A minha virada: De mãe a vice-presidente
Assim que meu filho nasceu, decidi que iria parar de trabalhar para me dedicar somente a ele. Mas esses primeiros meses não aconteceram como em um comercial de margarina, foram tensos e me vi muitas vezes em crise.
Até que conheci o CineMaterna: uma sessão de cinema, onde pode levar um bebê! Que diferente, minha curiosidade, que sempre foi aguçada, precisava checar se isso era verdade.
Cheguei quietinha, tímida, mas fui logo acolhida por alguém com um largo sorriso no rosto, que me ajudou para tirar uma foto desse momento especial. Foi paixão à primeira sessão. E para finalizar, tinha um bate-papo informal com outras mães onde me sentia livre, descobri que não era a única que muitas vezes se sentia perdida. Quantas risadas e lágrimas dei, quantas alegrias senti naquelas horinhas, onde podia conversar sem culpa, com meu filho brincando com outros bebês aos meus pés.
E assim foi, como em uma nova gestação, em 9 meses pude curtir somente meu filho, e me reconstruir, como uma mãe que não precisava se anular e que podia pensar em outros temas que não fossem ligados à maternidade. Mas a ideia de voltar para um trabalho full-time não era o que buscava, então comecei aos poucos.
Como freelancer peguei alguns projetos de empresas, empreendi na área de artes para festas infantis, e assim fui seguindo por quase 4 anos.
Em fevereiro de 2015, uma conhecida me perguntou se tinha interesse em trabalhar em regime de home-office para o CineMaterna. Minha reação foi: SIM, SIM, SIM.
Os dias após a entrevista foram tensos, a vontade de fazer parte de uma iniciativa pela qual você tem tanto carinho e acredita na ideologia, era realmente enorme. Até que veio a confirmação: “sim, fará parte da equipe!.” Que sonho!!
No começo, por afinidade de formação e interesses acabei me identificando mais com uma das fundadoras, a vice-presidente, com quem comecei a trabalhar mais diretamente. Realmente, admirei sua inteligência, raciocínio e forma para lidar com os problemas que surgiam.
Após 1 ano na equipe, essa gestora decidiu expandir os negócios para outros países e me convidou para fazer parte. Me encantei com a ideia de mostrar ao mundo algo tão lindo, que tínhamos no Brasil. Ainda por cima, tenho identificação e interesse cultural com os países que ela escolheu para iniciar (Espanha e Argentina).
Foi-me explicado que a outra fundadora da ONG, a presidente, não era partidária da ideia. Fui levada a acreditar que, apesar de não se envolver, a presidente sabia o que acontecia, só não tinha interesse em saber os detalhes e estava ciente da movimentação paralela que acontecia.
Infelizmente, após alguns meses disso, meu castelo de areia desmoronou. Houve uma importante alteração de diretrizes da ONG, iniciado pela vice-presidente, tornando-a mais comercial, e isso me afetou direta e intensamente.
Foram meses tensos, onde trabalhei muito, e por vezes, sem entender o que fazia. Questionei algumas atitudes, mas meu medo de sair dessa equipe fez com que me silenciasse e aceitasse. Na época, não sabia que esta alteração estava gerando um profundo conflito entre as fundadoras, que tinham visões opostas: uma acreditava que a entidade devia crescer e buscar mais formas de gerar receita, mesmo que isso mudasse a forma de atuação e características da entidade, enquanto a outra reforçava a importância de não perder o olhar sobre a mãe recém-nascida, que qualquer alteração deveria respeitar este objetivo de acolhimento materno.
Foi uma época difícil, em que não sabia onde me encaixava. Os ideais que fizeram me apaixonar pela entidade estavam com uma, mas a chance de expandir e mostrar ao mundo essa ideia maravilhosa que tínhamos no Brasil, estava com outra.
Como o CineMaterna é uma ONG, desvios de rota como este, de tornar a entidade mais comercial, que afastam a entidade de seus objetivos, precisam ser compartilhados com seus associados, que legitimam a existência da iniciativa. Uma decisão importante foi tomada pela presidente: uma convocação de todos os associados, para decidir em votação qual rumo a ONG seguiria. No fundo, era uma escolha entre presidente e vice, entre caminhos, entre gestões.
Nesse momento, como a pessoa em quem confiava, a vice-presidente, me fez crer que eu seria afastada da equipe, minha única saída foi me abrir e perguntar claramente à outra gestora o que pensava de mim, quais seus projetos, onde achava que poderia me encaixar na organização, para decidir qual seria meu voto. E ao contrário do que fui levada a acreditar, não existia nenhum problema comigo. Descobri a duras penas que da presidente foi ocultada parte da verdade da "expansão internacional" e que não havia nenhum conhecimento do meu envolvimento.
Foi uma semana de aproximação, quando descobri que nossas ideias e expectativas eram bem parecidas. Minha decisão foi tomada, não deveria me iludir, e tentar apressar “essa conquista mundial” e escolheria quem seguiria com o ideal que me fez apaixonar por essa organização.
E para minha surpresa, um dia antes da votação ganhei um ENORME PRESENTE: fui convidada a ser a vice-presidente da chapa que defenderia os ideais da entidade. QUE EMOÇÃO! QUE ORGULHO!
E, finalmente, em uma assembleia um pouco conturbada, a decisão foi tomada. Por quase unanimidade, decidimos que seguiríamos com quem estava mais engajada aos ideais da ONG, visando o que fazemos de melhor: resgatar socialmente essa mãe de um recém-nascido, como eu mesma, já estava resgatada.
Professor Doutor na Universidade Presbiteriana Mackenzie
7 aParabéns e sucesso na sua carreira. É muito relevante que você atue com o que você acredita!
Profissional de Educação Física
7 aParabéns Carol Troque. Não sei se vc sabe (como faz tanto tempo que não nos falamos rs) tenho uma BB de 5 meses, e acompanho a programação do Cinematerna, acho muito bacana para nós que adoramos cinema e ainda ter a companhia dos nossos filhos. Sempre vejo que precisa de voluntárias. Assim que tiver oportunidade em um dos shoppings próximos de casa eu gostaria de me candidatar. Bjs e sucesso.