidar das crianças antes de nos conectar ao trabalho, fazer uma pausa entre uma reunião e outra para fazer o almoço - que acontece quando dá - limpar a casa em qualquer intervalo ao longo do dia e ainda dar assistência as crianças no homeschooling. Não temos mais a pausa para o café com nossos colegas de trabalho e a sensação de que o final do dia nunca chega é real e desgastante.
Esse cenário atual tem impactado a auto-estima. Muita gente que tem se sentido impotente e em dívida em meio a esse turbilhão, ainda que estejam realizando muitas coisas ao mesmo tempo.
Não fomos preparados para viver o trabalho e vida pessoal de forma fluida e integrada. Esses âmbitos sempre foram muito demarcados, separados. Então, esse novo cenário nos exige uma mudança de mindset muito importante.
Muito se fala sobre worklife balance, o que reforça essa linha dura de separação entre o trabalho e vida pessoal. Isso terá que ser substituído pelo worklife Integration, com uma linha mais tênue e fluida de atenção a essas duas áreas tão críticas na expressão da nossa estima.
Somos quem somos, nossa essência e propósito não são desconectados nas esferas pessoal e profissional, e se aprendermos a vivenciar isso de forma mais fluida, certamente nos aceitaremos mais e até mesmo provocaremos a aceitação do outro pelo que somos, independente do âmbito em que estejamos.
Muitos de nós criamos Avatares Corporativos – não falamos tudo que pensamos, somos mais artificiais, não demonstramos vulnerabilidade. Esses “personagens” nos limitam de sermos quem somos e de nos expressarmos livremente, sufocando a segurança que vem das convicções mais íntimas relacionadas aos nossos valores.
Na aproximação pessoal-profissional isso se descortinou e as relações ficaram mais humanizadas – filhos passando atrás da câmera dos computadores durante uma reunião de trabalho, cachorro latindo, ambiente da casa exposto. Essa nova realidade nos trouxe a possibilidade de nos “mostrarmos” mais, verdadeiramente como somos, no ambiente de trabalho, e certamente esse foi um grande ganho desse contexto!
Ser percebido e aceito com toda vulnerabilidade de expormos mais nosso EU, tem aproximado a percepção do olhar que temos sobre nós mesmos ao olhar que os nossos colegas de trabalho tem sobre a gente.
Voltando ao conceito de trabalho, se a definição de trabalho é fazer algo para atingir uma meta, o desafio dos líderes em garantir resultado com conexão nesse contexto é desafiador.
É preciso desenvolver habilidades antes minimizadas e agora críticas. Não se trata apenas de adaptação, mas de re-imaginação de um ambiente de trabalho saudável, sendo saúde física e mental das pessoas o ponto de partida desta jornada.
Algumas práticas como colaboração, flexibilidade, inclusão e responsabilidade precisam ser aceleradas. Muitos Líderes têm se esforçado no desenvolvimento concreto destes valores com algum sucesso, porém, a mudança associada a pandemia exige um novo patamar para essas habilidades.
O trabalho remoto traz o não-controle e o sim-confiança. Significa também maior acesso e flexibilidade a talentos antes restritos pela distância física. Esta possibilidade de inclusão de diferentes perspectivas, remove silos e constrói redes poderosas de networking e trabalho em grupo. Hierarquias e estruturas tradicionais dão lugar a colaboração fluida e integrada.
Empatia, comunicação e confiança se tornam ainda mais relevantes.
E a confiança é um dos aspectos intrínsecos à Estima.
Transparência, abertura a vulnerabilidade e resiliência são características essenciais em novos tempos.
O “agora-normal” nos obrigada a testar e aprender mais, arriscar com frequência para atender um comportamento recém adotado e fomentar novas parcerias.
O líder precisa investir tempo, energia e paciência em discussões difíceis e conversas corajosas para produzir e testar ideias, em um ambiente de poucas certezas, mas de muita experimentação e aprendizagem.
Neste longo caminho de acertos e erros, um novo olhar para o humano será fundamental para a construção da cultura de uma corporação pós-pandemia.
Os medos, egos e impulsos podem levar lideranças tanto a ignorarem as circunstâncias, como a evidenciarem o coletivo, o cuidado e o trabalho conjunto. Empresas em processos de transformação cultural podem encontrar, neste momento, oportunidades para revisitar ou reforçar suas crenças e, também, para ampliar seus modelos de relacionamento e confiança.
Neste momento VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade), sem precedentes, onde saúde e bem-estar mental de todos nós são nossos maiores assets, é necessário olhar para dentro. Este olhar para dentro, para as Pessoas, é crítico pois são elas o bem mais essencial da empresa.
