Menos Design Thinking e mais Design Doing

Menos Design Thinking e mais Design Doing

Se não vai ter carnaval podemos dizer que o ano já começou? Acho que sim, né? 

Uma reflexão sobre os desafios que enfrentaremos daqui pra frente.

Estava numa reunião com uma galera massa do SEBRAE PE, SEBRAE Nacional, da CUFA, do Instituto Negralinda, além de Claudio Nascimento. A pauta era o que fazer na Semana do MEI (Micro Empreendedor Individual) que vai rolar em maio. Comecei logo destacando minha agonia com a quantidade de tempo que a gente gasta FALANDO sobre os problemas. Muito maior que a energia que botamos para resolvê-los. E não tô falando dos grandes problemas do mundo, apenas. Serve pra tudo, até pra tomada quebrada no canto da sala há dois anos que a gente comenta, comenta, e não ajeita. 

Pois me arretei e meu lema para 2021 será esse: Menos Design Thinking e Mais Design Doing. Antes de qualquer polêmica não tenho nada contra essa ferramenta massa que inclusive é uma das principais referências para a nossa metodologia que levamos para as salas de aula. A bronca é que normalmente as pessoas rodam essas dinâmicas mas não saem delas, não avançam até o protótipo final para ser implementado. Design thinking é pra ajudar a fazer mas muitas vezes as pessoas não fazem, ficam apenas no pensar. Problema é matéria-prima para promover transformações significativas para a humanidade, mas só mudamos o mundo se as soluções pensadas forem pra rua. Se virar realidade, muda o mundo.

O lance é que depois de tudo o que enfrentamos em 2020, esgotamos nossa paciência com o excesso de conversas. Vamos canalizar nossa energia para algo como: blza, temos um problema, o que podemos fazer para resolvê-lo? Vamos juntar uma galera, estudar essa bronca, pensar em possíveis caminhos, botar em prática alguma solução que possa vingar, analisar o resultado, e compartilhar as soluções para que outras pessoas possam replicá-las. Mas tem que ser logo. Precisamos exercitar ao extremo a lógica do VAI LÁ E FAZ. E no mundo real, nas periferias, sempre foi assim. Precisamos seguir mais o exemplo dessa galera, e não só do povo que tá lá em Harvard, ou na USP. Mais uma vez, nada contra esse pessoal, tá? Ao contrário! É soma! Precisamos acelerar mais as transformações internas, no nosso juízo, para conseguirmos acompanhar as transformações externas, digitais, sociais, comportamentais. 

Porque o PIB das favelas brasileiras é maior que o de 20 Estados brasileiros e de países como Paraguai, Uruguai e Bolívia? Existe uma engrenagem econômica e social que funciona apesar do Estado, apesar das teorias econômicas sobre como resolver crises magicamente (e não estou falando das milícias que só atrapalham e limitam o desenvolvimento dessas comunidades). Essa galera continua se virando e tocando suas vidas. Minha reflexão é sobre como podemos ajudar a tirar esse “se virando” e “tocando suas vidas” da conversa, substituindo por “criando e vendendo algo que me deixa feliz”, ou “aumentando a rentabilidade do que vendo e já me deixa feliz”. Quando insisto na importância de levarmos a formação empreendedora para as escolas, não é com a intenção de formar empresárias e empresários, consequência não necessariamente desejável, mas sim para ajudar a conectar crianças, jovens, qualquer pessoa com o espírito empreendedor e inovador. Porque esse espírito certamente impactará a vida dessa galera em qualquer caminho profissional a ser trilhado, mesmo que no final algumas dessas pessoas virem empresárias. 

E para aprender a estimular esse espírito inovador existem algumas ferramentas bacanas (como design thinking) e as melhores passam por uma missão básica a ser cumprida. RESOLVER UM PROBLEMA. Vê só, não tem mistério. Se você encontrar um problema relevante para uma quantidade X de pessoas, e encontrar uma solução para resolvê-lo, ou pelo menos minimizá-lo, e for possível vender essa solução por um valor viável, você tem um negócio. Defendo que a conversa com a galera que está na dúvida se pede demissão para empreender, ou com as pessoas que já estão na luta para segurar a onda nesse momento difícil, seja bem objetiva:

- Que tipo de problema você é capaz de resolver ou de repente consegue juntar uma galera pra resolver?

- Essa possível solução se destaca de alguma forma em relação a outras existentes, ou é realmente nova?

- Será que tem quem pague por ela?

Pronto! Tenta organizar da melhor forma essa solução e o mais rápido possível, e bota no mundo. Tenta vender. Se der errado, começa de novo. Se der certo, vai melhorando e melhorando o tempo todo. O mais importante nesse momento e nesse ano que está começando é: menos design thinking e mais design doing. Bora Moer?

Edgar Andrade 

25 de janeiro de 2021. Começou o ano!

Obs. Quero agradecer especialmente a Evelyne Labanca (SEBRAE Nacional) por ter me inspirado a escrever esse texto. Ah! Se você trabalha com educação ou conhece alguém que trabalhe com educação, se liga que vamos rodar um curso gratuito Inovação na Aprendizagem, vai ser nos dias 27 e 28 de janeiro às 19h. É só clicar aqui embaixo.


Jemerson Barros

Product Designer @ FCx Labs

3 a

Uma das teclas que eu mais pego no pé nos times que participo, falta atitude, é preciso que eu tome a frente pela ausência dela. Texto incrível!

Evandro Peixoto da Silva

Service Delivery Manager na Marlabs | RPA, Migração e Transformação

3 a

Concordo com o Menos Design Thinking e Mais Design Doing. Tem que fazer acontecer

Altamiza Melo

Coordenadora da CUFA Pernambuco/ Diretora de Projetos na Re.Favela/ Sócia na Eco Grana| AM Soluções em Cultura

3 a

Tava aguardando este texto. Show!!!

Edgar Andrade

Head Startupbootcamp no Brasil, sócio fundador do Fab Lab Rec e juntador de gente.

3 a

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