A morte do Museu Nacional
Talvez algumas pessoas não entendam a comoção por um Museu, mas um museu que queima pode ser comparado a uma pessoa que morre. Jamais veremos seu rosto novamente, jamais ouviremos sua risada, nem ouviremos seu conselho ou compartilharemos uma refeição juntos... O museu se foi. Quem não conheceu, não o conhecerá... Não andará por seus corredores, não sentirá seu cheiro, não poderá ver de perto um pedaço do passado... Não verá as múmias, os esqueletos de dinossauros, o mobiliário que pertenceu à família real... Não verá de longe os livros raros da biblioteca, nem a coleção de moedas do Império Romano... Ficaram apenas as fotos, os vídeos e os livros sobre o local... Podem reconstruir suas paredes, mas vai ser como visitar um cemitério onde lembramos com carinho de quem se foi, mas a pessoa não está mais lá... É apenas um memorial... É isso! 200 anos de nosso passado morreram pra sempre... Foram milhares de peças cheias de história que desapareceram. O museu é um reflexo da nosso sociedade. Todo dia pessoas morrem também, em filas de hospitais, em postos de saúde. Faltou prevenção, faltaram exames feitos com rapidez, faltaram cuidados, faltou sensibilidade, faltaram recursos... E como as famílias indignadas choram pelos seus parentes queridos que jamais vão rever, eu, choro pelo Museu que não conheci...