As organizações são feitas de pessoas para pessoas. E são habilidades subjetivas, ou soft skills, de difícil identificação e diretamente relacionadas à inteligência emocional das pessoas e adquiridas por meio das experiências vivenciadas ao longo do tempo – e não em livros e cursos – que serão as grandes alavancas em tempos de crise, resiliência e adaptação.
A comunicação eficaz, esta crítica soft skill que vai muito além de falar a mesma língua, ganhou ainda mais protagonismo no contexto em que estamos.
Comunicação é a ação de tornar comum. Estamos em comunicação o tempo todo, mas não fomos alfabetizados em desenvolver a oratória. Não temos um ajuste comunicativo de como somos como comunicadores. Não sabemos das impressões que causamos e das muitas variedades de expressão que temos.
Como operamos com subjetividade quando nos comunicamos, é difícil medir a nossa maturidade de comunicação.
O tornar comum é o estado desejado. É fazer daquilo, que quando comunicado, não é mais meu e sim meu e do outro: gestos, olhares, expressões. Quando comunicamos algo não temos como remediar a interpretação equivocada. Muitas vezes a recepção é diferente da maneira como foi intencionado, e quando tornado comum, ganha a responsabilidade de quem comunicou.
Temos pouquíssima consciência do que somos já que a comunicação não é estática e sim puro movimento.
A liderança deve estar aberta para ouvir e trocar, mas somente conseguimos levar o outro até onde estamos e não além. O líder, para levar o outro além, deve primeiro parar, olhar, observar, ouvir e não controlar - não controlamos nada no outro, muito menos a comunicação.
Com a pandemia e o trabalho remoto, liderar segue sendo um processo grandioso de confiança. Confiança é um processo muito longo, sem fórmulas mágicas.
A Comunicação faz parte do processo de liderança, ela vem de dentro, é interno, pessoal. Habilidades comunicativas não são artifícios externos.
Os líderes chegam nas organizações, da forma como aprenderam a se expressar ao mundo, que muitas vezes, difere da forma da sua equipe. Nesse cenário entra em jogo a empatia.
Empatia é você se desprender de você mesmo e dar genuinamente ouvido ao outro, fazer parte da história do outro. Isso é muito maior do que se colocar no lugar do outro.
A empatia tem uma forte relação com a investigação, perceber o outro e perceber a mim mesmo. As pessoas muitas vezes se calam, engolem e acreditam que o outro sabe o que estão pensando. A verbalização é uma conquista diária e um processo de maturidade – poder escutar e dizer, mesmo aquilo que seja difícil. De forma respeitosa, tudo pode ser comunicado.
Novos líderes que assumem novas equipes durante a pandemia, tem o desafio de construir confiança de forma 100% digital. Conhecer o time através de reuniões individuais-virtuais e criar sinais comunicativos de conexão já que confiança não se impõe, é atenção genuína, tem profundidade. É estar disponível.
Com o trabalho remoto e liderança a distância, mudou-se o meio mas não a velocidade da confiança.
O meio digital não nos distanciou, nos reinventamos. Nos vemos de fora, via zoom, onde estamos projetados como um espelho, nos observando mais. Nossa intenção está muito mais alinhada com nossa expressão comunicativa.
Certamente, temos pontos fortes e muitas falhas, mas mostramos nosso melhor quando alguém se sente acolhido conosco – esta é a grande comunicação, o grande ato de tornar comum.
Encontrar palavras para a eficácia da nossa comunicação se faz mais crítico no meio digital, temos menos espaço para vácuos. Este distanciamento nos fez evoluir, virtualmente estamos mais ligados a palavras do que expressões não verbais/corporais. No espaço virtual, o silencio nos traz angústia.
Temos muito mais sentimentos do que palavras para expressá-los, a distância, expressões corporais não são concretas – é necessário verbalizar.
Temos mais sensações e emoções do que palavras e, neste momento de distanciamento temos o maior desafio em colocar palavras em nossos sentimentos. Este é um dos maiores movimentos de interioridade, pois temos que nos visitar para entender o que queremos dizer.
Quando genuinamente nos conectamos conosco mesmo, antes de nos conectar com o outro, o fazemos melhor e geramos conexão.
Comunicação é buscar a nossa melhor versão. E essa busca nunca se acaba.
Escrito por Raquel Albernaz e Larissa Diniz, com participação de Ana Lucia Spina
Bibliografia e inspiração:
- Artigo publicado pela HSM Management “Liderança e Trabalho Remoto”
- Vídeos e publicações Simon Sinek
Feliz pela criação de conteúdo relevante e autoral, profundidade nas discussões e perspectiva humanizada. Curadoria robusta, participação ativa. #foodforthought
Conteúdo na integra IGTV: https://lnkd.in/epVqF3m