Mobile x Desktop - A ascensão do PWA

Nessa semana eu comentava com minha amiga Lisiane Moschen a esmagadora presença dos smartphones em nossas vidas.

Monitorando o tráfego de um dos sites da Heyappo, o HEYMEI, me deparo com esse gráfico: 97% das pessoas realizaram o acesso por meio do mobile, ou seja, quase todos 😱.

Trabalho com tecnologia a mais de 8 anos e menos de 5 anos atrás, em reuniões, comentávamos que 51% das pessoas acessavam os sites por meio do desktop e 49% por meio do mobile. Claro, mudamos nossas estratégias, visando que o uso do mobile prevaleceria ao desktop. Mas quem imaginaria isso e em tão pouco tempo? 🙆‍♂️

Óbvio, não vamos aceitar esse gráfico como uma verdade absoluta, esse é apenas 1 site em quase 2 bilhões de sites em todo o mundo. Ainda assim, já dá pra ter uma boa noção de para onde o mundo está convergindo, tenho certeza de que o gráfico de grandes sites está muito próximo disso.

Na Heyappo já quebramos esse antigo paradigma: 100% dos sistemas desenvolvidos nesse ano são PWA - Progressive Web App, ou seja, softwares feitos para o mobile e acessíveis no desktop. Quando montamos o planejamento estratégico desse ano, definimos que trabalharíamos desta forma e vem dando muito certo, já são mais de 20 projetos nessa levada.

Sem falar que os níveis de satisfação de nossos clientes são altíssimos.

Olha a situação: um certo dia, um cliente X ficou sem acesso parcial a internet na empresa, devido a um problema de rotas de fibras ópticas e o pior é que foi nos 2 links de internet. Logo, a empresa não conseguia acessar o sistema pela internet da empresa. Esse cliente tem praticamente 100% do seu processo de produção sistematizado. Bom, nem preciso dizer que para a maioria das empresas, esse seria um dia caótico, de desespero, choro, linhas de telefone todas ocupadas e por ai vai.

Mas não nessa empresa: o sistema que desenvolvemos para eles é um PWA! Então os funcionários pegaram os seus smartphones, conectaram na 4G e seguiram sua rotina diária. Isso só não foi melhor porque a empresa possui ainda um pequeno pedaço do seu processo em um sistema legado. Você já deve imaginar que não por muito tempo...

Quando você cria uma aplicação focada no mobile, ela naturalmente vai ser muito mais rápida e vou dizer o porquê disto.

Para você que não é da área de tecnologia, existe uma coisa chamada protocolos de acesso a internet, dentre eles existem: o FTP, TCP, SMTP, ... e o mais comum que é utilizado bilhões de vezes diariamente, o famoso HTTP.

Os sistemas que conhecemos são tradicionalmente desenvolvidos utilizando tecnologias que fazem a conexão ao banco de dados diretamente por meio do protocolo TCP/UDP. Seja ele um software desktop ou até mesmo web. Mas o grande segredo do mobile está aí.

O smartphone, desde os seus primórdios, quando ainda era chamado de celular com acesso a internet ou PDA, não fazia essa conexão direta com o banco de dados e isso foi ótimo para a evolução das conexões a internet, que estão cada vez mais rápidas. Além de que a conexão desta forma consumiria muita banda de internet e 10~15 anos atrás a internet móvel ainda nem era o 3G. Sem falar que se os algoritmos de lógica de negócios fossem postos dentro do aplicativo, eles ficariam muito grandes para o download.

Os desenvolvedores de aplicativos (e joguinhos) da época eram bem discretos e pouquíssimas empresas aderiam ao modelo de aplicativos corporativos. Sem falar que um joguinho (aqueles saudosos arquivos .jar Java ou .sis Symbian que baixávamos no 4Shared), conectados a internet era algo raro. A conexão com a internet era utilizada no máximo para saber a sua posição no ranking do jogo. No ano de 2005 meu irmão comprou um Nokia N-Gage, o primeiro dispositivo concebido para jogos e foi ali que eu me apaixonei por tecnologia. Eu poderia falar sobre o saudoso N-Gage por horas, mas deixa isso para outro artigo.

