Menos horas, mais qualidade: Os benefícios da redução da jornada de trabalho

Menos horas, mais qualidade: Os benefícios da redução da jornada de trabalho

Na enquete da semana passada, perguntamos à comunidade quem aceitaria reduzir a remuneração para ter uma jornada de trabalho de apenas 04 dias semanais. E contrário ao que muitos acreditariam, 48% das pessoas responderam positivamente à questão. Sinal dos tempos, muito provavelmente, a balança penderia fortemente para o "não" caso fizéssemos a mesma pergunta há 10 atrás. Mas a valorização da qualidade de vida e o surgimento de uma nova geração que questiona o modelo da vida profissional à frente da pessoal ( ou mesmo se existe uma vida que possa ser separada desta forma), denota uma clara mudança da relação das pessoas com o trabalho.

Como toda mudança social ampla, a redução da jornada caminha a passos lentos, mas constantes, com experiências em andamento, inclusive em paises em desenvolvimento ou que, culturalmente, trazem um acento de dedicação excessiva ao trabalho. O Chile, por exemplo, tramita em estágio avançado uma proposta de governo que reduz o número de horas semanais de 45 para 40, dando a possibilidade dos trabalhadores para negociar com os patrões uma jornada de 4 dias de 10 horas, em troca de um fim de semana prolongado perpétuo. E isto, sem a redução dos salários.

Até 2018, trabalhadores sul-coreanos, não raro, cumpriam jornadas de 20 horas diárias em suas empresas. A pressão popular, reforçada por problemas de saúde ocupacional, casos de suicídio e até a redução drástica da taxa de natalidade devido ao pouco tempo livre para namorar, levaram o país a Coreia do Sul a reduzir sua carga horária máxima semanal de 68 para 52 horas (!!). Recentemente, o governo do país preocupado com a escassez de mão-de-obra, tentou emplacar a retomada de um novo limite de 69 horas, algo imediatamente rechaçado pelos trabalhadores millenials e da geração Z.

Os países e organizações que fizeram experiências com a redução de jornada relatam benefícios:

  • Aumento de produtividade: a empresa Solpack Agronet, no interior de São Paulo, afirma que a redução da jornada em 02 horas diárias aumentou a produtividade das equipes em 25%;
  • Prevenção de problemas de saúde: segundo a Organização Mundial da Saúde, trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta em 17% o risco de morrer de doença cardíaca, e em 35% o risco de ter um acidente vascular cerebral em comparação com uma semana de 35 a 40 horas;
  • Motivação: 78% dos trabalhadores britânicos que adotaram uma jornada de 04 dias semanais apontam estar mais felizes com seus empregos. Ao mesmo passo, 70% deles se dizem menos estressados e 68% atestam ter faltado após a flexibilização;
  • Impacto ambiental: A lógica é a mesma do rodízio de veículos: com menos carros na ruas se deslocando de casa para o trabalho e vice-versa, há uma queda proporcional do consumo de combustível, da poluição sonora e atmosférica:
  • Igualdade de gênero: Muitas mulheres são responsáveis quase exclusivas por cuidar de suas famílias e têm menos tempo disponível para o trabalho remunerado. A jornada flexível pode trazê-las ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que resgata maridos, e seu novo tempo livre, para cumprir com os mesmos papéis em um regime de divisão das atividades, de acordo com a escala de horários;
  • Geração de empregos: O tema é polêmico, e carece de mais tempo para ter os resultados medidos. Mas o que alguns especialistas e sindicatos defendem é que com mais horas vagas a serem preenchidas nas empresas, o número de contratações aumenta naturalmente.


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