Você não precisa saber o que quer fazer da vida. E eu vou te dar 3 argumentos para isso.
Esse texto tem por único objetivo ser um afago amigo àqueles que sofrem de ansiedade com a decisão de um futuro profissional. Você não precisa saber hoje o que vai ser daqui a 10 anos e eu espero que você abrace essa condição de Ser desprovido de poderes paranormais de previsão do futuro te apresentando 3 argumentos acolhedores:
1- O seu cérebro é incapaz de imaginar um futuro distante com precisão.
Segundo Daniel Gilbert, autor do livro “O que nos faz felizes”, essa condição é o Presentismo e se dá, porque nossa imaginação é condicionada às experiências do presente. Ou seja, nos vemos no futuro como uma extensão do que somos hoje e imaginamos nossas escolhas baseadas nos nossos desejos, crenças e ambições atuais.
Faça o exercício: Imagine sua vida daqui a 10 anos. Tente pensar em detalhes como os lugares que você estaria frequentando, o estilo de música que você estaria curtindo e os amigos que estariam com você. Tenho certeza que tudo soa bem razoável e possível de acontecer, certo? Mas e se te perguntassem há 10 anos atrás a mesma coisa? Se imaginaria ainda com aquele “amor da sua vida”, usando seus spikes e roupas pretas ou que você teria finalmente tomado coragem de virar vegetariano?
Estamos em constante transformação. Você pode se imaginar morando no centro de uma metrópole agitada daqui a uns anos, porque é o que você quer hoje, mas, até lá, muitas coisas acontecem e quando chegar o momento você pode desejar mais que qualquer coisa uma casa tranquila no campo. Somos incapazes de prever futuras ações com precisão.
2- 60% das profissões que dominarão o mercado nos próximos 10 anos ainda não existem.
É o que estima Thomas Frey, do DaVinci Institute. Com a velocidade que novas tecnologias e formas de fazer as coisas vão surgindo, as necessidades dos consumidores mudam e as empresas precisam mudar a entrega, o que faz surgir uma nova demanda por profissionais que antes não existiam. Há poucos anos ninguém ouvia falar de profissões como UX (User Experience) Designer ou profissional de Inbound Marketing, essenciais hoje para um negócio digital.
Quem não acompanha as mudanças (profissionais e empresas) é substituído. Segundo uma pesquisa do CBRE Institute, no fim desses mesmos 10 anos, 50% das profissões de hoje se tornarão obsoletas. Já o CEO da Cisco John Chambers aposta que apenas 40% das empresas que temos hoje no mercado existirão em 2025. O grande diferencial nesse cenário de futuro tão incerto não é tentar adivinhar o que está por vir, mas se preparar para aprender e mudar, sempre. Nem os maiores estudiosos de tendências sabem para quais cargos estamos nos preparando, quais problemas precisaremos resolver ou quais ferramentas usaremos para isso, porque você deveria?
Veja mais números nesse post maravilhoso do Daniel Orlean: https://goo.gl/AphIo1
3- Você pode ter nascido condicionado à mudanças.
Sendo bem simplista, existem dois tipos de pessoas no mundo: Os especialistas e os multipotenciais. O primeiro tem interesses bem específicos e vão a fundo nesses temas. Geralmente são os “número 1” no que fazem, como um biólogo que sabe tudo sobre tartarugas albinas de Moçambique. Já o segundo, tem interesses diversos. Estuda assuntos de diferentes temas, que não necessariamente tem uma conexão entre si, e só o suficiente para sua curiosidade ser saciada. Essas pessoas geralmente já fizeram “um pouquinho de tudo” e podem ter a fama de inconstantes.
A primeira vez que entrei em contato com esses termos foi em um post no site Escolha Sua Vida, mas, como a própria paulaabreu diz, uma das primeiras pessoas a escrever sobre isso foi a autora Barbara Sher no livro “Refuse to Choose”. Se só o nome do livro já te deixou animado, você pode ser um multipotencial. A boa notícia é que já foi o tempo em que ser especialista em alguma coisa era obrigação profissional. Cada vez mais as empresas enxergam o potencial criativo das pessoas com múltiplos interesses, os reconhecendo como grandes inovadores e resolvedores de problema. Ou seja, se você não consegue se imaginar fazendo a mesmo coisa o resto da vida, não se culpe, você pode estar programado para isso.
O que você tira disso tudo?
Você não está sozinho. Somos a geração das possibilidades e a pressão por escolher um caminho nos causa ansiedade e soa limitador. O que os 3 pontos acima tentam mostrar é que essa auto cobrança por clareza de objetivo de vida é desnecessária, simplesmente porque ninguém pode prever com precisão como será o mundo ou como ele estará no futuro. O que nos cabe é focar em um caminho que nos encham os olhos, não em um final glorioso (meio clichê, mas é sério). Você pode começar tentando entender e desenvolver suas habilidades pessoais, saindo da educação formal e começando a trabalhar sua curiosidade (esse texto do Teague Loughman pode ajudar). Vá para a rua, conheça gente, se envolva por referências e de coisas interessantes. A vida abre portas que você nem imagina quando mantém a “roda girando”.
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8 aAdicionaria o ponto de vista que na vida há os adaptados e os adaptáveis. O primeiro se mantém dentro da zona de conforto e por aí define que tudo que quer ter contato, é bom ou é conhecido. O segundo está apto as mudanças e define seu constante formato mutável baseado na zona a sua volta. Sejamos adaptáveis/Multipotenciais. Belo texto! Parabéns :)
Excelente publicação, parabéns Caroline. Evoluindo essa ideia, você (ou qualquer um dos leitores) teria sugestões de quais profissões se encaixam nesse perfil? Por exemplo ator ou atriz, que obrigatoriamente precisam representar vários papeis, precisam ter muitas habilidades como dança e música, etc (mas sem necessariamente serem especialistas). Agradeço muito quem puder ajudar.
Liderança | Inovação | Tecnologia | Comunicação | Gestão
8 aSim, estou me sentindo melhor.. rss Porque de fato há uma pressão forte para se definir no mercado, e tenho dificuldade em encontrar o espaço para os multipotenciais.
Especialista em Processos/BPM/RPA | Green Belt em Lean Six Sigma/ Scrum CSM® / Lean Digital / Melhoria contínua / Kaizen / PDCA / Transformação Digital / Inovação / Engenharia Industrial
8 aEste artigo dá uma sacudida em tudo que achamos que acreditamos como sólido e certo, como por exemplo as empresas que existem e as profissões de hoje.
Student at Faculdade de Tecnologia de São Caetano
8 aNão. Não estou me sentindo melhor. Na minha pouco humilde opinião de mero estudante, tem de haver algo tangível e possível de se alcançar. Não tem como todo mundo ser destinado a seguir uma carreira, de fato; mas também não posso aceitar viver num ciclo com a única certeza de me aposentar - e isso daqui três décadas ou mais. Precisa haver algo que se possa fazer da vida para poder fazer apenas o que se precisa fazer na vida.