Miopia pode ser pedra no sapato de empresas em busca de crescimento sustentado

Miopia pode ser pedra no sapato de empresas em busca de crescimento sustentado

ESG é a sigla do momento e veio para ficar. O assunto já está difundido entre os grandes investidores. Muitos já não veem sentido em aplicar dinheiro em projetos que não incorporem a sustentabilidade como item prioritário na estratégia de negócios. Ainda que a um ritmo mais lento do que nos EUA e na Europa, as empresas brasileiras estão cada vez mais atentas à interligação entre meio ambiente e rentabilidade e a geração de um ciclo virtuoso. As empresas que insistem em não incorporar sustentabilidade no centro de suas estratégias adotam a postura do míope que se recursa a usar óculos e tropeça no obstáculo não visto a tempo. O risco de ignorar aspectos ESG é perder a relevância ,se não no curtíssimo, certamente no médio prazo.

Critérios ambientais que há alguns anos eram meros diferenciais competitivos de mercado, hoje são praticamente uma obrigação. O movimento acontece pela percepção clara de investidores de que riscos ambientais se traduzem em riscos financeiros e, também, por uma mudança drástica no comportamento dos consumidores, em especial a chamada geração X, naturalmente engajada em causas ambientais e usa as redes sociais para dar voz às suas demandas.

Estudo do EY Future Consumer Index mostra que 70% dos consumidores planejam prestar mais atenção aos impactos ambientais e sociais dos produtos que consomem. Os participantes também alegam que a pandemia da COVID-19 serviu como um alerta para pensar mais no coletivo e avaliar melhor os impactos do consumo na sociedade e no meio ambiente.

A expansão do ESG na estratégia de negócios é uma forma de gerenciar melhor os riscos de negócios e investimentos, preservando, portanto, sua capacidade de retorno financeiro. Lucrar “a qualquer custo”, no final das contas, é abrir mão de lucro, visto que ignorar boas práticas ambientais, sociais e de governança aumenta a exposição a riscos e à rejeição de consumidores e investidores cada vez mais conscientes da interligação entre critérios ESG e rentabilidade financeira.

No Brasil os fundos de investimento ESG ganham cada vez mais espaço. Em fevereiro deste ano, atingiram patrimônio líquido de 1,07 bilhão de reais, com uma captação líquida de 307,9 milhões de reais no primeiro bimestre de 2021, crescimento de 787% em relação ao mesmo período de 2020. O mesmo ocorre com o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) criado em 2005 e que, em dezembro de 2020, reunia as ações de 39 companhias somando R$ 1,8 trilhão em valor de mercado. Desde o lançamento, o índice teve performance de 294,73% contra 245,06% do Ibovespa, além de menor volatilidade: 25,62% em relação a 28,10% do Ibovespa.

Os números refletem a nova realidade. Organizações que não estiverem alinhadas aos novos comportamentos e propósitos de uma geração de consumidores cada vez mais exigente e preocupada serão prejudicadas no longo prazo, sem acesso a crédito ou, pior ainda, perdendo mercado.


Marcos Pepe Bertoni

Chief Operating Officer & Business Development | MBA in Agribusiness

3 a

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