A mudança faz parte do sucesso
Imagem de divulgação: Üm senhor estagiário

A mudança faz parte do sucesso

Já falei sobre muitas coisas aqui, mas ainda não contei sobre mim. E acho importante contar um pouco da minha história para que as pessoas compreendam quais experiências minhas palavras refletem.

Jornalista, apaixonada por escrever, iniciei minha carreira como repórter policial, que adorava se meter em confusões. Minha pauta predileta era manifestações, sequestros e tudo que envolvesse muita adrenalina.

Eu era tão apaixonada por aquilo, que já cheguei a fazer 7 matérias quentes em um único dia. Isso tudo, apuradas pessoalmente. Quando não era meu plantão, eu trocava com meus colegas para trabalhar no lugar deles e poder aprender mais naquele início de carreira.

No primeiro jornal que trabalhei em Brasília, eu iniciei um estágio na editoria de Cidades. Abriu uma vaga na editoria de Polícia, que era o meu sonho. Me candidatei e passei. Não substituí uma pelo outra. Fiquei nas duas. Em poucos meses fui contratada como jornalista, com carteira assinada, mesmo ainda estando no quarto semestre da faculdade.

Naquela época, bastava levar comprovantes de atuação, com matérias publicadas e assinadas e o jornal entrar com uma solicitação na Delegacia Regional do Trabalho. E pronto, eu tinha meu registro. E tinha meu primeiro emprego de verdade. Eu já havia deixado a casa dos meus pais assim que recebi meu primeiro salário como estagiária. E nunca mais voltei.

Mesmo achando que jamais deixaria o jornalismo, profissão que amo infinitamente até hoje, a venda do jornal que eu trabalhava me deixou sem emprego e com uma filha de 6 meses em casa.

Foi desde então que iniciei um relacionamento sério com a publicidade, mais especificamente com o digital. E esse casamento dura até hoje. Iniciei meu trabalho nas redes sociais, ainda nos velhos tempos do Orkut.

Eu coordenei o primeiro núcleo de comunicação digital do Ministério da Saúde, onde iniciamos um trabalho pioneiro de atuação governamental nas mídias sociais e um trabalho que aposentou o marketing de guerrilha para iniciar um atendimento personalizado ao público (hoje é a coisa mais natural que se tem, mas estou falando desse trabalho em 2008), em meio à pandemia de H1N1 que vivemos.

Depois de muito aprendizado, resolvi que era hora de enfrentar o desafio de uma agência. Eu queria estar mais imersa. Arriscar mais, ver coisas diferentes, ter mais contado com outras tecnologias e funcionalidades. Então em 2011, iniciei minha imersão no enlouquecido e surtado mundo de agência.

Iniciei como gerente de conteúdo, onde atendi campanhas lindas e desafiadoras. Mas com apenas um ano de casa, veio o desafio de deixar a área de conteúdo e migrar para a área de Operações.

Eu participava de tudo que ocorria na agência. E era um caos absoluto. Nessa época, tentava montar processos, atender a todas as necessidades, sem a menor experiência. Era na unha, como se fala por aí.

Não era minha primeira experiência em gestão de equipes, afinal de contas tive minha equipe na Saúde e depois minha equipe de Conteúdo da agência. Mas era a primeira vez com tanta gente, com tanta coisa acontecendo e com tão pouca experiência nos assuntos, principalmente os burocráticos, os que estavam por trás das campanhas, que eram essenciais para fazer elas acontecerem.

Era uma gestão sem autonomia, onde você tinha que vencer pela empatia e parceria. E foi justamente aí, que minha forma de liderar começou a mudar pra sempre e foi se moldando a uma nova forma de enxergar esse desafio.

E como foi? Foi uma sensação eterna de nadar de braçada e morrer todos os dias. Eu tinha força de vontade, energia, coragem, mas os problemas eram muito maiores e mais rápidos que eu.

Foi quando a agência contratou um Diretor de Operações, que tinha muita experiência. Ele era rígido e pragmático. O quê eu fiz? Colei nele para aprender tudo que eu não sabia. E ele colou em mim para ter um apoio pra fazer tudo que ele precisava.

Aprendi, dia após dia. Equipe após equipe. Cliente por cliente, campanha por campanha. Consegui escrever minha primeira metodologia, totalmente detalhada, com cerca de 300 páginas, com tutoriais, fluxos de trabalho, modelos padrões e tudo que a equipe fosse precisar. Participei da implementação de ferramentas de projetos customizadas, da criação de relatórios de desempenho, de mudança de cultura, de treinamentos de processos e uma infinidade de outras coisas.

De gerente de Operações, me tornei Diretora de Operações. O desafio era cada vez maior. E a sensação que eu tinha era que a cada dia eu podia aprender mais. Tentava sempre não errar duas vezes a mesma coisa. Nem sempre dava certo.

Mas o que eu mais me empenhava era na gestão das pessoas. Isso, eu me dedicava de corpo e alma. Pois eu já havia percebido que essa era a real diferença, não importa quantos projetos chegassem, quantos problemas teríamos. E isso criava uma motivação extra, uma força, uma vontade de fazer a diferença nas pessoas, que trazia resultados únicos.

