OS NOVOS 50 ANOS

OS NOVOS 50 ANOS

 

Eles mudam de profissão, começam outra faculdade, se divorciam, casam novamente... Conheça a nova geração de cinquentões que, em ótima forma, é protagonista de uma das maiores mudanças de comportamento do nosso tempo

 

Inspirada em histórias de vitalidade, coragem e recomeços protagonizadas por pessoas no auge dos seus 50 anos. Mais ativa do que nunca, a atual geração de cinquentões é protagonista de uma das maiores mudanças de comportamento do nosso tempo. “Estamos passando por uma revolução em relação ao envelhecimento como nunca se viu antes. Não é só uma questão de viver mais tempo, mas também com mais saúde e energia”, afirma Vern Bengtson, professor da University of Southern California e especialista em sociologia do envelhecimento. Com mais anos de vida pela frente, a ordem é não diminuir o ritmo nem ter medo de mudar. “Os padrões de comportamento sofreram alterações, por isso é mais comum pensar em novas carreiras, novos casamentos, prática de esportes audaciosos e formas de se vestir diferentes daquilo que se imaginava até então para os 50 anos”, afirma Mônica Yassuda, psicóloga e professora de gerontologia da Universidade de São Paulo.

 

Mas, enfrentam um desafio na área profissional, qua para aqueles que recomeçam precisam estar preparados.

Para uma outra realidade, onde o profissional de  50 anos ou mais deveria ser valorizado, CADA VEZ ENFRENTAM  as entrevistas, muitos se sentem inseguros e  amedrontados, importante  o valor de uma pessoa madura em vários aspectos, sua bagagem de vida e aprendizados que agregam  contam muito.

Arranjar emprego em meio a toda essa situação de crise financeira em que o país se encontra não é fácil. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), no ano passado, por exemplo, a taxa de desemprego atingida pelo Brasil foi de 8,4%, o que fez o país superar os percentuais médios registrados no mesmo período em anos anteriores.

Neste contexto, quem já chegou aos 50 anos tem um desafio ainda maior para enfrentar por espaço no mercado de trabalho. Para se ter uma ideia, no Rio Grande do Sul, aproximadamente 206 mil trabalhadores com mais de 50 anos estão com o cadastro ativo no sistema Mais Emprego, da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), em busca de uma vaga. Neli Ripplinger, de 58 anos, é um exemplo de quem sente 'na pele' a dificuldade de conseguir uma vaga no mercado. Ela, que está desempregada há cinco meses, busca uma oportunidade de trabalho como cuidadora de idosos.

Estudante de Serviço Social na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Neli ressalta que por ainda não estar formada, torna-se mais difícil de conseguir algum trabalho na área. No entanto, ela não desiste fácil e, por isso, na última segunda-feira, após verificar na porta da agência FGTAS/Sine de Venâncio um bilhete onde constava uma vaga de trabalho como cuidadora, não perdeu a oportunidade, entrou no Sine e deixou currículo.

Na opinião dela, algumas pessoas acima dos 50 anos sentem mais dificuldades para conseguir um emprego em função da falta de qualificação profissional. Entretanto, Neli admite que a idade pode interferir na busca por um posto de trabalho: 'As pessoas, à medida que ficam mais velhas, acabam se limitando e diminuindo a produtividade. Para algumas funções, as empresas procuram mais jovens mesmo'.

ESPECIALIZAÇÃO
De acordo com a coordenadora da agência local do Sine, Alessandra Ludwig, encontrar um emprego quando já se passou dos 50 anos é um desafio, e o que pode interferir nas contratações das empresas é a qualificação profissional da pessoa, ou seja, quanto mais experiente e qualificada em um determinada área, mais ela tem chances de se sobressair. Além disso, Alessandra destaca que se torna importante que as pessoas busquem se especializar independente da idade, pois este é um fator que facilita a conquista de um espaço no mercado.

A coordenadora explica que, às vezes, devido às dificuldades financeiras, algumas empresas necessitam demitir funcionários. Há quem, neste meio tempo, está em processo de encaminhamento da aposentadoria e tem apenas mais cinco anos de trabalho no local. A empresa acaba por optar em ficar com o funcionário que terá mais tempo de serviço. Este, segundo Alessandra, pode ser um fator responsável pela demissão de pessoas acima de 50 anos.

Expectativa de vida elevada
torna os 'cinquentões' jovens

Na opinião de Alessandra Ludwig, a pessoa com mais de 50 anos deve ser considerada jovem, porque a expectativa de vida aumentou nos últimos anos. No entanto, segundo ela, a dificuldade não está exclusivamente na idade, mas sim, na qualificação profissional. Hoje em dia, a internet e as tecnologias predominam, o que, anos atrás, não tinha tanta importância às pessoas dessa faixa etária. Deste modo, na atualidade, este entendimento e conhecimento acaba, muitas vezes, faltando a essas pessoas.

A coordenadora do Sine relata que pessoas com mais de 50 anos costumam procurar emprego nas áreas em que já atuavam. Observa-se que a maioria opta por continuar no mercado de trabalho para obter mais uma renda. 'O que eu vejo, hoje, é que alguns desempregados com mais de 50 anos procuram a agência, porque o que recebem com a aposentadoria não é o suficiente para pagar as despesas', comenta. Entre as profissões buscadas para a obtenção de um salário extra, segundo a coordenadora, estão a de cuidador de idosos e chacreiro.

 

Maristela Magalhães Brites

Jornalista

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