Mensagem aos reclamões do LinkedIn
O LinkedIn virou muro de lamentações.
É uma reclamação sem fim dos salários praticados pelas empresas, de processos de seleção considerados injustos, de desrespeito e supostas injustiças cometidas pelos departamentos de RH e seus recrutadores, entre outros. É muito blábláblá que não leva ninguém a lugar nenhum, só semeia a discórdia sem sentido, e abre terreno para oportunistas se aproveitarem do seu momento para arrancarem algum dinheiro seu vendendo esperança.
E com a escalada do desemprego potencializada pela pandemia, essa rede social virou um vespeiro.
Eu sei como as pessoas se sentem com relação ao desemprego. Já passei por isso também quando resolvi mudar de área de atuação.
Mas muita gente começa a se apoiar nessas muletas para justificar sua condição ANTES de refletirem profundamente sobre o porquê de estarem nessa condição. Claro que é muito mais cômodo colocar toda a culpa sobre o mundo lá fora. Só que essa atitude não ajuda ninguém em nada e ainda pode comprometer a imagem delas.
Eu não sou dono da verdade, mas já tenho muitos anos de estrada, já passei por diversas empresas e gosto de transmitir visões de perspectivas diferentes que podem ajudar as pessoas a saírem da paralisia em que estão.
Se você colocar o pé no chão, buscar entender como as coisas realmente funcionam no contexto atual e no mundo real, e usar mais a cabeça e menos o coração, com certeza será estará mais apto a encontrar uma luz no fim do túnel para diversas situações de sua vida, inclusive o desemprego.
A seguir selecionei alguns fatos que entendo que, se você buscar compreender e aceitar de forma mais fria e lógica, irá ser mais feliz e começará a parar de perder tempo com lamentações:
- Sem empresas não haveria emprego. Valorize as empresas e principalmente seus empreendedores, pois são eles que tiveram a coragem e determinação para empreender e criar as oportunidades que você tanto almeja e necessita;
- Empresas não são mães ou instituições de caridade. São organizações que objetivam lucro através do seu trabalho;
- Seu emprego é um contrato de trabalho. Não é uma relação de amizade ou amor com a empresa, e sim um acordo formal onde ambos têm responsabilidades bem definidas;
- Você também é responsável pelo seu desemprego. A economia do país precisa estar saudável para dar condições para as empresas gerarem empregos, e para isso precisamos de pessoas no poder que se engajem com esse objetivo. E quem elege essas pessoas somos nós. Tente se lembrar em quem votou para deputado estadual, deputado federal e senador nas últimas eleições. Se não se lembra, você é um dos grandes culpados pela situação atual da economia. E se você se lembra mas não acompanhou o que foi prometido e o que foi cumprido, então dá na mesma. E não venha dizer que o poder corrompe qualquer um para justificar sua negligência. Se você acha isso é porque é um deles, e portanto, merece com louvor a situação em que você se encontra.
- Seu salário é definido pelo mercado. Não adianta achar que você vale o que acha que vale. Seu salário é definido pela relação oferta e procura de profissionais no mercado e não pela sua experiência ou qualificação. Durante crises econômicas há menos consumo. Com menos consumo, menos produção, mais demissões, mais desemprego e mais oferta de profissionais no mercado. E as empresas não irão pagar o mesmo salário que pagavam antes da crise, pois para sobreviverem em meio à crise, precisam diminuir custos para tentar manter seus produtos acessíveis para VOCÊ MESMO, que está desempregado, mas que precisa continuar comprando para que as empresas sobrevivam e mantenham a oferta de empregos. Portanto, tudo isso faz parte da engrenagem do sistema capitalista sob o qual NÓS ESCOLHEMOS viver. Portanto, pense bem antes de reclamar de uma empresa que oferece um salário muito menor do que você considera justo. E se ainda acha que é injusto, vá para Cuba ou para a Coréia do Norte e depois de um tempo volte para retomarmos essa conversa.
- Uma empresa é feita de pessoas como você. Pessoas que cometem erros, que trabalham sob pressão, que muitas vezes não são treinadas adequadamente e cujo trabalho pode estar sendo afetado por problemas pessoais. Pessoas que podem até estar em um emprego que não gostam, somente porque não tinham outra opção. Portanto, pense duas vezes antes de reclamar de um processo seletivo conduzido por uma empresa, e pense três vezes antes de reclamar do recrutador ou do departamento de RH. Sem contar que muitas empresas nem tem condições de ter um departamento de RH e tem que se virar com o que tem, mas que para nossa sorte estão ali, oferecendo oportunidades. Não estou justificando todos os acontecimentos ruins que ocorrem entre empresa e candidato, muito menos queles que infringem a lei, mas apenas lhe dando um toque para que você reflita melhor a respeito.
- A forma como cada empresa contrata é um problema da empresa. O que você acha que é certo ou errado não importa. Cada empresa tem uma cultura e define suas políticas de contratação. Se os processos são obscuros, se dão prioridade para indicações, se não dão feedback, se você acha que os processas são "carta marcada", não importa. Reclamar disso é uma perda de tempo e não vai te levar a lugar algum. Não gostou? Parta para outra.
- As empresas não têm obrigação de dar feedback. Nesses últimos anos criaram um tipo de consenso exagerado de que as empresas têm uma obrigação incondicional de dar feedback para o candidato sobre o processo seletivo e de que a falta dele é um desrespeito ao profissional. Isso é uma bobagem! Ter feedback seria o ideal? Claro que sim, e muitas empresas praticam. Mas não vivemos no mundo da fantasia e não precisamos atuar como bebês chorões. Não deram retorno? Depois de uma semana, ligue para a empresa e peça um status. Não conseguiu contato ou estão “cozinhando o galo”? Siga a vida. Vai ficar reclamando disso para quê? Não vai te levar a lugar algum.
- Saiba se vender. Você manda currículos para todo mundo e nada de resposta? Simples: na grande maioria das vezes o motivo é que você não está sabendo abordar o mercado ou se vender para ele. Procure identificar as falhas. Se tiver dificuldade, busque ajuda. Lembre-se do ditado: “Se você busca por resultados diferentes, tem que tomar ações diferentes”. Se você continua tomando as mesmas ações, não adianta ficar reclamando que tudo vai continuar na mesma.
- Você é o que você escreve. Postagens em redes sociais que transmitem desequilíbrio emocional, insegurança, desgosto ou ódio não contribuem em nada para aumentar suas chances no mercado, por mais justificáveis que sejam. Empresas buscam pessoas que conseguem lidar com problemas e situações de pressão e stress de forma controlada. Portanto, mesmo que esteja em situação desesperadora, pense duas vezes antes de postar algo que não seja estritamente profissional.
Espero que esse texto tenha ao menos te incitado a pensar por outra perspetiva sobre pelo menos um dos assuntos abordados. Se eu consegui, então tive sucesso.
Autor: Bruno Angelo - Contato: brunoangelo.artigos@gmail.com
Nota: O público alvo deste texto são profissionais assalariados com escolaridade a partir do ensino médio, e o texto compartilha opiniões exclusivas do autor.
Engenheiro Civil e Engenheiro de Segurança do Trabalho na MB SAFE FIRE | Manutenção Predial
3 aExcelente análise Bruno, penso da mesma forma!!!!!