Mudanças de escopo e composição: o papel do conselho na reinvenção dos negócios
Os Conselhos de Administração, doravante denominados simplesmente Conselho, precisam se desdobrar para irem além das diretrizes de um bom planejamento estratégico, da proteção do patrimônio e de um eficiente retorno sobre o investimento dos acionistas. O escopo e a composição deles estão em evolução, até porque, além de mitigarem os estragos da crise, eles devem também focar na reinvenção/atualização dos negócios.
Com isso, alguns questionamentos fundamentais passaram a fazer parte da lista de afazeres dessa tão importante instância da Governança Corporativa que é o Conselho, a saber:
Capital Humano
· A infraestrutura de internet e telecomunicações é suficiente para possibilitar que os colaboradores trabalhem em home office? Como tornar mais efetiva e produtiva a atuação remota?
· Como promover adequações para manter os empregos atualmente existentes?
· O Conselho já analisou a possibilidade de realizar assembleias de acionistas virtualmente?
Sucessão
· A companhia possui plano de sucessão para todos os postos-chaves?
· Quais políticas a companhia tem implementado para garantir que o CEO e demais executivos permaneçam saudáveis?
Cadeia de suprimentos
· Quais são os riscos mais significativos que podem afetar a cadeia de suprimentos da companhia?
· As práticas ESG (Environmental, Social and Governance ou, em português, Meio Ambiente, Social e Governança) e trabalhistas dos fornecedores e da própria empresa são entendidas pela companhia como dentro dos padrões desejáveis?
Gerenciamento de riscos e oportunidades
· Quão resiliente é a empresa para enfrentar resultados negativos?
· O Conselho está, de fato, constantemente se atualizando com relação a riscos e ameaças emergentes?
· A discussão dos desafios, oportunidades e inovações desse novo contexto de negócios faz parte da agenda do Conselho?
· Como estão sendo tratados os riscos de segurança cibernética decorrentes do trabalho remoto?
· Obrigações legais e financeiras estão sendo devidamente endereçadas e cumpridas?
Para dar conta de tudo isso, o Conselho deve aprimorar, cada vez mais, uma característica que é, também, uma grande vantagem: a diversidade. Já amplamente debatida e destacada antes da crise, a diversidade se tornou fundamental, porque torna os Conselhos mais inteligentes e capazes de traçar estratégias mais conectadas com todas as facetas da realidade e da sociedade. A multiplicidade de visões, backgrounds, gênero, vivências e conhecimentos potencializam a habilidade de resolver problemas complexos e totalmente fora do comum, como por exemplo, uma pandemia. A presença de conselheiros independentes, sem relação com a gestão executiva ou com acionistas, também é altamente recomendável.
Que os Conselhos ganharam ainda mais relevância com a crise do coronavírus todos sabemos. Inclusive, em meu último artigo, comentei sobre o caráter mais dinâmico, próximo e solidário do relacionamento entre conselheiros e gestores, no sentido de prover ativamente aos executivos segurança e respaldo para a tomada de decisões difíceis.
No entanto, mais do que próximo da liderança, o Conselho precisa estar pronto para apoiar, realizar e ser parte das mudanças. Esse movimento é necessário para que a organização não apenas sobreviva à crise; mas que sobreviva com resiliência e aptidão para prosperar na nova realidade. Os conselheiros não podem ser simples observadores desse novo normal que vem sendo delineado diariamente e em tempo real: atualizar-se, envolver-se e evoluir pode ser desconfortável; mas alhear-se não será, jamais, uma alternativa.
Gabriela Baumgart
Conselho de Administração | Conselho Consultivo | Comitês de ESG e Pessoas | Impulsionando Negócios Sustentáveis | Gestão de Cultura em Ambiente de Transformação | C-Level RH, Comunicação e Sustentabilidade | Mentoria
4 aÓtimos pontos! Nova realidade e novos desafios para Conselhos e líderes. Realmente a diversidade passa a ser crucial para garantir uma visão 360o, e também para a busca de soluções inéditas.
Diretor Administrativo e Conselheiro | Especialista em Gestão e Administração Hospitalar
4 aSem dúvida alguma estar atendo aos novos requisitos do mercado é fundamental, inclusive, para membros de conselhos. Excelentes insights Gabriela Baumgart, CCIe
CCA IBGC | Conselheira de Inovação Certificada | Partner | VP de Vendas | Advisor | Mentora
4 aGabriela Baumgart, CCIe , excelente artigo abordando o "novo" papel do Conselheiro. Parabéns. Como você mencionou, após esta experiência tão única que estamos vivendo, as empresas se reinventarão (já estão fazendo isso), e os Conselheiros também, devem reinventar-se! Com uma atitude mais colaborativa e participativa , sempre atento às mudanças. Que esse momento nos traga produtivas reflexões!
Excelente olhar sobre o papel dos Conselhos, sobre o papel das organizações em apreender as visões de futuro e traduzi-las de forma coerente. Valeu Gabriela!!
Potencializo sua comunicação profissional, CEO Linguagem Direta, Inteligência da Comunicação para líderes, Fonoaudióloga, Partner do Ecossistema Great People & GPTW, Escritora, Palestrante, Mentora
4 aParabéns pelo artigo Gabriela Baumgart, CCIe! Muito bom!