Visibilidade Zero...

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E essa agora do senador Valdir RAUPP de propor na tribuna eleição presidencial em outubro? RAUPP, do PMDB de Goiás, é aliado de TEMER, e falou por ele, dizendo que o vice não quer “ser presidente numa situação dessas, porque, com ou sem impeachment, isso não vai acabar bem”. Você não entendeu? Ninguém entendeu. O DEM acusou uma manobra do PT para eleger LULA e o PT acusou TEMER de querer dar o golpe em DILMA.

Se essa história de novas eleições é jogo ou não, é o que ainda se verá. De certo, o que existe é uma guerra tão pesada nos bastidores e nos submundos do poder em Brasília, que está cada vez mais difícil de decifrar.

Verdade que TEMER não seu deu bem desde o rompimento do PMDB com o governo, que abriu espaço para as negociações de votos contra o impeachment. Pode estar tentando uma estratégia para recuperar sua imagem.

Mas, do jeito que as coisas estão, feias, feias, não dá para duvidar de mais nada.

O impeachment, que até poucos dias atrás era a esperança para o fim da crise, subiu no telhado, e mesmo que dê certo, o pós-DILMA desde já parece estar muito comprometido para permitir ao País uma recuperação

A crise política na capa do NYT afunda o Brasil, enquanto as perspectivas não projetam sequer o amanha.

A volatilidade nos negócios revela que o investidor vai viver um dia de cada vez, no tempo real da crise política, alternando a torcida pela saída de DILMA com os sinais que nada será tão fácil como se pensou.

O medo de que não tenha impeachment nem renúncia nem golpe nem nada prevaleceu nesta 2°F no mercado, porque ninguém mais pode ter certeza do resultado da votação no plenário da Câmara.

A decisão do PP e do PR de não fechar agora os cargos oferecidos pelo governo indica que uma boa parcela dos deputados ficará indefinida até o  último momento. E estes deverão ser votos decisivos.

Diante do rumo incerto que as coisas tomaram em Brasília, os pregões ficam vulneráveis a realizações de lucro, depois de terem ido ao delírio em março com as chances de uma troca iminente do governo.

LULA – Em São Bernardo, ontem à noite, continuou dizendo que governará com DILMA, para “dar uma consertada na política econômica” (...) “nos precisamos recuperar a indústria automobilística e vender carro”.

Pelo menos nesta semana ele não assumirá a Casa Civil, porque o ministro GILMAR Mendes não distribuiu ao plenário do Supremo Tribunal Federal a ação que contestou sua posse, sustada em liminar deste juiz.

A decisão de TEORI Zavascki, nesta 2°F, de negar os pedidos do PSDB e do PSB para anular a nomeação de LULA não entrou no mérito, foi descartada por um motivo formal, como explicou o ministro em seu despacho.

Os partidos optaram por Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), que segundo TEORI não eram adequadas para esse propósito. As ações em mãos de GILMAR Mendes são Mandados de segurança.

Hoje, o ministro GILMAR Mendes participa de seminário em São Paulo, a partir das 9h, na ABEP.

À noite, no Roda Viva, o ministro MARCO AURÉLIO de MELLO, que está gostando de ser “o diferente”, antecipou seu voto a favor da posse de LULA, dizendo que ele pode ser “ a tábua de salvação” do governo DILMA.

SÓ SEI QUE NADA SEI – Bolsa abaixo de 49 mil pontos, DÓLAR acima de R$ 3,60 e DI longo perto de 14% traduzem em números a insegurança do mercado, que já não tem certeza de nada quando o assunto é o impeachment,

Na BOVESPA, as coisas pioraram com as especulações de que a diretoria da PETROBRAS vê espaço para reduzir os preços dos combustíveis, remetendo à pratica da ingerência política. As ações estressaram.

PETROBRAS PN desabou 9,33% para R$ 7,58 e a ON -8,83% a R$ 9,60. O petróleo ajudou a pesar.

À noite, fato relevante negou reajuste nos preços dos combustíveis. “Não há previsão, neste momento”. Mas a empresa disse que “avalia permanentemente a competitividade de suas práticas e condições comerciais”.

Ainda VALE sofreu um surto de vendas, com a PNA caindo 4,72% a R$ 11,31, e a ON -4,64% a R$ 14,79, e os bancos, bom BB ON puxando a fila (-5,67%)  BRADESCO PN caiu 3,68% (R$ 26,57) e ITAÙ PN – 3,5% ( R$ 30,31).