As empresas só começaram a utilizar aplicativos com a popularização do BlackBerry no meio corporativo, que era conhecido na época como:

O celular do empresário.

Lembro bem dessa frase na capa do site da RIM BlackBerry e claro que eu "queria ter um desse".

Alguns anos depois, no ano de 2010 quando entrei na Gáutica, já com o BlackBerry consolidado no meio corporativo, a empresa desenvolveu o seu primeiro app e justamente para BlackBerry (era o que tinha na época 😆). Essa foi a primeira grande quebra de paradigma que vivenciei, o aplicativo quebrava toda a lógica de desenvolvimento de sistemas, afinal ele não conectava direto com o banco de dados. Lembro que na época meu amigo Estevan Rech, que trabalha com tecnologia desde 1998, teve de pesquisar muito para chegar nesse resultado, que hoje é extremamente trivial.

Pouco depois disso no mesmo ano de 2010, e graças ao eterno Steve Jobs, tivemos o lançamento do iPhone 4. Foi o começo da consolidação dos smartphones e dos aplicativos. Não desmerecendo o Android, mas é que naquela época a loja de aplicativos da Apple, a App Store era muito maior que a Play Store (atual Google Play). Hoje a Google Play chega a quase 4 milhões de apps contra metade na App Store.

Considerando esse histórico e a popularização do uso de smartphones, as empresas se obrigaram a desenvolver cada vez mais aplicativos, tanto em seus softwares de gestão, quanto B2Bs e B2Cs. Sem falar nos SaaS - Software as a Service, que crescem cada vez mais e em sua grande maioria são PWAs, até por ganho de produtividade na hora do desenvolvimento do software e redução de custo, afinal ele é nativamente multi-plataforma.

Mas voltando a nossa indagação inicial, o que deixa o PWA tão performático no seu uso? É simples: ele se conecta ao banco de dados pelo protocolo HTTP (que é muito mais rápido) e não pelo tradicional TCP/UDP. Mas e qual a magia para fazer isso? A palavra chave é API - Application Programming Interface. Ou seja, o aplicativo se conecta a essa Interface para acessar suas informações e toda a lógica de negócios (de programação) fica centralizada em um só lugar.

Uma API RESTful proporciona muitas vantagens: uma delas é a segurança, o seu banco de dados fica blindado pela API, ou seja, inacessível. Outra vantagem muito interessante é a possibilidade de integração, você pode acessar as informações do seu app dentro de um software ERP ou Dashboard, e até mesmo carregar as suas informações dentro de outro app de forma segura. Sem falar que o tamanho dos arquivos (JSON) trafegados é muito pequeno, assim a troca dessas informações é muito rápida, em tempo real.

Mas e a conexão com o banco de dados? Ela é feita dentro da API, que está em um servidor, geralmente Cloud e possui uma conexão com a internet muito boa. Então essa conexão com o banco de dados, intermediada pela API, é muito mais rápida do que se fosse realizada diretamente pelo app. Parece que é um passo a mais, e é, mas o resultado é incrível.

Na grande maioria dos casos o banco de dados está na mesma nuvem em que a API está, assim o acesso ao banco de dados é local. Ou seja, internamente a API não precisa de conexão a internet para conectar ao banco de dados. Imagine você enviando um arquivo na rede da sua empresa e outro arquivo no Google Drive: na rede interna vai ser muito mais rápido (100 Mbit/s), pois não precisa conectar com um servidor de internet para a realização do upload do arquivo.

Conclusão: o acesso a internet se dará cada vez mais por meio de smartphones e os PWAs terão cada vez mais aderência no mundo empresarial.

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