Mudanças Necessárias

Mudanças Necessárias

Em 2001, perdi meu pai. Ele sempre havia sido um homem muito envolvido com seu trabalho. Sempre cheio de compromissos a ponto de negar uma viagem à África do Sul com meu irmão, meses antes, apesar de ser um destino que sempre tivesse desejado visitar. Quando recebeu o diagnóstico de que a doença era terminal e teria cerca de cinco meses de vida, passou pelos cinco estágios do luto de Kübler-Ross. Passou a negar a doença e a fazer planos para quando saísse do hospital. Assistir a tudo isso foi muito dramático, já que eu sabia que não havia possibilidade de cura e portanto de nenhum daqueles planos se realizarem. E isso mexeu muito comigo. De forma, positiva, constato hoje. Tomei uma grande decisão naquele momento: nunca passarei por esse momento na minha vida! Ao final dela, seja quando for, não terei a sensação de que não trilhei os caminhos que eu queria.

Eu já vinha bastante insatisfeita com minha carreira de engenheira civil. Muito trabalho, pouco tempo disponível, uma enorme pressão e uma remuneração incompatível. 

Com o falecimento do meu pai, me organizei financeiramente e pensei em alternativas. Não é fácil "sair dos trilhos". A sociedade tem muitas expectativas sobre como devemos conduzir a nossa vida. Em que momento casar, ter filhos, como deve ser nossa carreira, dinheiro, etc. Não me refiro somente à família, mas a todos que nos cercam. 

Cheguei a pensar em estudar para concurso, já que em Brasília, isso é muito comum. Essa é a saída costumeira encontrada por quem está insatisfeito no mercado de trabalho. E assim fiz por alguns meses. Até que um dia, encontrei uma amiga que me disse assim sem muitos filtros sociais: você já pensou em fazer outra faculdade? E eu sugiro a de psicologia! Fiquei pensativa, mas a minha primeira reação foi negar: de jeito nenhum! Já estudei muito e por muito tempo (havia feito engenharia civil e um MBA executivo em seguida). Mas fui com aquela ideia pra casa. Meu marido sugeriu a mesma coisa, mas com mais tato acrescentou: se você não gostar, saia! E assim, eu cedi à ideia. Quando me dei conta, já estava formando. Foram os cinco anos mais rápidos da minha vida. Eu sempre fui muito observadora do comportamento humano e havia feito terapia por alguns anos. Sempre me interessei muito pelas pessoas: o que as faz agir como agem.

Paralelamente fui fazendo a minha formação em clínica comportamental adulta e logo em seguida, fiz minha especialização. 

Contando aqui resumidamente esses longos anos, parece que foi tudo muito fácil e direto. Quando as pessoas sabiam que eu havia "largado" a minha profissão, me perguntavam: você agora vai fazer direito, né? É isso que dá dinheiro!! Ou, indagavam exaltados: você realmente acredita que vai começar uma carreira nova aos 40 anos?? Isso me dava muito frio na barriga! Eu tinha muitas dúvidas sobre o sucesso da minha nova empreitada. Como saber se uma coisa vai dar certo? Simplesmente não se sabe, mas precisamos apostar nela. Mas ao longo da faculdade fui recebendo muitos feedbacks positivos. Fazer faculdade mais velha tem suas vantagens! Eu me dediquei muito ao meu curso e à minha prática.

Tem cinco anos que estou na clínica e não podia ter feito coisa melhor por mim mesma e pelas minhas relações. Meu trabalho faz total sentido na minha vida. Me sinto muito grata por poder compartilhar de perto a vida dos meus clientes e vê-los desabrochar e ganhar o mundo. Isso não é quantificável. Além disso, vivo (muito bem) do meu trabalho, sou independente financeiramente e as perspectivas são ótimas!

Percebi com isso que há muita coisa que precisamos mudar ao longo da nossa vida. Corrigir essa rota de tempos em tempos é necessário. Essas decisões e ações não são fáceis e nem trazem efeitos imediatos, mas no longo prazo são as que trazem mais satisfação e nos fortalecem. Sou prova viva disso! 

Claudia Panella

Consultoria Imobiliária nos Estados Unidos

9 a

Wow, fiquei com vontade de conhecer você, Nunca imaginei que o Linkedin seria a primeira (espero) comunicação que aconteceria em nossas vidas... Sempre fui apaixonada pelo meu Tio Izidoro, talvez por ter convivido com seus pais quando eu era pequena. Eu tinha lá meus 5 anos e eles deveriam ter seus 20 e poucos. Parabéns pela coragem de ir à luta! Poucos a tem e me identifico muito com tudo isso que você acabou de dividir. Um beijo de sua...prima-tia.2o grau - sei lá...virou família de 1o grau por escolha!

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