Mindset de crescimento e liderança sustentável: seu negócio está pronto para inovar? (Parte 3)

Mindset de crescimento e liderança sustentável: seu negócio está pronto para inovar? (Parte 3)

Uma empresa precisa de um líder com o mindset de crescimento para melhorar e preservar os processos, e assim poder crescer e se desenvolver. Essa pessoa deve estar disposta a se comunicar com pessoas de todos os níveis, para avaliar os problemas e pensar em maneiras eficazes de resolvê-los. Se não, ela estará fadada ao fracasso. Veja estes exemplos.

Luiza Helena Trajano começou a trabalhar com 12 anos de idade como balconista na loja dos tios, no interior de São Paulo, que já se chamava Magazine Luiza. Passou por diversos cargos até assumir a direção da empresa. Ela se destacou como uma grande líder por vários motivos. Alguns deles são: em 1992 desenvolveu o conceito de “lojas virtuais”, iniciativa que permitiu a chegada da rede a locais onde ela ainda não tinha presença física, ampliou o relacionamento pessoal, atraiu novos clientes, principalmente os de baixa renda, ao saber oferecer crédito fácil e rápido, com taxas de juros pequenas e prestações que pudessem pagar. Hoje ela é considerada como exemplo de sucesso pelos estudantes de administração, que vêm realizando cada vez mais trabalhos acadêmicos sobre a sua atuação empresarial. Sua gestão também foi objeto de estudo pela Harvard Business School (EUA) como case de sucesso empresarial e a Magazine Luiza por diversos anos foi eleita a melhor empresa para se trabalhar pelo Great Place do Work/Revista Exame.

Jack Welch da General Electric era um líder assim, que mantinha conversas constantes com seus trabalhadores na fábrica e agia dando feedback. Ele se preocupava com seu time, e não com ele mesmo, porque entendia que o sucesso da companhia precisava do esforço de toda a equipe. Ele não dependia do seu próprio talento para alcançar o sucesso, mas trabalhava todos os dias para os interesses da companhia.

Por outro lado, o antigo CEO da Chrysler, Lee Iacocca, era um líder com uma atitude fixa, totalmente focado em si mesmo. Ele não podia crescer e se adaptar às mudanças do mercado e foi eventualmente substituído. Iacocca estava muito ocupado tentando provar seu trabalho para o mundo para conseguir terminar qualquer coisa útil.

A HP, no início da década de 1970, começou a produzir relógios digitais. Mas os líderes da empresa, com grande conhecimento tecnológico, não concordaram com a comercialização desse produto, e a ideia não se desenvolveu. Entretanto, a Suíça passou a fabricar os relógios eletrônicos Swatchs, e ofereceu um produto moderno para um tipo de cliente que a HP não fazia questão de atingir naquele momento, mas que tinha potencial para compra desde que fosse a um custo menor. Conclusão: os líderes da HP não quiserem mudar, não aceitaram um novo desafio, e acabaram perdendo um nicho de mercado importantíssimo. Tão importante que os relógios suíços são reconhecidos mundialmente. A HP? Bom, não podemos dizer o mesmo.

Esse é o caso também da Blockbuster, da Smith Corona, da Firestone e da Kodak. Elas fracassaram, pelo menos em parte, por causa de seus líderes, que insistiram em não inovar. Mesmo possuindo a nova tecnologia, eles não souberam usar o conhecimento para criar novos produtos e serviços para serem vendidos para os novos clientes. Eles não viram valor e vantagem em atrair esses novos clientes. Não se abriram ao novo. Não souberam ler o mercado. Não ousaram sair da zona de conforto. Resultado: ou faliram ou chegaram à beira da falência.

Vamos ver mais de perto o caso da Kodak. Já contei algumas vezes esta história, mas acho ela muito importante para ilustrar essa questão de liderança e o quanto isso é conflitante com o mindset fixo.

Na época da minha adolescência e juventude, a Kodak era a líder de mercado na venda de filmes e papel fotográfico. Lembro que eu ia comprar o filme, que era de 12, 24 ou 36 fotos, e mesmo sendo um pouco mais caro, eu sempre comprava da Kodak. E então surgiram as câmeras digitais, que revolucionaram todo o mercado de fotografia. Na verdade, a câmera digital já havia sido inventada em 1975. E sabem por quem? Por Steven Sasson, um engenheiro que trabalhava no setor de Pesquisa & Desenvolvimento da própria Kodak.

