Minha experiência como voluntário nas olimpíadas Rio 2016

Ser um voluntário nos jogos não surgiu da noite para o dia. Sempre fui muito conectado aos esportes e ao universo olímpico, acompanhando edições (mesmo que poucas, por conta da pouca idade) e torcendo muito pelo Brasil. 

O processo começou quando fui impactado pelas redes sociais informando que estariam abertas as inscrições para o programa de voluntários, e logo resolvi me inscrever. Passei por dinâmicas online e presenciais e alguns informativos, até que no final de 2015 recebi a tão esperada "carta convite" de que eu estaria "dentro" e qual seria minha função e local de trabalho: Event Services  na Arena do Futuro, dentro do Parque Olímpico.

Após confirmar meu real interesse, recebi minha escala (faltando uns 3 meses antes dos jogos começarem) e só faltava arrumar tudo e #PartiuRio. A expectativa era muito grande, afinal eu poderia fazer parte de algo que antes parecia distante, e que agora estava (quase) do lado de casa.

Chegado o grande dia, fui para o Rio de Janeiro em meio a loucura do dia da cerimônia de abertura e consegui pegar minha credencial e uniforme nos 50 minutos do segundo tempo (de verdade, foi muito corrido). Após estar devidamente paramentado, faltava esperar algumas horas para tudo começar. Longas horas, reconheço.

Primeiro dia encontrei dificuldades no BRT Transolímpica, o mais próximo para o meu trajeto; funcionários mal treinados que sabiam pouco quando questionados. O que me ajudou e muito foi o aplicativo de transportes TRAFI; esse sim estava muito bem informado e com os horários do BRT sempre corretos, foi uma grande salvação durante a olimpíada. Nos outros dias os transportes funcionavam bem, mas eu ajudei (com o maior prazer) muitas pessoas que não conseguiam informação e estavam perdidas assim como eu no primeiro dia.

Depois de chegar a estação que dava acesso ao Parque Olímpico da Barra, era necessário caminhar uns 20 minutos até a entrada, e depois de passar por uma rigorosa revista, era necessário caminhar quase meia hora até a Arena do Futuro (sim, ritmo olímpico total de maratona). 

Quando entrei pela primeira vez no local, foi uma sensação indescritível. Misto de emoção e felicidade, orgulho de estar ali e ainda no meu país - a estrutura no Parque não deixava a desejar a nenhum lugar no mundo! Sei que houveram outros problemas e que precisavam sim ser resolvidos, mas a entrada naquele Parque era mágica, a energia e o espírito olímpico que emanavam ali eram inexplicáveis.

Mesmo com os treinamentos, pude realmente ver o que faz um EVS (sigla para Event Services, e como éramos chamados carinhosamente entre as áreas funcionais) no primeiro dia de trabalho: basicamente controle de acesso, informações e recepção de público (com muita animação, é claro). Me identifiquei mais com a equipe azul, que ficava no Front Of House, recepcionando o público que chegava na arena, escaneando tickets, informando e obviamente animando todos que chegavam, porque espírito olímpico a"Brazil" como disse Thomas Bach você só encontra aqui.

Todo o período de 8 dias de trabalho foi incrível. A estrutura era muito boa, havia alimentação, área de descanso, folgas durante os dias trabalhados, pessoas felizes a todo o momento que foram excelentes durante o voluntariado e uma equipe de coordenadores, supervisores e gerentes que são excepcionais! Aliás, a maioria dos profissionais que eu me deparei eram incríveis. 

Pude aprender muitas coisas, colocar habilidades a prova e fazer parte desse momento memorável que nosso país viveu. O evento tinha problemas, tinha defeitos, algumas estruturas tiveram problemas - mas algo que é natural e alguns deles também aconteceram em outras edições dos jogos e não por ser no Brasil.

Concluo por mim e por todos que estavam a minha volta: o saldo é incrivelmente positivo, quem estava disposto a ser voluntário e trabalhar de fato teve uma experiencia ímpar e vai poder carregar consigo o legado de ter participado desse grande momento.