Modo ChatGPT: a Inteligência Artificial nos deixará menos criativos?
Um Turco Mecânico e o ChatGPT da OpenAI. Fonte: imagens da Internet

Modo ChatGPT: a Inteligência Artificial nos deixará menos criativos?

Nos últimos dias um tema em específico esteve em evidência: ChatGPT . Se você não ouviu falar ainda, não se preocupe, muito ainda será discutido com direito a dilemas legais, éticos e existenciais.

Desenvolvido pela OpenAI , e aqui AI significa Artificial Intelligence ou Inteligência Artificial (IA), é um modelo de IA que foi treinado para agir de forma conversacional, ou seja, você formula uma pergunta e ele responde.

Até aí, tudo bem.

Já vimos modelos semelhantes em diferentes aplicações, desde os autômatos conhecidos como Turcos Mecânicos (que depois descobriu-se serem manipulações grosseiras), brinquedos que respondiam às questões básicas formuladas, dentro de um determinado contexto, e mais recentemente a Alexa, para automação de tarefas mais ou menos corriqueiras do dia a dia.

O impacto do ChatGPT reside justamente no uso de IA e o treinamento que o modelo recebeu. Segundo o que vai no sítio da OpenAI, “o formato de diálogo permite que o ChatGPT responda a perguntas de acompanhamento, admita seus erros, conteste premissas incorretas e rejeite solicitações inadequadas”.

Com essas funcionalidades, que garantem alta interatividade, o ChatGPT vai entrar num modelo de aprendizado contínuo na medida em que recebe feedback e elaborará de forma mais complexa suas respostas.

E como o modelo ChatGPT foi treinado? Utilizando um conceito chamado Aprendizagem por Reforço com Feedback Humano (do inglês Reinforcement Learning from Human Feedback - RLHF), em que a resposta desejada para uma determinada pergunta era apresentada para o modelo que, ao fazer uma busca de dados na Internet para formular a resposta, apresentava alternativas para o avaliador humano que ranqueava as respostas, gerando assim um aprendizado sobre como responder.

Nem tudo são flores, a própria OpenAI informa que algumas vezes o ChatGPT pode escrever respostas plausíveis, mas incorretas ou sem sentido, costuma ser prolixo, pode recusar solicitações inapropriadas, e que, às vezes, responderá a instruções prejudiciais ou exibirá comportamento tendencioso.

Pensando na Teoria dos Sistemas, desenvolvida pelo biólogo austríaco Karl Ludwig von Bertalanffy nos anos 1950, fico pensando se o uso excessivo do ChatGPT e dos futuros modelos de IA não nos levará a um estado de entropia, em que um sistema morre por falta de interação com o mundo externo.

Sendo mais direto na minha formulação, se os modelos de IA gerarem respostas que passam a ser utilizadas e divulgadas, no limite a fonte de informação para geração de respostas serão aquelas que foram previamente desenvolvidas, num ciclo entrópico negativo.

Pareço pessimista? Garanto que estou entusiasmadamente otimista em relação ao uso de modelos como o ChatGPT para processos que exigem uma varredura rápida e profunda sobre um determinado tema, como a consulta que os advogados precisam incessantemente fazer na jurisprudência na hora de formular suas petições e defesas.

E no caso dos advogados, o uso de IA deve ainda aperfeiçoar as estratégias de acusação e defesa, apontando os processos em que determinada jurisprudência foi superada e oferecendo caminhos alternativos.

Mas insisto, nenhum modelo de IA vai substituir a nossa capacidade de pensar, concatenar e formular ideias e conceitos. Uma resposta correta para um modelo de IA é mais uma resposta, uma resposta correta para nós, seres emocionais, é motivo de alegria, orgulho e sabor de vitória.

E você, vai experimentar o ChatGPT?

Sílvio de Vasconcellos

Professor titular e coordenador do PPGA na ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing

1 a

Está aí uma conexão de temas que me interessam, Marcelo!

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