A MORTE-DE-SI

A MORTE-DE-SI

Estamos no setembro amarelo. Mês de alerta e prevenção do suicídio. Os números mostram uma epidemia mundial. São 800.000 suicídios por ano. A cada 40 segundos, uma pessoa tira sua vida. Triste. Muito triste!

Fui voluntário do CVV – Centro de Valorização da Vida, durante um bom período. Atendi pessoas tanto presencialmente, como por telefone e, mais recentemente, pela web, através do chat.

Esse último, web, a maioria das pessoas são adolescentes e jovens. Uma triste realidade onde cresce o maior número de suicídios no mundo nesta faixa etária.

Na minha experiência, atendendo milhares de pessoas, puder perceber que a maioria que procura apoio emocional, sente uma angústia profunda e uma terrível solidão. Essa solidão, não é porque não tem ninguém ao seu lado, muito pelo contrário, várias vezes quando a pessoa falava que se sentia sozinha, eu percebia que tinha gente por perto e, mesmo assim, a pessoa se sentia sozinha. É o que chamo de “solidão de casa cheia”.

O objetivo deste texto é contribuir para que, qualquer pessoa bem intencionada, possa ajudar outras pessoas a falar sobre a morte-de-si de forma mais natural. Para isso, há regras que devem ser seguidas:

Primeiro: Em uma conversa com quem precisa de apoio emocional, você deve: Sentir, Pensar e Agir. Nesta ordem. Sentir o que o outro está sentindo literalmente, utilizando a alteridade para isso, ou seja, perceber que a pessoa está frágil e se portar como ela. Pensar nas coisas que ela está falando ou tentando falar, não interrompendo e, agir facilitando o diálogo e se colocando ao lado dela de forma genuinamente generosa e aberta.

Segundo: Em uma conversa afetiva e generosa, você não deve: Julgar, Investigar e Aconselhar. O resto tudo pode. Você não deve julgar, pois você não é “ninguém” nesse momento, ou seja, “ninguém” mais importante, ou mais capacitado, ou qualquer outra coisa. Você é apenas um ser humano como a pessoa que está passando por um momento difícil. Você não deve investigar, fazendo perguntas difíceis ou qualquer outra pergunta. Lembre-se: a pessoa é que quer falar, não você. Você não deve aconselhar, pois os conselhos servem para você e não para a outra pessoa.

Você pode perguntar: O que fazer então?

Simplesmente escute com seu coração, deixando a pessoa falar sobre seus sentimentos, angústias etc. Ao falar, a pessoa vai se “escutar” e ela mesmo chegará a conclusões que são importantes para ela. Com seu apoio em escutar, genuína e generosamente, a vida seguirá melhor. Tanto para você como para ela. Se algo fatal acontecer, não é sua responsabilidade. É uma fatalidade mesmo. O importante é que você dedicou um tempo para alguém, conhecido ou não,  de forma generosa e afetiva. Esse é o papel que você pode assumir nesse setembro amarelo.

Boa escuta!

Xiko Acis

Obrigado, pelo ensinamento! Frase marcante: os conselhos servem para você e não para a outra pessoa.

Adriana Alonso

VP Sales and Marketing Latam at LVR Robotic

5 a

Oi Xiko, obrigada por compartilhar este conteúdo tão importante neste momento de epidemia. abs!

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