MINHA FOGUEIRA DE INFÂNCIA.

Um dia, corria o mês de junho, do alto dos meus nove anos resolvi fazer uma fogueira. Já havia visto outras fogueiras sendo feitas na minha rua, as vi sendo acesas em frente das casas, vi seus braseiros cercados de gente que conversavam alegres, vi sua luz iluminar o caminho por onde as pessoas andavam que não considerei difícil realizar tal tarefa. E absorvido por tal ideia, atirei-me à realização de tão fantástico projeto.

Como me faltava o conhecimento acerca do tipo de madeira mais adequado a usar, uma que acendesse fácil e fizesse um fogo alto e vermelho, lancei mão de primeiro vegetal que encontrei (a presunção do saber só me veio mais tarde, quando o adulto emergiu – ainda bem – caso contrário, teria atrapalhado toda aquela aventura).

Confiante, parti em busca da matéria prima para este empreendimento e não foi preciso procurar muito, pois bem ali, em um terreno baldio ao lado de minha casa, encontrei-a tombada. Para ser sincero, não pude entender como é que alguém já não a havia levado para ser queimada, pois parecia ter todas as qualidades de uma boa madeira. Era roliça, retinha, tinha um bom diâmetro e já estava toda cortada. Até parece que nasceu para virar fogueira.

 – Esta vai servir! Pensei.

E envolvido nesta determinação, depressa a levei para o local que já havia escolhido para a construção. Um a um, fui empilhando os rolos e aos poucos fui vendo a torre se erguer. Quando o último pedaço foi posto no lugar e pude contemplar o resultado do meu trabalho, fiquei orgulhoso de mim mesmo.

Tal visão desencadeou uma expectativa avassaladora, daquelas que não se pode conter até que seja totalmente consumada pela realização imediata e completa do desejo. Agora, era preciso atear fogo o mais rápido possível, afinal toda fogueira tem que acender para mostrar que queima de verdade.

 E assim fiz, juntei papel no centro do quadrado e ateei fogo, uma, duas, três, inúmeras vezes...! A face da desilusão se mostrou estampada em meu rosto. Não conseguia entender porque o fogo não pegava e acendia aquela madeira. O que fiz de errado? O que estaria faltando? Não podia acreditar que ela se negara a queimar.

Tendo sido esse meu empreendimento inesperadamente frustrado, fui embora triste e desolado pelo fracasso. Somente depois de muito tempo é que fui descobrir que toras de bananeiras não gostam de pegar fogo!

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