Parlapatório
Hoje em dia muito se discute sobre a vulgarização e os impactos da banalização da informação. Profissionais da inteligência de dados buscam facilitar o entendimento de análises complexas para que os gestores possam tomar decisões mais assertivas.
Todavia, uma quantia excessiva de informações em dashboards, muitas vezes atrapalham aqueles que necessitam de agilidade no cotidiano. Assim, vulgarizar os resultados se faz necessário. Banalizar não !!!
O Presidente do IBGE, Marcio Pochmann, em recente discurso alerta para a descredibilização dos dados constantes na internet, contribuindo para a vulgarização das estatísticas produzidas pelo instituto. Em nosso entendimento, o termo mais apropriado seria “banalização” e não “vulgarização”.
A utilização de termos excessivamente técnicos ou verborrágicos, dificulta a comunicação efetiva entre os clientes e “clientes”. Dois personagens de destaque da literatura ou teledramaturgia nacional representam bem esse sentimento. Na novela Roque Santeiro, o Professor Astromar Junqueira, proferia seus discursos inflamados, onde os ouvintes dormiam ou não entendiam absolutamente nada.
“Então senhores. Em sonorosa melopeia, turbilhonando em largos rebojos, qual rútilo e sarapatando fogo, nossa comuna prefulgia no rebusnar dos paroxismos estivais. E seria super vacaneo ressumbrar, como seria irremissível postergar, o imane e teratológico vitupério que nos faria quase vanescer, qual babélico e sitibundo abluvião. Catafurnio, cataclísmico, catalítico, catadupico momento aquele, senhores, como as naus da Cabrália frota vencida acromaníaca procela ...”
Conselheiro Acácio, uma das personagens da obra literária “O Primo Basílio”, de Eça de Queiroz. Era visto como um princípio da moralidade e frases que passavam longe do trivial, ou seja, alguém de muita pompa, com pouco conteúdo e cheio de tautologia. Uma de suas frases mais marcantes diz: “o problema das consequências é que elas vêm ... depois !!!”. Uma obviedade que serve para nos lembrar que todos os nossos atos, resultam em consequências.
Como pergunta meu amigo Augusto Pereira Filho, ao iniciar suas plenárias e atividades de planejamento estratégico: “Para você, o que é o óbvio ?”. As respostas são as mais variadas possíveis e nem sempre o óbvio, realmente é óbvio
Uma situação engraçada aconteceu a espera da nota no Enem, na qual minha filha Maria Julia, hoje aluna do curso de Direito na melhor Universidade Federal do país, chutou o balde (diga-se de passagem, chutou muito longe) ao reclamar da plataforma digital e da demora na publicação das notas.
Nesse momento, para descontrair, no aguardo da publicação oficial, falei a ela: “acho que seu palavreado não está legal, um tanto beligerante. Você foi muito ignóbil, um grande anacronismo da sua parte. Enquanto isso o MEC está um tanto pusilânime”
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Comentando sobre esse arquivo com a Maju, e já discursando com uma doutora e com toda autenticidade que geneticamente herdou do meu “X”, diz que já está escrevendo sobre isso, deveria emitir a sua opinião, de acordo com o tema. E mandou essa:
“A vulgarização da informação não é necessariamente negativa, mas pode ser uma democratização da informação. A linguagem foi criada para a comunicação e não deve ser restrita a palavreados eruditos, pois deve se adaptar a diferentes contextos para que a informação seja transmitida. É negativa no sentido de empobrecer a gramática normativa, todavia pode facilitar o acesso à informação de pessoas menos instruídas”
E completa recitando uma frase de Fernando Pessoa: “a linguagem fez-se para nos sirvamos dela, não para que sirvamos a ela”
Tal pai, tal filha... E além de tudo, é corinthiana !!!
Diante de toda a conversa e debate sobre o assunto, não nos resta mais nada a comentar. Apenas, incentivar e cobrar Maria Julia a escrever um artigo complementar, com sua escrita nota 980 no Enem.
Com esse artigo não buscamos compartilhar nossa opinião, tampouco falar da literatura, seja sobre personagens, seja sobre movimentos literários como o parnasianismo. Mesmo que estes representem a ideia de um eruditismo excessivo e de um conteúdo escasso, tanto em discursos dos romances clássicos, quanto nas poesias parnasianas.
Mas por meio dele, gostaríamos de apresentar situações e falas de outras pessoas sobre a temática, visando plantar uma semente de reflexão na mente dos nossos leitores.
Vamos esperar o artigo da Maju. Da minha parte só cabe um conselho:
Não sejamos um Conselheiro Acácio !!!
Arquiteto com mais de 20 anos de experiência em projetos e gestão de obras | Mentor de jovens talentos.
2 semParabéns!!! É um pai coruja? É! Tem motivos? Com certeza!
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2 semÓtimo texto, Roberto Suardi Jr. Dados são uma mina de ouro, mas acredito que muitas vezes eles são mal usados.