Mercado de trabalho: a triste realidade de ser considerado velho aos 50 anos
Fim de semana na praia, a namorada do meu sobrinho fala assim: “Esse ano eu faço 20 anos e acho que vou ter uma crise porque há pouco eu tinha 15 anos e já estou quase me formando. O tempo está passando rápido demais”. Ela tem razão. Sensação de que o tempo está voando mesmo. Ah, meus 20 anos...
Confesso que até agora não tive crise alguma, nem aos 20, 30 ou 40 anos. Vejo em cada fase um momento único e especial. Há vantagens e desvantagens em todas, o legal é viver intensamente cada uma delas porque definitivamente elas não voltarão. A maturidade chega em boa hora, você centra no que realmente importa, você perde menos tempo e energia com o supérfluo, julga menos, curte mais. Você aprende que seu tempo é algo muito precioso.
Espero não ter crise aos 50 anos e me considerar velha para o mercado de trabalho.
Abordo esse assunto por diversos posts que leio aqui na rede em que profissionais com um belo CV e uma trajetória rica são descartados de processos seletivos em função de sua idade. De profissionais que estavam trabalhando, gerando valor para suas empresas e que, após uma demissão, não conseguem retornar para o mercado porque são considerados velhos. Talvez não seja algo tão explícito, e sim um boicote velado através dos pré-requisitos e critérios exigidos pela vaga.
Vejam só que desafio haverá pela frente:
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões de pessoas até 2050, isso representará 1/5 da população mundial. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil, em 2016 tinha a quinta maior população idosa do mundo (29,6 milhões de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)) e em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos.
As pessoas ingressam no mercado de trabalho aproximadamente aos 20 anos e ao longo dos próximos ela adquire a experiência prática na sua área. Na sequência mais alguns anos em especialização, investimento no desenvolvimento de liderança, em alguns casos, vivência internacional e quando ela atinge uma maturidade profissional ela é considerada velha? Simplesmente não faz sentido.
Se vamos trabalhar até os 62 - 65 anos e a partir dos 50 anos já somos ou seremos considerados velhos para o mercado de trabalho, onde será absorvida essa população economicamente ativa que ainda tem de 12 a 15 anos para contribuir?
Diante desse cenário nada promissor, eu entendo que a mentalidade das empresas contratantes que, por ventura tenha restrição à idade, precisa mudar. Já existem modalidades de recrutamento aplicadas em algumas empresas que ocultam alguns dados como gênero, idade, e outros que visam não estereotipar os candidatos e promover a diversidade. Vejo fundamental também o papel dos “hunters” nesse processo como influenciadores nessa mudança de visão. Ao invés de apenas seguir os critérios definidos por seu cliente, ajudá-lo a pensar mais estrategicamente, se fixando mais nas competências, atitudes e perfis do candidato do que propriamente a pré-requisitos como idade.
E uma ideia para aquelas empresas que já possuem em seu board executivos seniores, que não “corram” de lá os que completam 60 anos. A impressão que eu tenho é de que a pessoa fica perecível do dia para a noite. Não é apego, sou super a favor de uma oxigenação, refiro-me especificamente à sensação de “prazo de validade vencido”.
O interessante é que quando as mesmas empresas contratantes buscam consultores ou conselheiros o fator idade não é empecilho. Aliás, quanto mais sênior e experiente o profissional for, melhor para os negócios. E o que dizer sobre os empreendedores, que criam seus próprios negócios, os amam de paixão e que só param quando a saúde não permite que continuem mais?
Proponho essa reflexão, é possível flexibilizar sim.
Abra o leque, não se prenda à faixa etária até porque competência, atitude, comprometimento, energia e performance não têm nada a ver com a idade e sim com mentalidade.
Sua mentalidade é quem dirá se você já está velho e não o mercado.
Gerenciamento de Riscos | Gestão de Capital | Finanças | FP&A | Tesouraria | Controladoria | Análise de Dados | Estatística
5 aExcelente seu artigo. Fazia tempo que eu não lia uma reflexão tão boa sobre o assunto. Parabéns. E obrigada por "levantar a bandeira" e "influenciar o processo de mudança dessa visão que aos 50 somos velhos e com “prazo de validade vencido”. Muito bom! Grande abraço.
Owner/Dono RGL Consulting/Siemens 25 years/CFO/Renewable Energy/Engineering /Sustainability
5 aAndreia Piltawer Tenho mais de 60 e continuo trabalhando. Adaptação a novos cenários é fundamental Darwin estava certo quando disse que as espécies vivas que sobrevivem não são as mais fortes nem as mais inteligentes; são aquelas que conseguem se adaptar e se ajustar às contínuas demandas e desafios do meio ambiente
Gerente operacional - Pós vendas, Marketing Digital e Web Designer.
5 aMuito triste mesmo, qual foi o critério adotado para considerar essa idade, como fator limitante para um profissional. A aposentadoria só chegará após os 60 anos, quer dizer que ,até lá você fica à deriva! Sem trabalho, “ se virando nos trinta” para pagar seu plano de saúde e seu INSS, muitas vezes, temos que escolher, entre um e outro. Num país, como o nosso, com uma carga tributária altíssima, fica muito difícil empreender. Muito triste! Ser considerado idoso, após seus 50.
Representante Comercial na Trevo Com. e Representações
5 aCom mais idade, mais vivência, mais experiência e com certeza se tiver mais tolerância, terá mais vantagem !