Movimentação profissional exige planejamento

Movimentação profissional exige planejamento

A paixão pelo trabalho, o desejo de brilhar em uma nova área de atuação ou o sonho de prosperar na carreira podem ajudar muito na trajetória profissional, mas, em geral, ter vontade e garra não bastam para atingir o sucesso, seja lá o que esse conceito represente para cada um de nós. O êxito de um processo de mudança e evolução também depende muito de “pé no chão” ou, dito de outra forma, de sensatez, critério e preparo.

Gosto de citar a história do navegador e escritor Amyr Klink para reforçar a importância do planejamento e da estratégia nos movimentos que realizamos na vida. Reconhecido por muitos como um aventureiro, Klink rejeita esse rótulo e, sempre que pode, lembra o público do quanto planeja, estuda e se prepara para cada uma de suas viagens antes de partir e desbravar rotas marítimas. Afinal, as adversidades são inevitáveis, mas há muitos problemas que podem ser controlados ou eliminados se avaliados previamente.

Muitos profissionais pensam em buscar novos caminhos

Esse mesmo raciocínio vale para quem deseja buscar novas oportunidades de emprego. E há bastante gente pensando nisso nesse exato momento. De acordo com dados do último Índice de Confiança Robert Half (ICRH), 52% dos profissionais pretendem procurar um novo emprego ao longo deste ano, contra 48% que não fazem planos nesse sentido. Temos, portanto, mais da metade dos entrevistados interessada em alçar novos voos, apesar de um cenário econômico ainda crítico e com rescaldos da pandemia.

E a vontade de mudar, entre aqueles que buscam um novo posto de trabalho, não é pequena. Para 66% dos trabalhadores ouvidos pelo ICRH, a ideia é realizar uma guinada maior, por meio de uma nova carreira, área de atuação, segmento ou profissão. Apenas 34% dos participantes do estudo afirmam querer permanecer na mesma área, mas em outra empresa.

É preciso estar bem informado e ter cuidado para fazer uma mudança corretamente

Apesar de haver tantos profissionais interessados em um novo emprego, por diferentes motivos, nem todos estão bem-informados sobre o mercado. Segundo dados da 20ª edição do ICRH, 24% dos entrevistados não sabem dizer se o segmento, área ou profissão que almejam está com alta demanda de vagas ou não. Já para 40%, a ideia é se movimentar para as carreiras “quentes”, o que, obviamente, aumenta bastante as chances de obter uma mudança bem-sucedida.

E para 37% das pessoas ouvidas, as oportunidades mais “quentes” não estão sendo consideradas, já que as motivações para a mudança de carreira são outras. Aqui, hipoteticamente, podemos pensar em profissionais que queiram, por exemplo, ter mais qualidade de vida evitando segmentos do mercado conhecidos como estressantes, apesar de pagarem bem e contratarem mais do que outros.

Índice de Confiança Robert Half

O ICRH monitora o sentimento de recrutadores, profissionais empregados e desempregados com relação ao mercado de trabalho e economia atualmente e para os próximos seis meses.

ACESSE O INDICADOR

Estudar o mercado facilita a movimentação

De modo geral, qualquer movimentação rumo a um novo emprego deve ser iniciada com um estudo do mercado, da empresa, da profissão ou segmento nos quais se deseja atuar. Em uma era de tanta informação imprecisa ou falsa, buscar fontes confiáveis e variadas para se manter atualizado é essencial. Orientar-se pela própria intuição ou por exemplos de algum colega também vale, mas estes recursos estão longe de ser a única bússola.

É preciso pesquisar, avaliar e confrontar diferentes pontos de vista para ter um “mapa” mais preciso de como é possível chegar ao destino desejado. Há relatórios, estudos, jornais, publicações especializadas, entre outras possibilidades interessantes, úteis e disponíveis na internet, que apoiam os profissionais nessa jornada. O Guia Salarial da Robert Half, sem dúvidas, é uma das fontes mais conhecidas.

Entenda as tendências do mercado e planeje sua mudança da maneira mais efetiva

Destaco, a seguir, algumas informações estratégicas, levantadas pelo ICRH, para quem deseja ficar a par das tendências do mercado e planejar uma movimentação profissional mais segura e efetiva:

  • Empregabilidade – A taxa de desemprego entre profissionais qualificados, aqueles com formação superior e 25 anos ou mais, está bem menor do que média geral, portanto, o mercado está favorável para essa categoria;
  • Setores com mais vagas – Os cinco setores que mais contrataram recentemente são os de Tecnologia, Atividades Técnicas, Atividades Financeiras, Indústria de Transformação e Atividades Administrativas. E não é de hoje que eles figuram entre os que mais oferecem oportunidades;
  • Setores com menos vagas - Organismos internacionais, Alimentação, Artes, Cultura e Esporte, Eletricidade e Gás, e Saneamento estão entre os com menor nível de contratação nos últimos tempos. A pandemia teve efeitos sobre esses setores, é preciso acompanhar como eles evoluirão.
  • Inovações que devem permanecer – A pandemia trouxe mudanças e preocupações que provavelmente ficarão por um bom tempo no radar das empresas. Equilíbrio entre vida pessoal e profissional, modelos flexíveis de trabalho e reconhecimento da importância da saúde mental pelas organizações são as principais delas;

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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