Mercado avalia comentários e alianças políticas

Mercado avalia comentários e alianças políticas

*O texto foi publicado originalmente em A Bula do Mercado

O mercado financeiro brasileiro segue empolgado com a possibilidade de Jair Bolsonaro ser eleito e avalia que dificilmente Fernando Haddad conseguirá superar o rival, dada a diferença de quase 20 milhões de votos no primeiro turno. Os investidores seguem atentos aos comentários dos candidatos e às alianças políticas, enquanto aguardam a divulgação da pesquisa Datafolha (19h) e o primeiro confronto entre direita e esquerda - talvez amanhã.   

Ontem, Bolsonaro concedeu entrevista ao Jornal da Band e falou em rever a privatização da Eletrobrás “para não entregar tudo aos chineses”. Falou ainda em baixar impostos, isentando o Imposto de Renda para ganhos mensais de até cinco salários mínimos e onerando a classe média com uma alíquota de 20%. Defendeu também uma reforma da Previdência mais branda e o projeto de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. 

Hoje, é a vez de Haddad falar ao Jornal da Band. Mas ontem chamou atenção o comentário do candidato do PT sobre a necessidade de uma reforma previdenciária parcial, atingindo estados, municípios e também o poder Judiciário. Questionado sobre quem seria seu ministro da Fazenda, ele esquivou e disse que, se eleito, será alguém ligado à produção - mas não será um banqueiro.

A movimentação dos candidatos em busca de apoio e os nomes que podem compor suas eventuais equipes de governo estão no radar. A tendência é de que confirmado o amplo favoritismo de Bolsonaro, nas pesquisas e nos debates, o mercado financeiro brasileiro comece uma “lua de mel” com o próximo presidente, apostando na agenda liberal e reformista para o país a partir de 2019.

Porém, a implementação dessa pauta pode encontrar resistência no Congresso. Com vários partidos abrindo mão de apoiar qualquer um dos dois candidatos que disputam o segundo turno - como já se posicionaram PSDB, PP, DC e Novo - e o PT ou o PSL saindo derrotado na disputa, a oposição tende a desempenhar um papel importante, acirrando as discussões.

As executivas de Solidariedade, PDT, Podemos e Rede reúnem-se hoje e devem anunciar se apoiam algum candidato ou se irão optar pela neutralidade. A grande expectativa está em torno do PDT de Ciro Gomes, terceiro colocado na disputa presidencial e que obteve mais de 10 milhões de votos.

Já o PTB irá apoiar Bolsonaro; enquanto PSOL, PSB e PPL apoiarão Haddad. Ainda falta o MDB, mas o candidato do partido, Henrique Meirelles, derrotado no domingo, afirmou que não apoiará nenhum dos candidatos no segundo turno.

Assim, a governabilidade pode ser difícil, seja quem for o vencedor. A sensação é de que deputados e senadores congresso tendem a sabotar a agenda de governo, se for o Haddad, e chantagear as propostas de Bolsonaro, se ele vencer. Nesse caso, o peso da chantagem (ou da sabotagem) pode ser maior que o da aliança.

Com isso, os investidores devem se preparar para vivenciar um período de elevada volatilidade, com as pesquisas, os debates e todo o noticiário eleitoral trazendo um intenso vaivém aos negócios locais. Esses altos e baixos só tendem a diminuir quando houver certeza em relação ao resultado do segundo turno das eleições e à agenda de reformas a partir de 2019.

É um clássico da política brasileira dizer que o segundo turno é uma nova eleição. Mas a polarização entre os candidatos, marcada pelo anti-petismo e os contrários a posturas antidemocráticas, torna o embate final bem diferente de qualquer outro desde 1989.

Talvez por isso, ambos os candidatos iniciaram a disputa sinalizando que devem rumar em direção ao Centro, vindo dos extremos, comprometendo-se com a democracia e com a Constituição vigente. Nesse caminho, o candidato do PT precisa ser cauteloso para não perder o apoio atual, ao passo que o candidato do PSL teria de abrir mão do discurso autoritário que sempre teve ao longo da carreira - construída em defesa da ditadura e da tortura.

A ver como essas questões serão tratadas na propaganda eleitoral gratuito nos meios de comunicação de massa, que começa na sexta-feira, e nos debates entre os presidenciáveis. O primeiro duelo na TV está previsto para amanhã, na tela da Band, mas vai depender de autorização médica da equipe que acompanha Bolsonaro, que ainda se recupera após o ataque a faca em ato de campanha em Minas Gerais. 

Já o Datafolha confirmou para hoje a divulgação da primeira pesquisa eleitoral do segundo turno. A coleta acontece nesta quarta-feira e os números serão conhecidos à noite - salvo, algum vazamento, como ocorrido com o levantamento da quinta-feira passada. Serão feitas 3.240 entrevistas para medir a repercussão do resultado do primeiro turno junto aos eleitores.

Entre os indicadores econômicos, a agenda segue esvaziada e sem divulgações relevantes. No Brasil, sai a primeira prévia do IGP-M deste mês e os dados parciais do fluxo cambial (12h30). Nos Estados Unidos, destaque para o índice de preços ao produtor (PPI) em setembro (9h30) e para os estoques no atacado em agosto (11h).

Lá fora, os mercados internacionais estão sem um rumo definido, monitorando o comportamento dos títulos norte-americanos, que dão sinais de estabilização, porém em níveis mais elevados. O juro projetado pelo papel soberano de 10 anos segue acima da faixa de 3,20%, o que mantém o vigor do dólar em relação às moedas rivais e reduz o ímpeto dos negócios com ações.

Os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho nesta manhã, contaminando o início do pregão na Europa, após uma sessão de ganhos na Ásia. As bolsas da China passaram a sessão de lado e encerram o dia com leves altas em Hong Kong e em Xangai. Já o dólar absorve os comentários do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o Federal Reserve estaria subindo a taxa de juros em um ritmo muito acelerado.


Eliete Veras

Profissional de Composição e revisão de textos

6 a

Sabe do que mais, somos sim um país de excluídos, basta ler o que escrevem os especialistas usando dezenas de palavras em inglês e deixando para  escanteio o cidadão e trabalhador comum que produz comida, roupa, remédio e serviços para que a humanidade insana siga produzindo guerras sejam estas com armas ou palavras. Ah " Tempos modernos" e  "O grande ditador" de Charlie Chaplin.

Márcio Silva

Guia de turismo na Rio Amazing Spots

6 a

Mercado e tao nojento que no se importa com os meios.

Em outras palavras: o Mercado (essa entidade estranha e indecifrável) flerta com o fascismo. Não poderia ser diferente considerando a História. Aliás, quando se fala em mercado ( ou seria o a turma beneficiária da onda neoliberal que se caracteriza por saquear?) no caso brasileiro nada mais elucidador do que apoiar ou ficar "eufórica" com um candidato sem credenciais alguma para gerir qualquer espelunca e um economista medíocre que parece ser responsável pelo bem ou o mal. Salve-se quem puder parece ser a lógica caso a desgraça aconteça. o problema é que salva-vidas existentes são para poucos. Filme com enredo conhecido. A orquestra (desafinada) está aí para mostrar...

A pergunta que não quer calar? Em meio a esses questionamentos, como fica a grande massa da população? Sem emprego, saúde, educação e segurança. Tudo isso só prova uma verdade: Todos eles só governam em benefício próprio.

As alianças só provam que o país está sendo infestado por uma comunidade política que quer poder e n funcionar para causa nacional , diante da maior fraude do país , um partido que quebrou país quer , a todo custo, votar só poder .Enquanto se discute política , alguns discutem poder.

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