Desde a abertura, a BOVESPA operou no vermelho, fechando em queda de 3,52% (48.779,99 pontos) o giro baixo, R$ 5,46 bilhões, indica que o humor pode virar com a primeira boa notícia do impeachment.

No câmbio, menos convicto da saída de DILMA, o DÓLAR subiu, voltando para cima de R$ 3,60. No fechamento, era negociado a R$ 3,6175 no mercado à vista, em alta de 1,64%. O BC ajuda a botar pressão.

Ontem, vendeu quase 60% da oferta de swap reverso e já anunciou para hoje mais um leilão, além de continuar indicando a rolagem de apenas metade do lote de contratos de swap tradicional que vencem em maio.

No DI, a ponta longa chegou a bater em 14% no pico do nervosismo com a política e, embora tenha perdido algum fôlego, o contrato para janeiro/21 ainda fechou a um triz desta marca, a 13,99% de 13,72%.

Janeiro/18 subiu de 13,54% para 13,66% e jan/17 pagou 13,795% de 13,780% . No caso do trecho mais curto a alta foi limitada pelo aumento da possibilidade de corte da SELIC este ano com as novidades da FOCUS.

Na pesquisa, a mediana das previsões para o IPCA deste ano caiu de 7,31% para 7,28% e pela primeira vez em 2016, o consenso do mercado passou a prever um desaperto do juro pelo COPOM até dezembro.

A mediana das estimativas para a SELIC caiu de 14,25% (estabilidade) para 13,75% indicando um corte de meio ponto em novembro, apesar de uma queda no juro ter sido descartada pelo Relatório Trimestral de inflação.

AGENDA FRACA – Único destaque é o IPC – FIPE de março (5h), que deve ficar estável contra fevereiro.

PETRÓLEO – Retornando à rotina de quedas que tanto assustou os mercados globais nos últimos tempos, o preço da commodity volta a testar os nervos dos investidores, cravando a mínima em um mês.

Por trás deste novo ataque de vendas observando nos dois últimos pregões está a resistência de última hora da Arábia Saudita em congelar a produção na reunião dos grandes produtores, dia 17, se o Irã não acompanhar.

Já tem analista dizendo que a esperança está perdida e que o barril cairá abaixo de US$ 35 nos próximos dias.

Outros menos pessimistas ponderam que os sauditas só estão tentando marcar território e que tudo não passa de uma retórica política e tensão diplomática, já que disputam a hegemonia regional com os iranianos.

Por via das dúividas, o mercado sai vendendo PETRÓLEO. Na NYMEX, o WTI (maio) ampliou a queda em 2,96% e já está a US4 35,70 por barril. Na ICE londrina, o BRENT (junho) acompanhou o ritmo: -2,53% a US$ 37,69.

Como normalmente é negociado junto com o petróleo em muitas cestas de commodities, também o COBRE caiu, começando a semana em forte baixa de 1,8% a US$ 4.760,50 a tonelada.

FALOU E DISSE -  A instabilidade do petróleo fortalece o discurso dovish de YELLEN, ajudando a justificar a demora do FED em retomar o ciclo de alta do juro, apesar de alguns dirigentes continuarem fazendo pressão.

Normalmente visto como uma boz moderada nas decisões de política monetária, Eric ROSENGREN (vota este ano) causou surpresa, ontem, ao afirmar que os EUA precisam de mais elevações de juros e mais rápido.

Mas o mercado não comprou o discurso. Estava mais preocupado com a queda do petróleo, que elevou o apelo por ativos defensivos, como o IENE (111,35/US$). O EURO fechou praticamente estável, a US$ 1,1394.

Também os TREASURIES absorveram a busca por proteção, que se traduziu em queda dos yields de curto e de longo prazo. A taxa de dois anos recuou a 0,740% de 0,748%, e a de dez anos cedeu a 1,771% de 1,782%.

Ainda as bolsas sentiram o impacto do petróleo e exibiram alguma cautela com a temporada dos balanços.

DOW Jones caiu 0,31% (17.737 pontos), S&P 500, - 0,32%  (2.066,13 pontos), Nasdaq -0,46% (4.891,80 pontos).

AGENDA EXTERNA -  O dia nos EUA começa às 9h30, com mais um déficit da balança comercial em fevereiro. A previsão é de um resultado negativo em US$ 46,2 bilhões. Às 11h, sai o relatório de emprego Jolts.

Ainda tem para conferir dois índices de atividade do setor de serviços em março: Markit (10h45) e ISM (11h). Este mesmo indicador será divulgado hoje na zona do euro.

Na Ásia, o BOJ indicou que pode combinar ferramentas de política monetária para restaurar a economia

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