Após 8 anos, fui demitida da agência, já como Vice-Presidente de Governança Corporativa. Assim como a crise que afetou todo o mercado publicitário em 2019, principalmente em Brasília, ela também bateu na porta de onde eu trabalhava e precisei ir embora do lugar onde achei que me aposentaria.

Carreguei comigo toda a certeza de que pude levar e deixar algo de relevante para aquele lugar, para todas aquelas pessoas que dividiram comigo experiências e aprendizados. Sai gigante dali. Uma profissional que nem eu mesma jamais imaginei que pudesse ser um dia. Por tudo que vivi, por tudo que busquei, por todas as vezes que quis fazer diferente.

Em uma semana eu consegui uma recolocação em um projeto temporário, como freela, na CNI, na área de Mídias Sociais. Em quatro meses fui contratada para dar continuidade ao trabalho. Agora, sem prazo pra acabar. E recomecei tudo de novo. Um desafio completamente diferente, com uma empresa muito maior. E aqui vamos nós, de novo, construir mais um pedaço dessa história.

E o que eu tenho de especial por isso tudo? Nada. Todos nós sempre buscamos uma forma de fazer dar certo. Como eu fiz isso? Ralando muito. Estudando mais ainda. Mas principalmente, procurei sempre fazer a diferença na vida das pessoas das quais trabalhei. Sejam aqueles que foram meus líderes ou que eram para do time.

Minha maior preocupação era ser um exemplo, uma inspiração. Por isso, jamais deixava nada passar. Eu sempre tentei repassar o máximo de conhecimento, treinar, motivar, fazer com que eles se superassem a cada dia e acompanhar quando eles conseguiam alcançar seus objetivos.

Nunca deixei, motivei ou dei sinais de que a equipe deveria trabalhar além da conta para conquistar algo. Muito pelo contrário, sempre busquei alternativas de mostrar a eles como serem melhores a cada dia sem precisar viver para trabalhar. Acho que tive êxito nessas tentativas.

Mas e eu, faço isso? Não! Sempre trabalhei cerca de 16h por dia, sem contar finais de semana ou feriado. Hoje, não faço mais isso. Hoje consigo ter uma vida muito mais equilibrada e estou muito feliz com isso.

Mas, mesmo com uma carga horária mais ponderada, não perdi meu hábito de acordar às 04h. Que é quando eu consigo estudar, refletir, ter algumas ideias de soluções para problemas, melhorias. Organizo meu dia. Minha mente é inquieta demais e tento sempre trabalhar e canalizar isso.

Mas tem algo importante que devemos usar para fechar esse artigo. Mesmo com tanta dedicação ao trabalho, acredite, consigo equilibrar o tempo com minha família, onde eu possa ser esposa, mãe, madrasta.

É perfeito? Claro que não. Mas ninguém nunca é. E a chave para sermos satisfeitos e realizados com quem nos tornarmos é termos orgulho do que construímos, de como construímos. Nunca podemos parar de buscar, de fazer.

Mas isso deve ser algo natural e não resultado de uma insatisfação contínua. Do medo do fracasso. Ou da tentativa de ser quem você não é. Deve ser apenas reflexo de alguém que quer descobrir novas oportunidades, fazer ajustes, melhorias, sem medo dos resultados, sem medo de ser feliz, mesmo passando por momentos críticos e sabendo que eles serão essenciais para quem você se torna a cada dia.

Gostou deste artigo? Confira mais dicas práticas sobre liderança e carreira no meu Livro Abraça o Caos.

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Manuela Alegria

Coordenadora de projetos e programas ambientais

4 a

Super inspirador Fernanda! Quero saber mais! Beijos

Alexandre Marques

Gestão de Marca | Planejamento Estratégico | Performance de Campanhas | Branding

4 a

Que artigo incrível, muito inspirador e traz bons ensinamentos. Obrigado por compartilhar Fernanda Scavacini 😊

Liz Campos

Mãe do Rafael 💙 | Gerente de Projetos, Produtos e Inovação

4 a

Tenha certeza que você deixa sempre um legado de aprendizado e inspiração, Fê! Além de um gostinho de quero mais para todos que já trabalharam com você, incluindo eu! Tenho orgulho de ser sua aluna, fã e amiga! Sua trajetória só confirma a profissional exemplar e o ser humano fantástico que você é! Obrigada por tudo sempre! ♥️

Alberto Zingany

Project Manager | Team Leader | Capacity Development and Learning | Social Change Advocate

4 a

Arrisco-me sempre a enfrentar desafios, acredito ser a maneira certa de agregar mais conhecimentos e mostrar o que sou capaz.

Inspiração. É isso que você é pra todos que já trabalharam com você e puderam conviver o mínimo que fosse. Todo seu esforço sempre foi reconhecido. Você é uma máquina que tem coração, e pensa num coração grande! Obrigada por tudo, sempre.

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