A miopia do treinamento pra estimular a inovação
Se a crise foi pega pra Cristo, a inovação é a palavra da salvação. Do Seu Manuel da padaria ao CEO da empresa de comunicação, todos sentem que chegou o momento do vai ou racha. Inova ou sai do jogo. Para se destacar dos concorrentes e encantar a freguesia, Manuel pode aproveitar a época festiva e fantasiar seus funcionários com trajes juninos. A vovó acha simpático e a criançada acha graça. Gol! Mas e o CEO? Sua empresa é grande e qualquer mudança efetiva no negócio depende da atitude de cada funcionário. O que ele faz pra contaminar toda a organização com o espírito da inovação?
Tã-Dã! Treinamento!
Palestras, Workshops, Seminários, Webinar, discurso motivacional, and all over again. O CEO fornece a inspiração necessárias para os funcionários inovarem, mas, no dia seguinte, ele percebe que nada mudou. Se eu pudesse tomar um café amigo com esse cara que, na melhor das intenções, acredita ter dado todas as ferramentas para a equipe inovar com treinamento, eu só faria uma pergunta: Você deu espaço?
Segundo a pesquisa Delloite Millenial Survey (2015), 70% dos jovens querem exercer sua criatividade no trabalho e não conseguem. A mesma pesquisa também diz que 72% deles sentem que as empresas não fazem uso completo de seus skills e habilidades. Hoje, a maioria dos profissionais de comunicação estão over-conectados, over-estimulados e com qualquer informação a distancia de um clique. Será que conhecimento e inspiração são os gaps que as empresas precisam resolver?
70% DOS JOVENS QUEREM EXERCER SUA CRIATIVIDADE NO TRABALHO E NÃO CONSEGUEM
As organizações querem colher inovação e estão semeando com treinamento, mas poucas se perguntam antes se o solo delas é fértil. Dedicar tempo para entender o real problema da empresa analisando a fundo sua dinâmica no dia-a-dia é a única forma de trazer resultados duradouros. É um esforço que, no futuro, economiza tempo e dinheiro mal investido (E, né? A crise). Para entender se a empresa está preparada para inovar, é importante refletir sobre 3 pontos:
1. Ela é Innovation friendly?
Acredito que, para a inovação sair do slide e passar a fazer parte da cultura organizacional, ela precisa ser o driver das principais relações da empresa. É olhar em volta e se perguntar “isso é um facilitador ou um entrave à inovação?”. E “isso” abrange: a visão e a estratégia da organização; os processos, práticas e sistemas; o discurso e atitude da liderança; a percepção dos funcionários sobre o ambiente de trabalho. Ter uma organização que abrace o novo é essencial para impulsionar a inovação.
2. Os processos contam com o erro?
As pessoas inovam mais quando a punição é menor se falharem do que quando a recompensa é maior se vencerem. Mais do que reconhecer o acerto, quando se trata de inovação, é importante que o planejamento dos projetos tenham espaço para a tentativa. Falhar oferece uma grande oportunidade de aprendizagem e deve ser visto como um componente importante do sucesso. Aprender com os fracassos, reagrupar, e começar de novo com mais inteligência.
3. A empresa estimula projetos pessoais?
A inovação pertence as companhias que abracem o espírito empreendedor dos seus funcionários. Estimular que eles usem os recursos e infraestrutura internas para botar em prática ideias que refletem as suas crenças e que também estão de acordo com os objetivos da empresa, é permitir que pessoas criativas sejam criativas. Motiva a equipe e traz retorno para a empresa. Todo mundo ganha.
Conclusão: A crise fecha muitas portas, mas cria oportunidades. E a ideia de que lá fora, em alguma garagem, dois moleques podem estar criando a próxima empresa que vai mudar completamente o mercado, assusta (com razão) as já consolidadas. Nessa corrida para inovar antes dos inovadores, as empresas podem se precipitar na interpretação das necessidades dos seus funcionários. Vejo muitos planos mirabolantes de treinamento, mas pouca gente falando de processo, de clima, de dar ESPAÇO. Se os executivos se dedicarem a entender os nós do dia-a-dia que a empresa precisa desatar para deixar fluir o potencial criativo já existente, vai ser libertador e efetivo.
Então eu volto a minha pergunta original, mas agora como convite: Vamos criar espaço para a inovação?
Artigo originalmente publicado no B9.
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8 aWallison Martins
Admirador incansável das tecnologias e das construções feitas pelo homem. Pra não ficar muito maluco (ou ficar de vez), acompanho filosofia e me mantenho curioso 7x24.
8 aÉ isso aí Caroline, novos modelos estão surgindo e muitos "heróis da resistência" se negam a entender isso...
GERENTE GERAL na MBPESSOAL OUTSOURCING DE RH e CONSULTOR DE GERENCIAMENTO
8 aCaroline, não conheço você, mas estou orgulhoso de suas contribuições! Aqui vão alguns acréscimos para nossas reflexões. Não são minhas, mas do maior dos pensadores da Administração e do Marketing - Professor Emérito de Administração de Empresas na Harvard Business School THEODORE LEVITT. Se inundarmos as nossas empresas com o que recomenda Levitt, os resultados não tardarão a aparecer: "Poucas coisas são mais importantes para um gerente fazer do que perguntar coisas simples: por que fazemos isso; por que dessa maneira; quais são as alternativas; quanto custa; por que os custos estão altos; quem faz mais barato e melhor; o que está acontecendo lá fora que provavelmente nos irá prejudicar ou ajudar? Não é para obter respostas que o bom gerente pergunta essas e outras coisas, mas para fazer com que as pessoas pensem, ao invés de apenas agir, reagir ou administrar." Olhando o seu artigo, vejo uma perfeita harmonia com o que sugere Levitt, - para mim uma forma eficaz de criar um espaço de inovação sem a pretensão de tentar ensinar o que não se pode praticar! Por último: o pensar de forma contínua e por todos sobre o que está acontecendo lá fora que provavelmente nos irá prejudicar ou ajudar nos capacita à conversação estratégica. PARABÉNS!!!!
Parabéns pela escolha do artigo, realmente o melhor caminho para o crescimento é buscarmos as melhores praticas de gerenciamento associado a um ambiente favorável a criatividade e inovação.