Mitos e equívocos em Business Intelligence

Quantas das nossas crenças são tão profundas que nunca pensaríamos em questioná-las? Na realidade, mais do que julgamos. Os seres humanos não são tão racionais como pensamos, e, de fato, não há tempo para pesquisar cada alegação que fazemos.

Temos o hábito de repetir o que os outros dizem e aceitar o que dizem como verdade. Algumas dessas premissas são verdadeiras, mas é claro que, em alguns casos, podemos estar sendo levados a acreditar em uma mentira.

Por exemplo, é um equívoco comum que a Grande Muralha da China é a única estrutura feita pelo homem visível do espaço; é possível também observar, a partir do espaço, as cidades e alguns edifícios claramente definidos. Da mesma forma, os Vikings são vulgarmente representados como tendo capacetes com chifres; no entanto, este detalhe da indumentária deste povo foi criado pelo compositor Wagner, na sua ópera The Ring Cycle.

Estes equívocos, infelizmente, não estão restritos a curiosidades interessantes. Mitos e equívocos podem ser encontrados também no mundo dos negócios, muito embora nos protegermos deles possa sair muito caro.

Diante das rápidas alterações na indústria de Business Intelligence (BI) nos últimos dez anos, muitas vezes tendemos acreditar em mitos no que diz respeito à análise de dados. Meu objetivo tentar desfazer alguns deles, assim como conceitos ultrapassados, de uma vez por todas.

Vejamos seis mitos sobre BI:

1 - Apenas os gestores responsáveis por decisões precisam de BI

Apesar de anos de esforço e de enorme investimento, o BI não chega às mãos de todos os responsáveis por processos de decisão. O uso de BI é muitas vezes limitado a um certo número de gestores com poder de decisão dentro de uma organização, e este tipo de ferramenta deve ser acessível a todos os tipos de colaboradores, uma vez que o processo de decisão é cada vez mais amplo dentro das organizações e empresas, e ao fato de todas as decisões precisarem de dados.

Curiosamente, este conceito remonta a estruturas hierárquicas antiquadas no século XIX – muito antes da existência do software. Quando implantado pela primeira vez, o BI utilizou estas estruturas, o que significava que o seu objetivo tinha a ver com auditoria e controle, e não com permitir que as pessoas tomassem melhores decisões através da análise.

Hoje em dia, e apesar do BI ter se tornado mais sofisticado, este pensamento ainda está em vigor, muitas vezes, o que significa que a maioria das pessoas não está extraindo benefícios das camadas extra de dados a que têm acesso.

2 - Uma boa ferramenta BI gera bons relatórios

Quase todos os projetos de BI começam com o objetivo louvável de desenvolver relatórios de gestão. Muitas vezes, relatórios financeiros. E, quase sempre, é indicado ao departamento de TI o que a ferramenta de BI deve fazer. No entanto, o problema é que a informação que se obtém é estática e “fala” pouco ao usuário.

Isto significa que é quase impossível “interrogar” os dados e, no entanto, a capacidade de análise devia ser a característica chave de um bom sistema de BI. Os usuários precisam ser capazes de interagir, questionar os dados e construir sistemas de BI que possam ajudar a explorar causas profundas, inter-relações, tendências e mudanças nos dados.

3 - O BI In-Memory resolve o problema da adoção

No mundo moderno, qualquer coisa que demore mais do que uma busca no Google para gerar uma resposta corre o risco de ser abandonada por seus usuários. No entanto, há mais na adoção do que a velocidade em si. Mesmo que sejam rápidos, os sistemas de BI podem tornar-se rígidos devido à falta de um poderoso back-end e ao tempo gasto pelos usuários na produção de relatórios ou visualizações. Resultado? O usuário pode deixar de querer usar os sistemas…

Para criar uma cultura de analítica, o software deve ser rápido, simples de usar e flexível o suficiente para permanecer relevante para o usuário.

4 - Não ter em casa as habilidades analíticas necessárias

Por que pagar analistas e cientistas de dados para interpretar informações? Os seres humanos têm capacidades analíticas naturais, incluindo o reconhecimento de padrões (distinguindo entre aglomerados e pontos individuais), detecção de alterações (notando algo diferente em uma sala) e categorização (detecção de relevância).

Em vez disso, as empresas precisam de um software que democratize a análise de dados para todos e use as habilidades analíticas inatas que todos temos. As organizações precisam democratizar a análise de dados e colocá-la diretamente nas mãos dos seus colaboradores para gerar melhores resultados.


5 - Precisamos de mais recursos visuais para ajudar as pessoas a “obterem” dados

É verdade que cerca de 60% do nosso processamento neural é dedicado a coisas que vemos e, portanto, as visualizações de dados são muito importantes. No entanto, uma imagem por si só não é suficiente. Algumas ferramentas têm visualizações bonitas, mas não permitem a navegação nos dados e, obviamente, esse fato é uma maldição, dadas as capacidades dos gadgets dos dias de hoje, usados por colaboradores/usuários que procuram cada vez mais informações na Internet, através de diversas aplicações.

É fundamental que os usuários possam interagir com as visualizações, para que possam compreender o seu significado e fazer novas descobertas. Olhar para um relatório limitado estática ou interativamente coloca um fim a este processo.

6 - Melhor acesso aos dados significa melhores decisões

Ter toda a informação do mundo não ajudou os banqueiros a evitar a crise financeira de 2009. O fato de os dados estarem lá não significa que eles estejam sendo usados de maneira correta.

A melhoria na capacidade de tomada de decisões requer prática e competência. Estas aptidões nascem do desenvolvimento de competências que ajudam os usuários a protegerem-se de situações inesperadas e de uma maior frequência de determinadas tarefas.

Malcolm Gladwell escreveu que levamos 10 mil horas para que possamos ser especialistas em qualquer atividade. Assim, também os usuários que trabalham com qualquer sistema de BI precisam continuar a praticar a análise de dados. Essa prática vai ajudá-los a tomar decisões mais inteligentes e a descobrir conceitos mais úteis.

Em 2015, as empresas procuram oportunidades de crescimento e é fundamental que não estejam restringidas pelo peso da crença em mitos. Elas precisam rever as suas atitudes frente à análise de dados e tomar medidas para se moverem na direção certa. Em última análise, tomar essas medidas pode melhorar as operações de negócios – que é o objetivo de qualquer empresa. E nesse fato tenho a certeza que podemos sempre acreditar.

 

Robert Fleming VP of International Marketing da Qlik



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