Os caminhos do RH
Considero correto dizer que para uma empresa se manter saudável o seu gestor, além de outras variáveis que necessitam ser muito bem geridas, precisa enxergar se seus recursos humanos também estão saudáveis. E esta analise cabe ao setor de RH, a quem compete selecionar, treinar e, por que não dizer, cuidar. Trabalhei dezessete anos em uma empresa e puder acompanhar esta gestão em três momentos distintos.
O primeiro momento foi um tanto quanto embrionário, pouco se sabia sobre procedimentos ou técnicas. As seleções se limitavam à recepção dos candidatos e seu encaminhamento aos interessados para entrevistas e testes, sendo até comum cada chefe procurar e selecionar o recurso que necessitar. Foi assim comigo, quando fui entrevistado no restaurante da empresa. Mas, era um momento bom, porque era verdadeiro. As pessoas procuravam fazer seu trabalho da melhor forma possível e aprendiam com os próprios erros.
O segundo momento, foi marcado pelo surgimento dos protocolos e técnicas, embora que rudimentares. Mas, algo interessante aconteceu nesta fase. O RH foi acolhido pelos funcionários, os setores gostavam de ajudar o RH e este sabia que podia contar com todos para a realização de seus projetos. O envolvimento dos funcionários era tão evidente que se fez sentir na própria comunidade ao redor da empresa. Foi durante esta gestão que os processos procuraram ser mais profissionais, com a adoção de medidas inéditas como política de cargos e salários, convênios, cursos, etc. Neste momento o cuidar aparece em evidencia.
O terceiro momento foi marcado pela ruptura, distanciamento e declínio na relação entre os recursos e a gestão. O distanciamento provocou o que se é esperado em qualquer relação: a indiferença. Aconteceu o que de pior poderia ter acontecido, perdeu-se a capacidade de cuidar e os recursos foram abandonados à própria sorte.
Este diagnóstico, entretanto, não é exclusivo da empresa que trabalhei, aqui mesmo neste ambiente virtual, no qual nos relacionamos, é possível perceber isto também. Em algumas propagandas de vagas, displicentemente, o salário aparece como benefício que a empresa oferece a quem estiver interessado em participar da seleção. Um grave equívoco.