A MRS sabe compartilhar
Em setembro faz 22 anos que a MRS arrendou uma parte da malha ferroviária brasileira, estranhamente dias antes do leilão o trem barrinha, parado em um sinal, foi abalroado por trás, por um cargueiro, e com isso a linha de passageiros foi suspensa. Dois anos depois, um mês antes de suas atividades começarem, o trem de Prata que ligava o Rio a São Paulo foi retirado de circulação. Assim a MRS começou a transportar minério, sem ter de compartilhar a linha com trens de passageiros. Desde este inicio todas as tentativas populares no sentido da volta do trem barrinha foram negadas, tanto pelas autoridades Estaduais, e pela MRS.
Trem Barrinha é um apelido carrinhoso que o povo deu ao trem que ligava Barra do Piraí a Japeri, e que trouxe graves consequências para as cidades que ficaram orfãos de seus trens. Embora funcionasse apenas 3 vezes ao dia, o Barrinha era a via do desenvolvimento do morador de onde ele passava, um trem de trabalhadores e estudantes.
Mendes, e Paulo de Frontin tem hoje crescimento populacional igual a zero, e há dez anos que Barra do Piraí sonha em chegar a 100 mil habitantes, e só agora atinge 95 mil. Sem poder ir trabalhar em outra cidade, já que quem paga esta passagem é o patrão, e hoje as empresas só dão de vale transporte o valor modal de um municipio, só resta ao trabalhador mudar para poder lutar para seu sustento já que as passagens de ônibus tem um valor muito acima da capacidade orçamentária de quem trabalha. E o fator financeiro impede também o deslocamento para cursos de especialização, ou de formação de seus filhos.
Mas os problemas não são só estes, ainda tem o pó de minério que se espalha por todo seu caminho, fato que trataremos em outra matéria. Então sem emprego, sem ter uma formação profissional, e respirando pó de minério, restou a população, vir tentar a sorte na Capital, onde a vida empurra estas pessoas para viver nas ruas e nas comunidades, aumentando o caos que cresceu na crise.
Em novembro do ano passado estive em São Paulo, e sem querer, acabei descobrindo que em alguns ramais do suburbio o trem de carga compartilha a linha com o trem de passageiro, tudo convivendo em harmonia há quase 22 anos. No Rio não pode porque as autoridades não impoem o direito universal de ir e vir, e cabe ao povo esciolher melhor seus representandes, para que suas aspirações sejam atendidas, e possa voltar a ser feliz. Veja o vídeo…