Miami 2016: Crescimento apesar da América Latina
(Esse artigo foi publicado originalmente na Exame.com)
Como se sabe, existe uma sinergia muito forte entre a economia do sul da Flórida e a América Latina. Não é à toa que Miami é conhecida como a capital da região. Quase um quarto da população do Estado da Flórida, ou 4.3 milhões de pessoas, é constituído de hispânicos, que inclui tanto as pessoas de origem latina nascidas nos EUA, como imigrantes oriundos da América Latina.
O impacto econômico da região em Miami é multidimensional, e não só relacionado ao turismo. O Brasil era, até 2014, a principal fonte de turistas internacionais da cidade. Nos últimos anos, venezuelanos, argentinos e brasileiros, foram os principais compradores de imóveis e resgataram o mercado imobiliário de Miami de uma profunda recessão. Os compradores, fortalecidos pelo bom momento economico dos paises da região, pagavam cash tudo o que compravam.
A China pode ser o maior gigante do comércio internacional. Mas em Miami, quem comanda as ações são os sul americanos Brasil e Colombia. Ou seja, a importância da América Latina para a região de Miami é inequivoca.
Mas e o que acontece com a cidade, agora que as economias da região estão capengando e suas moedas se encontram em franca desvalorização?
O principal jornal do sul da Flórida, o Miami Herald, recentemente perguntou a um grupo de CEOs de empresas de varios setores na cidade, se eles acreditam que as dificuldades economicas da América Latina podem afetar a economia do sul da Flórida. A maioria acredita que haverá um certo impacto, mas provavelmente será pequeno, pois a economia de Miami vem se diversificando nos últimos anos e não é mais tão dependente de comércio exterior e turismo como foi no passado.
A crise economica de 2008/2009 ensinou à comunidade de negócios local os riscos de se colocar todos os ovos em uma ou duas cestas. Hoje em dia, o desenvolvimento de setores como tecnologia, finanças internacionais, saúde, construção e serviços profissionais deram a Miami uma sofisticação e latitude nos negócios inexistente há alguns anos atrás. Além disso, apesar da predominancia latioamericana, Miami vem se tornando uma metropole verdadeiramente internacional, com um fluxo mais diversificado de empresarios de outros continentes.
E vale lembrar que alguns setores, como o financeiro até se beneficiam da crise latino-americana, em função do movimento do capital em busca de portos mais seguros e promissores. Em 2016, a cidade alcança o sétimo ano de expansão economica (como o resto da economia americana), com os niveis de desemprego mais baixos desde 2008, e boas perspectivas economicas para o ano, salvo o risco de choques internacionais como, por exemplo, na China.
Os turistas latinoamericanos, por sua vez, continuam a frequentar a cidade, só que em menor número. E dessa vez muito mais preocupado em passear do que comprar. Pelo menos até o dólar dar um refresco.