Monotemáticos & outros obsessivos

obsessivo

adjetivo

1. relativo à ou próprio da obsessão.

adjetivo substantivo masculino

2. PSICOPATOLOGIA

que ou aquele que sofre de obsessão ou neurose obsessiva.

A maior parte das pessoas tem interesses diversos. E não me refiro aqui a interesses profundos ou filosóficos, não. Me refiro a qualquer tipo ou espécie de interesse. Viagens, restaurantes, música, cinema, séries, café, família, cães e gatos; educação, notícias, pizza.. enfim… qualquer coisa; mas… não só uma coisa. Várias.

O problema é que às vezes algumas pessoas tornam-se tão obcecadas por alguma coisa que só conseguem falar de um assunto. E isso, para a imensa maioria dos humanos, é muito tedioso.

Monotemáticos sempre existiram, mas o que torna as coisas mais complicadas atualmente é que a ideia de defender causas, agendas afirmativas, direitos de grupos específicos ou sua visão político-partidária tem multiplicado os indivíduos monotemáticos. E por favor, não me entenda mal: muitas causas PRECISAM e DEVEM ser defendidas, SIM. Mas…. 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano? 

Pessoas que só falam de uma coisa me dão a impressão de que não conseguem mais ser, simplesmente, gente. Sabe? Gente? Gente que ri, que chora, que sofre e se diverte, que fica resfriado e tem uma vida?

Além dos monotemáticos, tem também os uni-atitudinais: até mudam de tema, mas apenas para demonstrar a mesma atitude sobre tudo e qualquer coisa: Indignação, por exemplo: se você falar de pão, vão demonstrar indignação pelo glúten. Se falar de filhos, indignação pelo uso excessivo das telas. Todo e qualquer assunto, por mais aleatório que seja, recebe dos uni-atitudinais a mesmíssima atitude única, aplicada a tudo.

Monotemáticos e uni-atitudinais me parecem seres que querem deixar de ser gente. Parecem acreditar que ser porta-voz (seja lá do que for) seria algo “superior" a ser, simplesmente, gente.

E aí vem a verdadeira tristeza desses indivíduos: a crescente dificuldade de se relacionar com… bem… com gente. Porque gente comum vai ficar infinitamente entediada e vai evitá-los. E quem vai ficar por perto são os igualmente obcecados. O que vai reforçar, para eles, a imensa importância do tema de sua obsessão, e mantê-los na bolha de isolamento. Eventualmente, até os mais obsessivos cansam da repetição. E o indivíduo monotemático ou uni-atitudinal então, fica só.

E o que você acha que vai acontecer? Vai começa a falar, postar e escrever sobre a indiferença da sociedade, e esse vai ser o próximo tema-único. Raiva e ressentimento vão ser a nova atitude-única. O que, naturalmente, só vai reforçar o afastamento das pessoas.

É isso. É só isso mesmo. Se puder, veja se compartilhe para que chegue eventualmente aos monotemáticos que (ainda) façam parte do seu círculo. Quem sabe, por acaso, esse textinho ajuda a romper o círculo vicioso e levar a uma vida mais legal.