Mudanças nos cursos de Engenharia. Elas são mesmo necessárias?
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Mudanças nos cursos de Engenharia. Elas são mesmo necessárias?

Idealizados em uma época onde a indústria e o setor de construção tinham demandas diferentes, a grande maioria dos cursos de engenharia ainda apresentam estruturas engessadas que privilegiam temas teóricos, poucos práticos e, muitas vezes, em desacordo com as necessidades do mercado.

O Brasil, um país com baixo número de engenheiros, tem muitos cursos com qualidade insuficiente e uma alta evasão de alunos. De cada 10 estudantes que se matriculam no 1° ano, apenas 5 concluem a graduação.

A área de engenharia, assim como outras profissões, enfrenta um problema comum: entender as demandas dos consumidores e se adaptar às novas tecnologias.

Outro problema diz respeito à qualidade do ensino de algumas instituições brasileiras

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, vinculado ao Ministério da Educação, dos mais de 1500 cursos de engenharia, avaliados em 2014 no Brasil, 60% atingiram a nota mínima satisfatória. Outros 15% nem chegaram a isso.

Em contrapartida há algumas universidades que estão se atualizando para mudar esse quadro

O INSPER, escola tradicionalmente conhecida por seus cursos de economia e administração, adotou algumas medidas inovadoras desde a fundação de sua Faculdade de Engenharia, em 2015, como não dividir os cursos por departamentos, algo similar ao que acontece em Harvard. Isso permite maior integração, entre os diferentes ramos da engenharia.

A escola baseou o currículo em projetos, com a adoção de semestres temáticos em que os alunos desenvolvem, em grupos, soluções para problemas reais, apontados por empresas parceiras. No final do curso, os alunos das três graduações (mecânica, mecatrônica e computação) desenvolvem um projeto para uma das empresas parceiras, que envia um engenheiro tutor para participar da elaboração da solução.

Há outras faculdades que também estão tomando iniciativas parecidas, como o Instituto Mauá de Tecnologia, a Universidade de São Paulo e o Instituto de Tecnologia de Aeronáutica. No Centro Universitário FEI (onde me formei, em 1994), a ideia é dar ao aluno um tipo de educação que estimule o aprendizado constante, mesmo após a conclusão do curso, ensinando competências para que o aluno tenha condições de se tornar um empreendedor.

Segundo o vice-reitor da FEI, Marcelo Antônio Pavanello, os cursos de engenharia ensinam, no início da vida acadêmica, alguns conteúdos que só serão usados anos depois, criando um distanciamento entre a universidade e o mercado.

Os novos modelos tecnológicos e demandas da sociedade são para todos, até mesmo para as escolas de engenharia que precisam se adaptar às novas exigências dos próximos alunos, mercados e indústrias.

O Brasil precisa se adaptar e modernizar as suas faculdades de engenharia para não ficar para trás, novamente!

SOBRE O AUTOR

Rodrigo Portes – Sou graduado em engenharia elétrica pela FEI, MBA Executivo em Marketing pela ESPM, com especialização em gerência executiva de vendas e gestão estratégica de negócios pela FGV. Tenho mais de 23 anos de experiência em vendas, desenvolvimento de negócios e gestão de P&L, atuando em posições de liderança em empresas multinacionais dos segmentos de automação industrial, energia, máquinas e equipamentos. Contato: 11 98111-8912.

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Roberval Maimone

Profissional da Área de Compras e Suprimentos

6 a

Muito bom, Rodrigo, parabéns !!!

Henrique Croisfelts

Gestão humanizada focada em resultados.

6 a

Prezado Rodrigo, penso como você em relação a questão educacional e não apenas para os cursos de engenharia, mas para todas as formações. Hoje temos várias iniciativas que se utilizam do PBL (problem based learning) em diversos cursos de medicina, por exemplo. Isto dá ao aluno a percepção de que tem poder e caminhos para resolver os problemas com o que tem e, se não tem, que se vire pra buscar uma solução, dando muito mais sentido e aplicação ao que aprende. Dessa forma, além de ser um aprendizado muito significativo, passa a ter utilidade prática, de forma a construir um profissional que pode se especializar, mas sem limitar suas capacidades apenas àquilo em que se especializou (e que talvez não seja atrativo para o mercado).  Eu fico muito triste e chateado por ver que a nossa indústria é muito limitada, correspondendo apenas a 11% do PIB. Quer dizer, temos o mercado com consumidores ávidos por melhores soluções, temos um mercado em quantia suficiente para ser auto-suficiente, temos matéria-prima e temos aumentado a quantia de pessoas qualificadas, mas mesmo assim isso não é utilizado a nosso favor!  Entendo que na tal da tripla hélice (governo, mercado, universidades) cada um tem a sua responsabilidade nisso. Que o governo precisa ser mais estratégico, bem menos burocrático, criar linhas de incentivo e buscar uma aproximação com a academia para oferecer "problemas" e buscar ajuda, que o mercado também precisa acreditar e utilizar mais as leis de incentivo, tais como a lei do bem e o marco legal da ICT, mas que fundamentalmente, eu luto para que a academia reconheça a sua responsabilidade nisso e procure se moldar para nos colocar na linha de frente da 4a revolução industrial em vez de ficar repetindo, ainda, o mesmo modelo que já foi válido lá nas décadas de 1980 e 1990, mas hoje não é mais! Não é à toa que mais do que 40% dos doutores encontram-se "não empregados". (procurem por Eduardo Viotti). Outra coisa que entendo ser necessária é valorizar mais o que é nosso. Hoje Harvard e outros grandes centros de ensino tem difundido a metodologia do PBL, cuja principal referência é o pedagogo brasileiro Paulo Freire, que é valorizado por lá e volta com um nome chique e aceito, mas que aqui é visto com enorme desapreço político. Meus filhos estudam em escola que se utiliza do método de construção do conhecimento por projetos aqui em Ribeirão Preto (Miró), antes, quanto eu morava em Campinas, também estudavam em escola que se utiliza dos mesmos princípios (Thema). Em São Paulo, a grande referência é a "Escola da Vila". Eu fico entusiasmado quando crianças de 6 anos chegam em casa perguntando qual é a hipótese para explicar ou entender tal coisa e depois fazem apresentações utilizando power point, coisa que em minha vida universitária, fui aprender lá na USP/RP, só aos 18 ou 19 anos. Desculpe o tamanho do texto, me empolguei! Soluções temos em nossas mãos, basta acreditar e querer fazer diferente! Um grande abraço! É sempre uma satisfação enorme ler seus textos e poder dialogar!  

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