Mulher, negra e empreendedora

Mulher, negra e empreendedora

Hoje, dia da Mulher Negra Latina e Caribenha eu gostaria de contar uma história. Há alguns meses, um estudante de administração que desenvolvia seu TCC me perguntou porque eu decidi abrir meu próprio negócio. Curioso, mas não me recordo de ter ouvido antes essa pergunta e respondi: “porque não havia oportunidade de trabalho para profissionais de Relações Públicas. Mais complicado ainda sendo uma mulher negra”. Sim, não é (para usar o termo do momento) mi mi mi. O mercado de trabalho é seletista quando envolve gênero e cor da pele. 

“Olha aí a Pepê e Neném”. “Ah, mas não fala que você é negra... você é morena.” E a melhor: “Mas você não vai perguntar para o seu chefe se podemos fechar o trabalho nesse valor?”. E, de verdade, ouvir essas frases me incomodava sim, mas nunca me fizeram recuar um milímetro. Nunca me deixei subjugar ou abaixei a cabeça para qualquer olhar enviesado que insistia em me diminuir pelo fato de ser mulher negra. E não foram poucos.

Certa vez comentei com um amigo advogado e defensor de direitos humanos que toda vez que chegava num ambiente, especialmente esses mais rebuscados, eu procurava observar quantos blacks haviam “para poder me situar”. Ele riu e achou exagero meu. Não é. Sabe por que? Porque, para mim, a frequência ou número de profissionais negros diz muito sobre uma empresa ou local privado. Não me vejo ali, é como se não existíssemos.

Empreender neste país é muito difícil. Quando você é mulher, negra e formada em faculdade do subúrbio, as dificuldades triplicam. Mas perseverança, força de vontade e capacidade ajudam a romper essas barreiras – especialmente quando desenvolvemos um bom trabalho. São 31 anos de vida profissional e 25 deles dedicados à minha empresa – a Target Assessoria de Comunicação um negócio que me realiza como pessoa e como profissional, me conecta a gente de todo tipo e me dá a chance de trabalhar com temas que acredito: direitos humanos, cultura e empoderamento social.

Luto diariamente para me impor – como mulher e negra, driblando o preconceito disfarçado no questionamento do valor do meu serviço ou na minha competência para realizar grandes projetos. Encaro essas situações de cabeça erguida, porque tenho muito orgulho do que sou e o que construí até aqui, criando laços, afetos e um trabalho que me dignifica. 

Que belíssimo trabalho! Impactada!

Aline Macedo

Fotógrafa e Pesquisadora

6 a

Você é inspiradora, Márcia! 

Marcella Sarubi

Jornalista e escritora. Gente que escreve, prepara e revisa.

6 a

minha admiração por vc e seu trabalho. e orgulho de ser sua amiga. sua trajetória e trabalho me inspiram! 

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