Entretanto, os líderes da empresa entenderam que não valia pena levar a nova tecnologia para o mercado, pois achavam que isso iria prejudicar as vendas de filmes e papel fotográfico. Não podemos negar que nisso eles estavam certos, porque realmente depois que surgiu a câmera digital, nunca mais eu fui comprar filme para tirar fotos. E com certeza você também não. Entretanto, o erro deles foi não ter prestado atenção no seu cliente nem terem considerado a questão da sustentabilidade.

Qual a vantagem de uma câmera digital em relação a uma câmera comum, que utilizava filmes da Kodak? Com a câmera que eu tinha até então, eu poderia tirar no máximo 36 fotos por filme, e torcer para que elas ficassem boas, porque eu não tinha como ver o resultado das fotos antes de revelar. Eu pagava para comprar o filme, e pagava para revelar. E na minha juventude, eu não tinha tanto dinheiro assim para ficar tirando tantas fotos. Então, a maioria das recordações ficavam na memória mesmo, ou ainda tinha que muitas vezes ficar olhando para aquela foto que saiu com a luz em excesso, ou que pisquei, ou toda desfocada. Enfim, era um problema, mas era o que tinha no momento.

Qual seria a solução para isso? Bom, a Kodak já tinha a resposta: a câmera digital. Ela iria sim diminuir a venda de filmes e papel fotográfico, porém iria satisfazer meu desejo de tirar quantas fotos eu quisesse e ver imediatamente o resultado, e se eu não gostasse, poderia apagar e tirar outra. Os líderes da Kodak, que tomavam as decisões, não tiveram a mentalidade de crescimento, não souberam entender seu cliente, e eles avaliaram também muito mal o mercado, insistindo na linha dos seus produtos tradicionais. Quase faliram e ainda perderam uma enorme chance de crescimento, porque além das câmeras digitais se popularizarem, hoje elas estão presentes em muitos outros aparelhos, como os smartphones.

Eles também não consideraram a sustentabilidade para suas estratégias. Se tivessem feito isso, teriam percebidos uma vantagem importante: a economia gerada para o meio ambiente ao economizar na quantidade de fotos impressas. Com uma câmera digital posso tirar dezenas, centenas, milhares de fotos, deixar todas guardadas em um cartão de memória, no celular, no computador, e apenas revelar algumas. Parece pouco, mas isso gera uma economia gigantesca de papel. E o meio ambiente só agradece.

Portanto, se o líder não puder ver oportunidades de aprendizagem em cada erro que pode – e provavelmente vai – ocorrer, se ele não se superar e querer ser melhor a cada dia, se ele não souber ouvir o cliente e não saber interpretar o mercado, se ele não incentivar toda a sua equipe e caminhar com ela, potencializando o que há de melhor e corrigindo os desvios, será questão de tempo para a empresa falir. Entretanto, se o líder possuir o mindset de crescimento, ele vai expandir isso para seus colaboradores e para toda a empresa, e ela própria terá como foco o crescimento, que foi o que aconteceu com a Luiza do Magazine Luiza e com o Jack Welch da GE.

E isso fica mais evidente quando se agrega a sustentabilidade na liderança. Porque o perfil do líder sustentável é o de um profissional que reúne diversas habilidades e competências para gerir com assertividade questões organizacionais, de capital humano e de questões ecológicas, que impactam diretamente a vida de todos os seres humanos, tais como a comunicação, resiliência, assertividade, eficácia, dinamismo, flexibilidade, planejamento, motivação e inspiração.

Por quê? Porque o líder inspira as pessoas. Motiva. Ele mostra o caminho a seguir e caminha junto. São muito respeitados e admirados por todos. Para o líder, seus colaboradores é sua equipe, seu time, e não seus subordinados. Ele ouve a todos e está disposto a tirar dúvidas. E o que é essencial, ele pratica a própria mentalidade de crescimento com sua equipe, e assim como um timoneiro ou um maestro, ele procura trazer o melhor de cada um à tona e valorizar as habilidades de cada um, respeitando suas dificuldades e trabalhando junto com a pessoa para ajudá-la a superá-las. E quando ocorre um erro, o líder assume junto a responsabilidade. 

(Parte 2) - (Parte 4)

Deivison Pedroza

No meu livro Sobre bicicletas e sucesso, aprofundo mais nesse assunto.

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