Mudar não é uma opção, mas sim uma obrigação
Mais de metade de agosto já passou. Brevemente, grande parte dos portugueses voltará aos seus ritmos quotidianos. Mas como o período ainda é de algum relaxamento, é relevante elevar algumas preocupações que merecem uma reflexão mais cuidada.
As alterações climáticas fazem-se sentir com cada vez mais fulgor. Para além da agenda global, que tenta a todo o custo levar os estados mundiais a tomarem medidas concretas para mitigar o maior desafio da humanidade, todos os dias, em todo o mundo, há exemplos concretos do quanto o planeta sofre devido a pequenos e grandes comportamentos inconscientes.
Por exemplo, o passado mês de julho foi o mais quente da história do planeta desde que existem registos. O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, usou uma frase que é per si auto explicativa: “Acabou o aquecimento global. Começou a era da ebulição global”, resultando daí ondas de calor imensas, incêndios, algumas águas oceânicas a 38 graus e certas regiões do globo a registarem uns assustadores 60 graus celsius.
Esta semana todos os distritos de Portugal Continental e a Costa Sul da Madeira estão novamente debaixo de aviso laranja. Portanto, vários locais ultrapassarão os 40 graus de temperatura. Relembre-se que quase metade da área ardida este ano resulta dos primeiros dias de agosto (8.579 hectares de um total de 19.124 hectares ardidos desde o início do ano).
Segundo estatísticas oficiais da UE, mais de 61 mil pessoas morreram no ano passado devido ao impacto do calor anormal. E Portugal surgiu em quarto nesse apuramento, isto é, em 2022 morreram no nosso país 211 pessoas por cada milhão de habitantes. Este número é quase o dobro da média europeia, que se cifra em 114 mortes por milhão de habitantes.
O aquecimento é tema central, todavia entre dezembro e janeiro de 2023 Portugal foi palco de inundações inéditas. Esse evento levou o Conselho de Ministros a declarar as cheias e inundações registadas nesses meses como uma “ocorrência natural excecional”, ativando desse modo medidas de apoio em consequência dos enormes danos causados.
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Por mais esforços que as entidades competentes possam fazer, é a montante e em todos nós que reside a solução. Não há plano B para o planeta.
Tudo o que se está a passar é o resultado da subida da temperatura global em apenas um grau Celsius desde a era pós-industrial. De acordo com o IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas), a manter-se o ritmo atual o planeta aquecerá entre três a quatro graus até ao final do século. Assim, imagine-se os impactos catastróficos de tal possibilidade.
Os dados são muitos e suficientes para perceber que mudar não é uma opção, mas sim uma obrigação. A quem de direito, ficam os votos para que os últimos dias de praia ou férias sejam retemperadores e que esse apaziguamento possa fomentar inspiração a todas e todos os que ainda podem fazer mais pelo único “quintal” de que dispomos.
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1 aAs pessoas só vão mudar quando a água (dos mares) lhes molharem os pé em pleno centro urbano ou quando os fogos (florestais) forem um flagelo constante nas periferias das grandes urbes... Até lá, quer governos como empresas e cidadãos vão "fazer ao faz de conta"...